
Este quarteto de Manchester nunca imaginou que o seu encontro com Martin Hannett iria mudar o futuro da música. As suas ambições iam para além da mera produção. A sua visão seria fundamental na definição do som que caracterizou este disco. As diferenças entre os singles anteriores e “Unknown Pleasures” são bem evidente. O espaço, o ruído e os efeitos sonoros (gravações de vidro a partir, portas a fechar, passos, etc.) são tão importantes como a estrutura das canções. Na produção envolveu os instrumentos com um rígido eco metálico, e adicionou à bateria de Stephen Morris caixas de ritmos. As canções desdobram-se atrás de barulhos furtivos de emoção e actividade.
As canções de “Unknown Pleasures” fugiram dos “clichés” das letras do “rock” (amor, drogas, juventude, rebeldia, etc), para incluir reflexões sobre tristeza, ódio, desespero, depressão urbana, existencialismo e pessimismo, cujas letras são baseadas nas fabricas fechadas, nas crises económicas, nas consequentes relações desmanteladas, que caracterizavam a Inglaterra no fim dos anos 70.
As dez músicas que constituem o disco são marcos absolutos, qualquer que seja a canção, desde a nervosa dança da morte de “She’s Lost Control”, a chamada pungente de escape, libertação (com o seu magnifico apogeu final) de “New Dawn Fades”, a alternância rítmica que acompanha o imaginário assassinato de “Shadowplay” (que pode ser sumariada na frase “In the Shadowplay acting your own death”), o caminho para o apocalipse de “Insight”, ou a forma como Curtis parece anunciar o fim do mundo em “Day of The Lords”.
Depois temos a estrutura melódica. A voz de Curtis é áspera, profunda e dramática. O baixo de Peter Hook é tratado como o instrumento principal. A percussão/bateria é metronómica. As guitarras são ambientais mas também atacam.
O nascimento da lenda dos Joy Division e um dos documentos do pós-punk. Inigualável na sua perturbante beleza e energia, que ainda hoje soa provocadoramente invulgar e vagamente inquietante. Intemporal. Perfeito.
5 comentários:
Em dia de mais um aniversário, um belo tributo.
E o "Control" está quase aí... Confesso que estou um bocado dividido: ansioso por um lado, receoso por outro.
Uma das coisas que gostei em "24Hr Party People" foi não dramatizar em demasia o "suicide chique" (como Morrissey lhe chama). Quanto a este, a ver vamos...
Abraço
Vamos aguardar, mas sempre teremos a música como consolo :)
Abraço
comprei o unknown pleasures há cerca de 1 ano. registo de grande qualidade essencial em (qualquer) na minha colecção! cmo dizes inquietante, intemporal e perfeito! que venha o filme...
abraço
Pergunta diletante: o que teria sido dos JD e de todo o rock contemporâneo se o Ian Curtis não se tivesse suicidado?
Dá que pensar...
Enviar um comentário