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29 julho 2009

Inovadores # 13 - Neu! – “Neu! 75” (1975)

Provalvelmente, e em conjunto com os Can e os Faust, os Neu! foram os melhores representantes do “krautrock”. Este exemplar notável, é tal como os dois discos anteriores, um trabalho fascinante e que ainda hoje não soa datado. Mas este foi também o álbum onde deixaram completamente de lado a sua componente mais abstracta, que dominou os dois primeiros discos, e incorporaram melodias e ritmos mais estruturados, tornando-o no mais consistente e mais audível.
Criado após uma separação inicial, a reunião resultou num esforço esquizofrénico, onde belas texturas sonoras e ruído, se fundem com guitarras flutuantes e uma percussão rítmica verdadeiramente única para criar no ouvinte um efeito verdadeiramente hipnótico.
O disco divide-se entre a abordagem mais ambiental e minimalista de Michael Rother e o “rock” abrasivo e impetuoso infundido pelo demente Klaus Dinger (e a sua irresistível batida repetida conhecida como “motorik”). A primeira parte, mais sedativa e mais melódica, inclui os sedutores e melodiosos teclados de “Isi”, a derivante imponência de “Seeland”, e a quietude hipnótica de “Leb Wohl” é de Rother, e onde estão ausentes as usuais e regulares batidas de bateria. Já a segunda parte é toda de Dinger (onde ele geme e grita), e está recheada de guitarras inflamáveis e ondulantes, e estranhos efeitos electrónicos, que criam paisagens sem expressão, evidenciadas no “proto-punk” de “After Eight” ou no agressivo “Hero”.
Mas o resultado final demonstra que apesar das diferenças globais entre Rother e Dinger nas suas abordagens sonoras e mesmo nas suas personalidades, eles conseguiam produzir em conjunto alguma da melhor música de sempre. Deixaram-nos três registos altamente originais e sem precedentes, e exerceram uma enorme influência em muita da moderna música alternativa, desde o “punk”, passando pelo “techno” de Detroit até ao pioneiros “lo-fi”. E isso é evidente nas várias referências proferidas por gente tão diversa como por exemplo, John Lydon , Negativland, Stereolab, Spacemen 3, Add N To X ou Wire.
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15 junho 2007

Classic # 5 - P.I.L. - “Metal Box” (1979 Virgin)

Com o fenómeno punk em declínio, John Lydon estava desencantado e saturado, pois na senda do sucesso dos Sex Pistols, aparecerem muitas pretensas bandas punk, que pouco tinham em comum com o ideal punk. E claro estava no início a longa batalha legal entre Lydon e Malcolm McLaren.
Lydon decidiu que estava na altura de fazer algo diferente. Os Public Image Ltd eram diferentes, muito diferentes.
Após o relativo sucesso do primeiro disco “First Issue”, Lydon continuou a levar a música para outras direcções, e com “Metal Box”, o segundo disco, conseguiu-o, brilhantemente.
Muitas das canções em “Metal Box” são criticas sociais e políticas, algumas referem os seus dias nos Sex Pistols, e mais especificamente como eram explorados e a forma com era esperado que eles “actuassem” não só no palco, mas também como uma espécie de circo ambulante. Lydon não queria nada disso nos P.I.L. E logo no primeiro tema do disco (“Albatross”) encontramos essas referências.
O que distingue este disco é a sua unicidade, e a combinação de 3 factores: a voz distinta de Lydon, as guitarras metálicas de Keith Levene, e o baixo de Jah Wobble, que é a força dominadora deste álbum.
Essa unicidade é evidente e poderá ser entendida ao escutar-se seguidamente a triologia "Memories”, “Swan Lake” e “Poptones”.
Ao ritmo baixo/bateria de “Careering” existe um acompanhamento de um teclado que parece emitir sons retirado de um filme de ficção científica série b. Essa mesma sensação parece estar evidente na vocalização de Lydon em “No Birds”.
Seguem-se duas canções favoritas: “The Suit” conduzida pelo baixo, e um ritmo de bateria simples, mas é a forma monótona de cantar de Lydon que torna o tema sombrio e ameaçador; e “Bad Baby” , também essencialmente comandado pelo baixo, e o com o regresso das teclas alienistas, é um perfeito exemplo da já referida unicidade, onde tudo está perfeitamente em harmonia e sincronia, até a voz de Lydon.
“Socialist” é um instrumental “up-tempo”, que contrasta com o desarticulado “Chant”, onde Lydon usa as repetitivas palavras: “love, war, kill, hate”. E esta canção efectua outra radical transposição para o ultimo tema “Rádio 4”. E como é difícil descrever “Radio 4”, só mesmo ouvindo este tipo de exercício de musica clássica ao estilo P.I.L.. Uma excelente maneira de acabar o disco.
Classificar a música dos P.I.L. e em particular este disco, é impossível, pois não se encaixa em nenhum género, apesar de já ter sido referenciado como uma mistura de “dub-reggae” e “krautrock”.
E para suportar a minha opinião de que esta música não é classificável, quem me explica como é que no meio dos discos de vinil ou nas caixas de CD (conforme seja o caso da edição original ou da reedição em CD), se consegue guardar uma caixa de metal!?!