Mostrar mensagens com a etiqueta Black Dice. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Black Dice. Mostrar todas as mensagens

02 maio 2008

Fuck Buttons - “Street Horrrsing” (2008 ATP)

Numa primeira impressão, este duo não está a fazer nada de novo. Mas se prestarmos alguma atenção eles estão a pegar em barulhos estranhos e a misturá-los energicamente com um punhado de esplendorosos padrões sonoros, para criar algo verdadeiramente novo, e que se torna mais cativante a cada audição.
Podíamos efectuar comparações com os Black Dice, por exemplo, mas existe aqui um equilíbrio cirúrgico que mais ninguém conseguir realizar. É “noise”, mas virtuoso, intenso, inteligente e apocalíptico.
O facto de terem gente como Bob Weston (Shellac) ou John Cummings (Mogwai) na masterização e produção, certamente ajudou. São seis temas que se estendem em cerca de cinquenta minutos, e apesar de repetirem alguns artifícios, continuam a ser cativantes, nunca atingindo a redundância.
A resplandecente “Sweet Love for Planet Earth” dá o mote, e prepara-nos a mente, com a longa introdução de harmoniosos sons refractores, antes do massivo e deformado baixo e as vozes lutarem entre si, ao longo de nove claustrofóbicos minutos. Seguem-se momentos brilhantes como o tribal “Ribs Out”, construído a partir de uma divertida percussão, ou o sónico “Okay, Let’s Talk About Magic”. Até encontrarmos “Bright Tomorrow” que derrama uma batida “house” directa sobre melodiosas texturas criadas por um indistinto órgão e outros efeitos, até culminar num clímax que é simultaneamente brutal e arrepiantemente belo.
Para os interessados em música verdadeiramente inovadora.

24 maio 2007

DVD # 1 – “Kill Your Idols” (2004 Palm)

Não estamos perante um documentário típico. “A documentary on thirty years of alternative NYC rock 'n roll” era o objectivo.
Scott Crary compila entrevistas com os pioneiros do movimento no-wave e post-punk, e tenta efectuar a ligação do movimento com bandas contemporâneas. A ponte é efectuada pelo grupo que provavelmente uniu os movimentos – os Sonic Youth.
Gravado nas ruas e em apartamentos de Nova Iorque (para além de incluir filmagens originais de actuações em pequenos clubes), em vez de utilizar os tradicionais estúdios de gravação, leva-nos a meditar/reflectir sobre as noções de nostalgia, tempo, tendências e a história da música.
A primeira parte retrata os fins dos anos 70/ princípios dos 80, com elementos de bandas como Suicide, DNA, Theoretical Girls, Teenage Jesus & The Jerks, Swans, a contarem-nos a forma caótica como levaram o punk até aos extremos, ao contrario de outras bandas nova-iorquinas mais “populares” como os Ramones ou os Dead Boys.
Era “anti-music”, atonal e extrema, mas muito mais de acordo com a ética punk de quebrar a barreira entre o artista e a audiência.
Por várias razões, o post-punk/no-wave está novamente na moda, e na segunda parte, saltamos até ao presente, onde encontramos uma selecção de artistas (Yeah Yeah Yeahs, Liars, Black Dice, Gogol Bordello) que se relacionam com essa estética, mas também com todo o contexto musical e cultural do fim dos anos 70/princípios dos anos 80. Eles falam sobre essas influências e sobre as tendências actuais em Nova Iorque.
Interessantes são os comentários dos veteranos sobre os mais novos. Em particular Lydia Lunch, que afirma que estes últimos nada acrescentam e apenas se aproveitam do “hype” em redor do revivalismo criado. Mas, felizmente, o documentário não incide na perspectiva “nova cena versus velha cena”.
As duas gerações estão em contraste; na primeira, a alienação, os riscos, a originalidade e o zero em reconhecimento. Muito diferente da actual que consegue elevar os Strokes para estatuto de superestrelas mesmo antes de ouvirmos a sua música.
Este documentário não diz o que devemos pensar, mas obriga-nos a pensar.