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13 janeiro 2010

Pop # 9 - Belle And Sebastian - “If You’re Feeling Sinister” (1996 Jeepster)

“If You’re Feeling Sinister” é, na minha opinião, onde encontramos o mais forte conjunto de canções alguma vez criado pelos Belle And Sebastian. Mais melancólico, complexo e sofisticado, do que por exemplo “The Boy With The Arab Strap”, aqui criam uma “pop” perfeitamente arrebatadora e melódica, maioritariamente assente em guitarras acústicas ou guitarras eléctricas límpidas.
Composto de formosas canções, que contam histórias únicas - às vezes opinativamente, às vezes introspectivamente – relatadas pela fantástica visão surreal da vida cotidiana que Stuart Murdoch têm.
As vozes suaves e a dócil música podem enganar, pois existe aqui pouca inocência. Ouçam atentamente as memoráveis letras, subtis e sarcásticas, impregnadas de um elevado (embora bem negro) sentido de humor.
Desde a épica, intemporal e fantasticamente cómica “The Stars of Track And Field”, passando pela espiral de piano presente em “Seeing Other People”, pelos gentis e alucinogénicos arranjos de “Like Dylan In The Movies” , pelo belo hino metafórico “The Fox In The Snow”, pela notável “Get Me Away From Here, I’m Dying”, pelo delicado e disciplinado dedilhar visível na extraordinária “If You’re Feeling Sinister”, até concluir com a distinta “Judy And The Dream Of Horses”.
O facto de serem originários de Glasgow, e descenderem de uma estirpe que remonta a bandas como The Pastels ou Orange Juice, ajuda a compreender as suas origens, mas também podemos visualizar a inigualável melancolia de um Nick Drake ou mesmo algumas influências dos Tindersticks.
E o melhor é que podemos escutar repetidamente o disco, e descobrir sempre algo novo, e são estas pequenas coisas inteligentes, perspicazes, poéticas que nos fazem sentir melhor.
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15 dezembro 2008

My Favorites # 12 - Iron & Wine – “The Creek Drank The Cradle” (2002 Sub Pop)

Este disco foi editado numa altura em que existiu um verdadeiro redescobrimento da música “folk” por parte do “underground” americano. Tivemos também os PG Six, Jack Rose, Six Organs Of Admittance, Joshua Burkett, etc, cada um utilizando fundamentos semi-baseados no ”folk” para transportar os ouvintes a um lugar especial. O que me chamou a atenção nos Iron And Wine”- um projecto de Sam Beam - foi o facto de a sua performance ser desprovida e descontraída com uma abordagem simples. Os “riffs” que ele exerce nas guitarras acústicas, eléctricas, banjos, etc, são tão directos como as mais singelas composições de uns Pearls Before Swine. Isto dá a sua forma de tocar uma emoção instantânea que nem todos os seus contemporâneos possuem.
O conteúdo lírico de “The Creek Drank The Cradle” é personalizado no método daqueles que estudaram os discos de Nick Drake, mas a atmosfera aqui é maduramente americana. Como o título do disco deixa explícito, Beam estava familiar com o peso icónico de certas palavras numa era onde se redescobriu o trabalho antológico de Harry Smith. Outras distintas influências americanas no seu trabalho são igualmente oferecidas sem pretensão. O encanto das suas melódicas composições e a sua entrega lançam sopros quer de David Crosby quer dos primórdios de Paul Simon, duas referências que são uma anátema para alguns, excepto os conscientes estudantes da tradição “folk” americana.
Para além de todas estas referências, o que torna este disco tão cativante é a combinação invulgar de elementos. A sua forma gentil e vacilante arrasta-me para as suas profundezas de cada vez que ouço. A forma como a gravação “lo-fi” combina com a mesmérica qualidade da guitarra circular e a sussurrante vocalização criam uma rara atmosfera holística.
Curiosamente, estranhei que um disco como este fosse editado numa editora associada a um tipo muito específico de “rock”. Mas é mais excitante pensar que a velha guarda do “underground” estava/está a expandir a sua mente para conter tudo o que é digno – independente dos géneros. Como deve ser.
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Iron & Wine - Southern Anthem