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14 outubro 2010

Pop # 15 - The Delgados – “Peloton” (1998 Chemikal Underground)

Antes de chegarem a "The Great Eastern", os The Delgados progrediram brilhantemente do “trash-pop” influenciado pelos Sonic Youth de “Domestiques” (1996) para uma mais detalhada palete sónica em “Peloton”, adicionando flautas, ao estarem recheados de quartetos de cordas e ao incluir o ocasional “sample”, fazendo com que cada canção tivesse arranjos verdadeiramente únicos. E se a isso juntarmos o facto de Emma Pollock e Alan Woodward ao alternam as vocalizações, fazem com que os seus sedutores tons celestiais tenham um efeito paliativo sobre o ouvinte.
O processo de aprendizagem que os levou de um extremo para o outro, desdobra-se diante dos nossos olhos. Os primeiros temas são particularmente bons exemplos – em “The Arcane Model” e especialmente na esplêndida “Everything Goes Around the Water”, existe uma fusão entre o deslocado “pub rock” de “Domestiques” com o estranho tom de suavidade aveludado da sua música posterior.
Pollock surge magnífica nos tons melodiosos da suave “The Actress”, e na viçosa e mágica “Pull The Wires From The Wall” a sua contribuição é particularmente impressionante. A presença da guitarra acústica e do violoncelo na introdução faz evocar Kristen Hersh, mas há também uma pitada de Marianne Faithfull na assustada mas avaliada entrega de Pollock. Mais emocionante ainda é “Blackpool”, um sinistro relato em que as alterações dos tempos são negociados por uma bizarra acrobacia fonética que encanta e confunde o ouvinte. E o francamente mental “Repeat Failure” que soa como se os My Bloody Valentine estivessem a massacrar os Belle And Sebastian, escutado através de um exausto rádio de onda curta.
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09 fevereiro 2009

The Phantom Band – “Checkmate Savage” (2009 Chemikal Underground)

O disco de estreia deste sexteto de Glasgow é um assimétrico trabalho de génio, um disco corajosamente ambicioso e verdadeiramente inclassificável.
A Chemikal Underground é uma casa genuína para os resultados aqui apresentados, pois encaixam perfeitamente no lado negro do movimento “indie” escocês condensado pela editora (Arab Strap, Mogwai), e que aqui parece ter encontrado uma banda seminal para revitalizar o seu futuro, pois apesar das canções serem divertidas e relaxadas, existe uma subtil tonalidade sombria que domina.
A versatilidade da banda é impressionante e torna as comparações difíceis, mas entre muitos outros, podemos encontrar semelhanças no dissimulado “folk-rock” dos compatriotas The Beta Band. Experimentam com sons e texturas, mas todo é feito ao serviço da melodia. Podemos afirmar que dividem uma ética “punk”, com uma estética desavergonhadamente “pop”.
Apesar das suas óbvias predilecções para experimentações sonoras, a produção polida de Paul Savage, antigo elemento dos The Delgados, amacia as partes ásperas.
Desde a mais directa arrebatadora “The Howling” com as suas perfeitamente posicionadas golpadas de guitarra e ansiosa melodia, passando pelo ruidoso “pop” psicadélico de “Folk Song Oblivion”, pelo assustador “krautrock-disco“ de “Left Hand Wave”, pelos hermeticamente disciplinados “beats” do frenético “Crocodile” (simultaneamente melancólico e alegre), até ao formidavelmente belo “Island”, onde as harmoniosas guitarras e o distinto coro revelam-se genuinamente comovedores.
Tudo isto resulta num trabalho com um preciso sentido de excentricidade, jovialidade e irrequietude.
Infelizmente não vem de Brooklyn senão seriam já candidatos ao disco do ano.
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04 fevereiro 2009

Editoras # 4 - Chemikal Underground - Uma Selecção







Mogwai – “Young Team” (1997)
Arab Strap – “Philophobia” (1998)
The Delgados – “The Great Eastern“ (2000)
The Radar Brothers –“And The Surrounding Mountains” (2002)

Os primeiros discos editados pela Chemikal Underground relembraram-me da ética da Postcard.

A Chemikal Underground sempre foi vista como a “pateta” prima teenager do rock britânico – e a sua singular petulância apenas reforça essa ideia (ainda se lembram daquelas t-shits utilizadas pelos Mogwai com o dizer: “Blur Are Shite). Na verdade, isso é apenas metade da história. Pois o catalogo inicial da editora escocesa pode ser imperfeitamente dividido em duas distintas categorias: o “pop” acústico facilitado pelos fundadores da editora, The Delgados, e o melancólico experimentalismo condensado pelos Arab Strap.
O disco de estreia dos Mogwai, “Young Team”, encaixa na segunda categoria. É uma viagem provocante – a colecção de fracturados “rock-out” instrumentais, variando desde as entorpecidas guitarras nos versos até às explosões de “feedback” no refrão. “Yes! I Am A Long Way From Home” é reminiscente da sonoridade praticada pelos padrinhos do “lo-fi” Slint, enquanto “Mogwai Fear Satan” ressoa até ao ruidoso final recheado de címbalos.
Mas enquanto as dinâmicas “silêncio/barulho ensurdecedor” dos Mogwai frequentemente obrigam os ouvintes a ajustar os volumes sonoros, os Arab Strap seguem uma ainda mais sombria forma melancólica de tocar guitarra no seu segundo disco “Philophobia”.
Guiados pelas vocalizações resmungonas de Aidan Moffat e unindo sonoridades Velvet Underground com o que soa a uma velha caixa de ritmos Casio, a sua “folk” acústica é deliciosamente triste.
Por contraste, nos The Delgados e nos The Radar Brothers, têm duas bandas desavergonhadamente acessíveis. O disco de 2000 dos primeiros, “The Great Eastern”, produzido por David Fridmann (na altura nos Mercury Rev), é um alegre disco de “pop” acústico que varia desde as harmonias estilhaçadas de uns Pavement (“Reasons For Silence”) até ao “rock” estival dos Teenage Fanclub (“Thirteen Gliding Principles”). Já as firmes vocalizações e as rígidas guitarras do assombroso “And The Surrounding Mountains” são reminiscentes da “folk” “lo-fi” de uns Smog. No seu melhor (“Rock Of The Lake”; “On The Line”) eles soam gloriosamente apaixonados.

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