
Ao longo dos anos, o grupo “pós-rock” de Chicago, sempre se manteve fiel ao seu rumo.
Composto pelas guitarras e vocalizações aspiradas de Sam Prekop, pelo baixo de Eric Claridge, pela complexa percussão de John McEntire e pela guitarra tensa de Archer Prewitt, os S&C, insistem na mesma mestria ao longo da sua carreira.
O seu sexto disco, “One Bedroom” (que para mim será o mais conseguido), por um lado relembra a pop cintilante das bandas da Postcard, por outro as influencias “motorik” dos Stereolab. A voz suave, mas elevada de Prekop combina com o som “jazzy” criado pela banda, que ao introduzir sintetizadores retro, uma complexa electrónica, e o serpentear das guitarras, cria um som atenuante, mas perfeitamente melódico.
Provavelmente menos “jazzy” do que por exemplo “Oui”, é no entanto mais definido.
“Four Corners” e “Left Side Clouded” são do melhor que produziram, sedativos e melancólicos, com o tilintar das guitarras e um rude, mas melódico baixo, superiormente quebrados pela distorção. O ritmado “Hotel Tell” utiliza os atributos de programação de McEntire, nos sóbrios, mas irresistíveis batimentos da caixa de ritmos.
O destaque do álbum é a perfeita versão de “Sound And Vision” de David Bowie. Exuberantes arranjos estruturadamente ricos em detalhes são perfeitos para o agridoce logro de Bowie.
Ao longo do disco, encontramos uma música delicada e perfeita. Em contraste com a aparente casualidade das letras, a música é perfeitamente esculpida à volta das vozes. A produção é tão delicada e os arranjos tão bem trabalhados e cheios de detalhe que é impossível não ficar-mos totalmente seduzidos por este elegante e descerrado disco.
Hoje - 23H00 - O Meu Mercedes é Maior que o Teu