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11 maio 2010

My Favorites # 20 - The Angels of Light – “Everything Is Good Here/Please Come Home” (2003 Young God)

Ao terceiro disco do seu projecto The Angels of Light, e mais uma vez após as experiências com World of Skin/ Skin e The Body Lovers, Michael Gira continua na tentativa de exorcização da tensão criada pelo seu primeiro grupo - Swans - agora que se reinventou como um “shaman” que procura no misticismo e na religião a sua fonte de inspiração.
Apesar de muitas vezes ser inferiormente comparado com os dois registos anteriores do projecto, essencialmente por apresentar um mais variado conjunto de músicas e ser muito menos sufocante do que os referidos discos, aqui as canções conseguem atingir um efeito misterioso e fascinante. As palavras, como sempre, parte fundamental da essência dos The Angels of Light, são acentuadas pelo pulsar da contagiante música e da sua complexa instrumentação.
Está recheado de pequenas histórias tristes, que assentam no contraste que resulta da combinação entre o sombrio e a luz, e ao serem relatadas na voz de Gira, obtêm o efeito de controlo e comando de um capaz líder de um obscuro culto (aqui adjuvado por Devendra Banhart, Siobhan Duffy e o coro infantil de Stratford-Upon Avon). O resultado é deslumbrante pela forma como sugere dor, tensão, escuridão, e até mesmo redenção simultaneamente.
Destacam-se a lúdica, quase infantil melodia da mística “Palisades”, a primitiva, dissonante e obsessiva “All Souls’ Rising”, o sónico esplendor de “Kosinski” com os seus arranjos hipnóticos, a complexa e deprimente “The Family God”, a delicada “What You Were”, a contagiantemente alegre “Sunset Park” com a sua rica textura de vozes a interagir, e a melodiosamente triste “What Will Come” com a sua atmosférica instrumentação.
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26 janeiro 2007

Micah P. Hinson and the Opera Circuit (2006 Sketchbook)

Aproveitando a sua vinda a Portugal, e para quem ainda não conhece a sua obra, Micah canta histórias de tristeza, desespero e agonia, resultantes, no primeiro caso das suas próprias experiências; no segundo, devido a uma dependência de medicamentos, agravada nos últimos anos pela necessidade de aliviar as dores resultantes de um acidente que o deixou impossibilitado de andar.
“Micah P. Hinson and the Opera Circuit” de 2006 é o seu segundo disco, depois de “Micah P. Hinson and the Gospel of Progress” editado em 2004.
Enquanto que “…Gospel of Progress” é o resultado da sua vivência em Abilene, no Texas, e dos seus problemas com as drogas, que o levariam à prisão com apenas 19 anos. Erradamente este trabalho foi catalogado de “free-folk”, talvez pelo facto de ter partilhado os mesmos palcos com Devendra Banhart, que teve em 2005 o seu ano de consagração.
Já “…Opera Circuit” é um disco diferente, um reflexo da alegria e da esperança pelo facto de ter sobrevivido a tudo.
Poderosos arranjos de cordas fornecidos por Eric Bachmann, banjos e bandolins ruidosos, espirais de guitarras panorâmicas, acompanham a voz de Micah, triste e fatigada. Comparações com os Lambchop ou Josh Ritter, são evidentes, mas a combinação das suas histórias com o seu tom de voz faz-me lembrar os primeiros trabalhos de Tom Waits.
O lamento no seu melhor.