19 agosto 2008

Covers # 5

Em mais uma pesquisa pela prateleira à procura de versões perdidas por lados B, Peel Sessions, colectâneas e compilações, identifiquei alguns discos onde se incluia esta versão de uma canção original de Dolly Parton. Tive tanta curiosidade que até fui tentar descobrir o porquê de tanta atenção dada a esta canção.

Desde os One Dove neste lado B do single "Why Don't You Take Me":


Passando pelos The Sisters of Mercy nesta Peel Session perdida:


E incluindo as Strawberry Switchblade (ainda alguém se lembra delas?), que chegaram mesmo a editar a canção em single no ano de 1985:

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Finalmente uma das últimas aquisições, foi apenas com a intenção de poder acrescentar esta versão à colecção:

13 agosto 2008

Rock # 5 - fIREHOSE - “Ragin’, Full-On” (1986 SST)

Apesar da mágoa resultante da morte do seu companheiro nos Minutemen - D.Boon - George Hurley e Mike Watt foram obrigados a regressar à luta, após um jovem fã chamado Ed Crawford (ou Ed Fromohio) ter viajado desde o estado do Ohio até à Califórnia, para lhes prestar tributo e convence-los a tocar com ele.
Os fIREHOSE faziam um som menos engrenado do que os Minutemen, mas com a mesma energia “rock-punk-funk”, no entanto as composições eram mais expansivas e destacava-se a impressivamente ardente tonalidade vocal de Crawford (totalmente diferente de D.Boon). Excelentes músicos, todos contribuíram conformemente para este disco, que transmite a sua plena capacidade de harmonização. Ritmicamente complexo, mas melódico, possante, mas inspirador, o título do disco descreve perfeitamente o conteúdo do mesmo.
Seja nos agitantes e infecciosos ritmos de “Brave Captain” ou “Chemical Wire”, na irresistível batida “punk-funk” de “Relatin’ Dudes To Jazz”, ou na intensa melancolia “folk” de “Candle And The Flame” e “Things Could Turn Around”, eles nunca iriam melhorar a pura arte de escrever canções deste convenientemente intitulado e coesivo disco de estreia.
D. Boon certamente ficaria orgulhoso.
Aconselho ainda “If’n”, menos incendiário que este, mais “rock-funk” e “fROMOHIO”, com uma sonoridade mais “americana”.
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11 agosto 2008

Electronic # 4 - Bola – “Soup” (1998 Skam)

Fui completamente arrasado com a beleza deste álbum, que na altura se revelou uma experiência musical totalmente reconfortante.
Darrell Fitton esconde-se neste projecto que habita o mesmo universo musical de Boards Of Canada, Autechre, Gescom ou Plaid, entre outros. Mas aqui, e ao contrário da química digital de uns Autechre, ou das fantasias caricaturistas dos Plaid, “Soup” toma uma abordagem mais subtil e delicada.
É um disco liberto de muita da ornamentação e processamento tão popular na música electrónica, confiando antes nos formosos arranjos e em puros e calorosos sons.
Notável é a sua capacidade de combinar elementos da música ambiental com as formas mais elementares da música de dança. Ao pegar em modelos da música ambiental como os tradicionais sons de sintetizadores e arranjos de cordas e assentá-los em sólidos blocos estruturais recheados de caixas de ritmos e um vastamente intenso, esplêndido e absolutamente crucial baixo, que cobre tudo o resto como um manto, e assim ricos, dóceis, suavemente melódicos sons servem de base a belas, hipnóticas e futuristas harmonias.
Desde o tremendo e alienado tema de abertura “Glink”, passando pelas soberbas melodias de “Forcassa 3”, e pela desconcertante beleza do épico “Aguilla”, o grande momento do disco.
Um clássico do género, que deverá ser colocado ao lado de “76:14” dos Global Communication, “Music Has The Right To Children” dos Boards Of Canada ou “Music For Airports” de Brian Eno. _

Bola - Aguilla

08 agosto 2008

Do fundo da prateleira # 11 - Sunny Day Real Estate – “How It Feels To Be Something On” (1998 Sub Pop)

Ainda dentro das comemorações dos vinte anos da Sub Pop…
Os devotos dos Sunny Day Real Estate podem discordar de que este não é o melhor disco que a banda de Seattle gravou. Mas “How It Feels To Be Something On” é um disco panorâmico, que nos consegue manter suspensos, e o primeiro dos três que não necessita de um predisposição emocional da parte do ouvinte. E os Sunny Day sempre foram conhecidos pela sua habilidade de proporcionar emoções fortes – as letras ocultas do seu disco de estreia “Diary”, supostamente salvaram vidas, e as do álbum homónimo póstumo de 1995, conhecido como “Pink Release”, receberam interpretações ardentes dos fãs. Em “How It Feels To Be Something On”, o quarteto (que aqui se tinha reunido novamente) revela mais dos próprios do que alguma vez o tinham feito, elaborando líricos temas de amor, perda e espiritualidade através de extensas referências musicais, desde o pop modal da costa oeste ao “art-rock” da costa este.
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Sunny Day Real Estate - The Days Were Golden

