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23 fevereiro 2009

Inovadores # 12 - Silver Apples – “Silver Apples” (1968 Kapp)/ “Contact” (1968 Kapp)

Alan Vega dos Suicide costumava citar o nome dos Silver Apples como a principal influência para as suas estranhas psicoses sonoras. Nada soava como os Silver Apples quando o duo apareceu em 1968. Era uma rígida, embora pulsante e hipnotizante apropriação do “rock” para além dos seus limites. Se bem que o apetite pela experimentação inevitavelmente conduziu muitos grupos a introduzir instrumentos electrónicos, foram os SA, que desde o princípio, ousaram abandonar todos os outros instrumentos para estender e capturar o som do futuro.
Simeon Coxe deixou Nova Orleans com 21 anos para tentar a sua sorte como pintor em Nova Iorque. Mas um encontro casual com o compositor Hal Rodgers, iria mudar o seu rumo. Este mostrou-lhe o “oscillator” que tinha ligado ao seu equipamento “stereo”. Era a primeira vez que Coxe via de perto um instrumento electrónico, e ficou totalmente fascinado pelos sons alienados que produzia. Posteriormente Coxe adquiriu o instrumento, que iria costumizar e que viria a ser a base do futuro som dos Silver Apples.
Antes ainda teve algumas experiências com outros grupos, que se foram distanciando de Coxe pelo facto de este querer introduzir gradualmente mais electrónica, até que um dia ficou sozinho com o baterista Danny Taylor, que tinha tocado com Jimi Hendrix e por isso não era facilmente perturbado por ruídos antinaturais, e ambos decidiram formar os SA.
O seu primeiro disco foi editado por uma pequena editora chamada Kapp em 1968, suportado pela surpreendente capa prateada com o recorte de duas maças a negro. A música era uma unicamente híbrida mistura de dinâmicas “rock” - cortesia da sintonizada bateria de Taylor - de caprichosa electrónica e de poesia fornecida por vários conhecidos da banda. Para o segundo disco tiveram acesso a um estúdio de 24 pistas, com uma mesa de mistura que se parecia com a consola de um avião. Isso seria espelhado em tom de brincadeira na capa do disco, onde aparecem fotografados dentro do “cockpit” de um avião real da Pan Am.
Mas seria também o inicio do fim, a companhia aérea ameaçou avançar com uma acção judicial, a que se seguiu um conflito com o agente da banda relacionado com dividas contraídas, que iria impedi-los de actuar ou gravar, e que eventualmente acabou com a banda.
No final do século passado surgiu um interesse pelo trabalho do grupo através de tributos prestados por gente como Xian Hawkins, Flying Saucer Attack, Third Eye Foundation e Spacemen 3. E chegaram a gravar um disco mediano com Steve Albini, mas é neste dois discos que está um importante capítulo da evolução musical.

16 novembro 2007

Do fundo da prateleira # 6 - Flying Saucer Attack – “Flying Saucer Attack” (1993 VHF Records)

O título alternativo do disco de estreia dos FSA (também conhecido como “Rural Psychedelic”), já diz praticamente tudo.
Claramente inspirados pelos My Bloody Valentine e pelos místicos “krautrockers” Popol Vuh, mas sem possuírem a qualidade de equipamentos e estúdios dos mesmos, os FSA contudo aspiraram ao som denso e envolvente dos MBV.
Iriam ser responsáveis por influenciar inúmeras bandas “shoegazer” a tornarem-se “stargazer” com as suas suaves guitarras e melodias melancólicas. Eram originários de Bristol, de onde surgiram, entre outros, os Third Eye Foundation e Movietone.
O que poderia soar ou parecer a um tipo de engano, é realmente uma elaboradamente estruturada nova expressão musical. Uma combinação singular de melodia e som, cujo objectivo parece ser a exploração de novas regiões e paisagens sonoras.
A produção “lo-fi” realça a aspereza das canções. E nas vocalizações existe um esforço de fazer com que as palavras fluam tranquilamente com a música.
Mas se temas como “My Dreaming Hill” ou “Wish” evocam claramente os MBV, os FSA tentar afastar-se desse território, ao aventurarem-se também no “free-jazz” em “Moonset” ou na pura experimentação ambiental em “Still”.
Ecos dos FSA podem ser descortinados nos trabalhos dos Bardo Pond ou dos Godspeed You Black Emperor.
Um disco fundamental da “dream pop” dos anos 90.