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26 novembro 2009

Pop # 8 - Beachwood Sparks – “Once We Were Trees” (2001 Sub Pop)

Numa primeira abordagem este disco até poderá parecer fácil de descrever, mas escutando-o atentamente, constatamos que já não será assim.
É certo que similitudes serão sempre descortinadas, mas elas também não estão escondidas, pelo contrário, estão bem visível na sonoridade “West Coast” “country-pop” que incorpora o estilo sonoro saltitante de bandas como os The Byrds, os Love ou os The Flying Burrito Brothers - e cujas influências eles nunca negaram – e no facto dela ser intencionalmente sombria, reproduzida por processos e efeitos que utilizam variados métodos “vintage”. Mas neste disco também é visível o facto de explorarem ambiciosamente o alegre e puro psicadelismo mais em comum com os Pink Floyd de “A Saucerful Of Secrets”.
Eles soam verdadeiramente originais e desafiam uma categorização fácil. Produzem uma sonoridade aveludada, com óptimas mudanças rítmicas, magníficos arranjos orquestrais e harmonias fantásticas, assentes essencialmente nas estranhas vocalizações ondulantes, nas impetuosas guitarras e no espectral órgão.
Daí resultam canções incrivelmente contagiantes como “Confusion Is Nothing New”, “The Sun Surrounds Me”, “Let It Run”, “Your Selfish Ways”, ou a surpreendentemente soberba e palpitante versão de ”By Your Side”, original de Sade, que contém uma mensagem lírica que transmite ao ouvinte um sentimento de conforto e esperança, e que assim dá alguma serenidade ao tom carregado mais predominante ao longo deste disco complexo, que certamente se tornará num clássico intemporal.
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14 julho 2008

Minilogue – “Animals” (2008 Cocoon)

Um surpresa que chega de Malmo na Suécia. Marcus Henriksson e Sebastian Mullaert apresentam-nos um duplo CD (belíssimo “digipack”) – 26 faixas, 154 minutos de música. E apesar de que o título ou a duração do disco, me fizessem pensar nos Pink Floyd ou no rock progressivo dos anos 70, felizmente estamos muito longe.
O disco divide-se em duas partes deliberadamente diferentes, a primeira repleta de vacilantes “bleeps” e “beats”, é uma viagem pelos caminhos do “minimal techno”, reminiscente da segunda geração de Detroit, mas apimentada com temas que desobedecem a esse padrão musical, de uma forma ameaçadoramente inventiva e que fazem com que o disco circule por outros caminhos. Assim temos ecos de “jazz” e “funky-house” em “Loud”, vibrantes ritmos “dub techno” em “Hitchhiker’s Choice” e “electro” em “Giant, Hairy Spiders”. E que chegam a atingir a perfeição no brilhante “33.000 Honeybees” e os seus vigorosos padrões rítmicos.
O segundo disco deveria funcionar como uma suposta peça de música ambiental contínua, que deambula livremente, pois cada estrutura sonora cuidadosamente construída encaixa na próxima, mas que poderiam ter sido realizadas cada por uma diferente banda. Mas aqui o titulo “ambiente” é enganador pois quem esperar “ambient pop” ao estilo de Brian Eno ficará desapontado, pois para todas as longas espirais de sintetizadores ou delicados dedilhados de guitarra acústica, existem complexas melodias que se misturam intimamente com oscilantes “beats” reminiscentes dos Boards of Canada ou dos Global Communication.
Um disco corajoso e aventureiro, sem medo em avançar para novos terrenos, e que será difícil de esquecer.
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10 janeiro 2008

Inovadores # 5 - A.R.Kane - “69” (1988 Rough Trade)

Quando os A.R.Kane participaram em “Pump Up the Volume”, a sua contribuição foi mínima, no entanto, no lado B do referido tema, criaram “Anitina”, onde já demostravam o rumo que pretendiam seguir.
Só a forma como o disco começa, com o estranhamente cativante “Crazy Blue”, é um pronuncio do que se segue. Pois estamos perante um exercício ecléctico, alucinogénico e experimental, cujo resultado são canções extraordinárias, com letras alucinantes, do calibre da refrescante “Baby Milk Snatcher” com as suas referências ao sexo oral, ou da cristalina fantasia que é “Spermwhale Trip Over” e os seus delírios obtidos através dos efeitos do LSD. Na balbuciante agregação de sons de “Sulliday” atingem o limite máximo da incompreensível experimentação.
Da combinação da voz única de Rudi Tambala, com os instrumentos de Alex Ayuli, através da utilização de som e texturas que relembram os experimentalismos dos pioneiros do rock psicadélico dos anos 60/70, com elementos adicionais do indie-pop dos anos 80, resulta uma sensual atmosfera imersa em reverberatório feedback, onde muitos temas podem não ser considerados canções, mas “sarrabiscos” sonoros.
Foram comparados com os The Jesus and the Mary Chain, Cocteau Twins (Robin Guthrie co-produziu alguns temas anteriores) ou até com os Pink Floyd (fase Syd Barrett). E posteriormente, também seriam considerados como percursores do “shoegazer”.
Os registos seguintes (“i” e “New Clear Child”), são satisfatórios, mas falta-lhes a profundidade deste disco.
Aqui criaram um disco inventivo e verdadeiramente elíptico.