06 agosto 2008

My Brightest Diamond – “A Thousand Shark’s Teeth” (2008 Asthmatic Kitty)

Shara Worden está de regresso com o seu projecto My Brightest Diamond, e mostra uma grande evolução do primeiro disco, “Bring Me The Workhorse” de 2006, pois este é muito mais ambicioso, com um maior recurso à experimentação e uma maior utilização de instrumentação, sendo meticuloso em todos os detalhes, realçando a sua violência emocional.
Podem ser evidentes as influências de Kate Bush ou Bjork, mas são essencialmente pelo uso de secções e versos não repetitivos. Pois o que a torna distinta é que a sua música a posiciona como uma digna adição ao rol destas, nunca existindo a impressão de ser uma cópia inferior.
Inicialmente destinado a ser um disco de apenas instrumentos de corda, a sua vontade e prontidão de se focar noutros instrumentos, faz com que ao se acompanhar de extraordinários músicos, esta pianista com formação clássica, crie uma poderosa e eficaz instrumentação.
Mas se a instrumentação é brilhante, é a sua voz soberba e rara, habilidosa e comovedora, que impele o disco, atingindo o apogeu na decidida “Inside A Boy”, apoiada numa vacilante linha de guitarra e uma elegante secção rítmica; na frágil “Ice And The Storm” e os seus emotivos arranjos; na estranha, mas todavia bela “Apples”, com o seu amora “bossa-nova”; na etérea e atmosférica “To Pluto’s Moon”; até ao brilhante final em “The Diamond”, que é uma encruzilhada de todos os estilos presentes no disco.
Um incomparável universo de fantasia.
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05 agosto 2008

Paredes de Coura - 01.08.08

The Rakes – um concerto interessante, ainda com o pôr-do-sol como companhia, o que nem sempre ajuda. Mas a capacidade do vocalista Alan Donohoe de interagir com o público e uma grande fome de palco, permitiu que criassem uma excelente dinâmica na interpretação das canções mais conhecidas como “We Danced Together” ou “22 Grand Job”.

The Sounds – visualmente o espectáculo foi dominado pela forte presença da vocalista e os seus curtos calções. Uma actuação onde a forte sexualidade exibida tentou apagar alguma falta de consistência vocal. De resto apenas o prazer de ouvir essas reciclagens da “new wave” como “Painted By Numbers” ou “Tony the Beat”.

Editors – actualmente já são uma banda que recebe um grande carinho e apoio em Portugal, e demonstraram que não desiludem sempre que pisam os palcos nacionais.
Muito seguros em palco, destacou-se a exuberância do vocalista Tom Smith e a brilhante performance de Chris Urbanowicz na sua Rickenbacker. Exibiram-se a um excelente nível e contagiaram o público, chegando a atingir momentos arrebatadores nas canções mais conhecidas como “Blood”, “Bones”, “All Sparks”, “An End Has A Start”, “Fingers In The Factories” “Bullets”, “Smokers Outside The Hospital Doors”, “Munich” ou “The Racing Rats”.

Primal Scream – Confesso que estava preocupado, pois numa primeira audição, o último disco (“Beautiful Future”) não me tinha convencido. Mas após umas repetições já começava a entrar, e seria aqui, em palco, que essa ideia se dissipou. Pois Bobby Gillespie e companhia, numa prestação muito ecléctica, apesar de mais centrada nos temas mais “rock’n’roll”, demonstraram como se consegue conquistar um público que na sua maioria não conhecia a fase mais experimental dos PS. Numa noite fria (Gary “Mani” Mounfield, grande presença no baixo, ainda perguntou o que se passava com o tempo), abriram o concerto com muita garra através de “Can’t Go Back”, seguiram-se bons momentos com “Dolls”, “Miss Lucifer” e “Suicide Bomb”. Mas penso que foi a partir da surpreendente e notável prestação de “Beautiful Future” (caiu-me bem melhor ao vivo), que conseguiram definitivamente agarrar o público e perspectivar um “belo futuro”. Atingiram o ponto alto na trilogia de “XTRMNTR”: “Kill All Hippies”, “Shoot Speed /Kill Light” e na energicamente viciante “Swastika Eyes”. E com o público já rendido, não baixaram o ritmo, e prosseguiram magnificamente com “Movin’ On Up” (arrepiante, nesta altura já estava rouco), “Country Girl” e “Rocks”. Apenas um senão, faltou um “encore”, para ouvirmos “Higher Than The Sun”.

Ainda fui até ao palco secundário ouvir os putos These New Puritans, que foram uma boa surpresa, pois estivem muito concentrados e não comprometeram na apresentação do seu disco de estreia, “Beat Pyramid”.