30 julho 2007

Summer Songs


B-52’s – “Summer of Love”
Ben Kweller – “Sundress”
Block 16 – “Morning Sun”
Elvis Costello – “The Other Side of Summer”
Flaming Lips – “It’s Summertime”
Hüsker Dü – “Celebrated Summer”
Koop – “Summer Sun”
Marianne Faithfull – “Summer Nights”
Mogwai – “Summer”
Queens of the Stone Age – “Feel Good Hit of the Summer"
Six Organs of Admittance – “You Can Always See the Sun”
Spiritualized – “Lay Back In The Sun”
Sparklehorse – “Knives of Summertime”
Spectrum – “Indian Summer”
The Stranglers – “Midnight Summer Dream”
The Thrills – “Don’t Steal Our Sun”
The Troggs – “Hot Days”
The Undertones – “Here Comes The Summer”
Weezer – “Island in the Sun”
Yo La Tengo – “The Summer”

26 julho 2007

The Detroit Cobras – “Tied & True” (2007 Bloodshot)

O regresso desta banda de “covers” é sempre de saudar, pois desde que os descobri em 2001, e numa carreira de 13 anos, só editaram 4 álbuns.
Criam versões de músicas soul, r&b e rock’n’roll dos anos 50 e 60 (pois são de Detroit), misturando os habituais clássicos com tesouros perdidos, mas transformando-as em exercícios garage-rock/ garage-soul.
“Life, Love & Leaving” (2001 Sympathy for the Record Industry) era esplêndido, quer ao nível conceptual, quer ao nível musical.
Este “Tied & True” (que conta com a contribuição de Greg Cartwright dos Reigning Sound) talvez não seja tão conseguido, no entanto destaques como as versões de “Nothing but a Heartache” (The Flirtations) e “I Wanna Know What’s Going On” (Art Neville), são do melhor que já fizeram.
Em canções como “You’ll Never Change” (Betty Lavett) ou “Puppet On a String” (Gino Washington) aventuram-se em territórios mais sombrios do que a banda alguma vez explorou.
A distinta voz, frágil “femme fatale” de Rachel Nagy é uma mais-valia. Como exemplo, a forma como transformam a versão de “Leave My Kitten Alone” de Little Willie John, que adquire um significado totalmente novo na voz “nicotinada”de Nagy. Em vez do típico cenário do homem que defende a sua dama, esta versão reforma os sexos e as sexualidades, sugerindo uma nova e mais volátil interpretação.
No catálogo da banda, “Tied & True” é outro capítulo na arte de “Be Cool”.

18 julho 2007

Singles # 1 - The La’s – “There She Goes” (1988 Go! Discs)

Uma das canções mais belas de sempre, com as suas harmoniosas guitarras e cativantes letras, vaticinaram o “Britpop” que ainda estava a anos de distância. Apesar de ter sido originalmente editada em 1988, foi com a reedição deste single (e a consequente edição do seu único álbum) em 1990 que este quarteto de Liverpool se tornou numa das mais famosas bandas de “one-hit-wonder”, como os “brits” tanto gostam.
Liderados por Lee Mavers, um perfeccionista, que preferia ter guardadas na sua cave as versões rudimentares e "lo-fi" da suas composições, do que ter editado a versão final que a sua editora lançou, produzida pelo conhecido Steve Lillywhite.
No álbum de 1990, de título homónimo, misturando as melhores partes dos Beatles, dos The Kinks, e dos Who, Mavers compôs simples canções que cantava com uma voz extramamente vulgar e um impecável sentido de ritmo e graciosidade.
O baixista John Power iria formar os Cast, e tentar dar continuidade ao som dos La’s, sem sucesso.
No entanto este disco permanece como uma das mais sólidas referências do “indie-pop”.
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Video

09 julho 2007

Do fundo da prateleira # 4 - Damien Jurado – “Where Shall You Take Me?” (2003 Secretly Canadian)

Com este introspectivo disco, Jurado volta a comprovar que é um dos mais talentosos, deprimidos e sombrios compositores da actualidade.
O som de rudimentares instrumentos acústicos e as influências tradicionais criam uma notória tensão.
Comparações com “Nebraska” de Bruce Springsteen são óbvias, mas não fazem totalmente justiça à original capacidade deste nativo de Seattle.
Pequenas e inquietantes histórias, com ricos detalhes de lugares e pessoas, que tornam a audição mais arrepiante, como um pesadelo que nunca passa, mas estranhamente, neste disco dolorosamente honesto, esta indistinta voz oferece um certo tipo de conforto.
Como exemplificado no tema de abertura, “Amateur Night”, com a voz a ecoar lamuriosamente sobre uma relaxada guitarra acústica, e uma letra sombriamente ambígua. A canção é perfeita e encanta, até que surge uma distorção em fundo, que a torna mais perturbadora, como se aproximasse algo horrível e inevitável.
Mais espantosa é a sincera história de um amor proibido em “Abilene”.
A simplicidade e a delicadeza escondem uma grande tristeza, como em “I Can´t Get Over You”, ou nesse afável hino à vida nas pequenas cidades, que é “Matinne”.
E o disco encerra como começou, só que agora em “Bad Dreams”, sem disfarce, aberto e inconstante.
Se isto é música “folk”, andará mais perto dos mundos de Sparklehorse, Smog ou Cat Power, do que o “british-folk” de influência renascentista.

03 julho 2007

Classic # 6 - My Bloody Valentine - “Loveless” (1991 Creation)

Em “Isn't Anything” (1988) já tinham identificado o projecto sonoro, no entanto o disco tinha como base a experimentação.
Com “Loveless”, Kevin Shields e os MBV expandiram esses sons pegando nos conceitos de “feedback” e “noise”, dando-lhe um sentido de estrutura, harmonia, e uma intensa e bela aproximação atmosférica.
Este conceito é demonstrado na primeira faixa, “Only Shallow”, onde Shields cria uma espiral de melodias, que parece que balança entre os “speakers”, enquanto em fundo, a assombrosa voz de Bilinda Butcher se funde com as outras instrumentações, sugerindo uma multiplicidade de eflúvios possíveis.
A segunda faixa, “Loomer” promove este conceito fundindo as vocalizações com rígidas distorções e uma bateria distante. E na terceira faixa, “Touched”, um instrumental de Colm O’Ciosoig, somos transportados numa viagem surreal, completa de estranhos “loops” e “samplers”.
A partir daqui o disco parece serenar, e Shields começa a tomar mais controlo sobre o som – visível nas guitarras densas e vocalizações celestiais.
Como resultado, “To Where Knows End”, “When You Sleep”, I Only Said”, “Sometimes”, e “Soon” são das mais belas canções da década, com os MBV a criarem um conjunto de temas que simultaneamente oferecem uma experiência desconcertante e perturbadora.
A melodia nunca está esquecida, e as atmosferas sonoras criadas são absolutamente incríveis.
Apesar do som distorcido das guitarras em fundo, nunca é dissonante escutá-lo, é pelo contrário calmante, provavelmente como resultado do uso das Fender Jazzmaster e Jaguars que lhes transmite um som mais caloroso.
As canções confundem-se umas nas outras e todo o disco surge como uma peça de arte, onde a sua coesão é simplesmente persistente, e onde todas as canções ou são praticamente tangíveis ou são inacessíveis.
O “Magnum Opus” dos My Bloody Valentine é um dos discos mais influenciais dos anos 90, um clássico moderno, em originalidade e sedução.