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01 fevereiro 2008

Inovadores # 7 - Yellow Magic Orchestra

“Yellow Magic Orchestra” (1978 Alfa)
“Solid State Survivor” (1979 Alfa)
“Technodelic” (1981 Alfa)



Formados em 1978 pelo talentoso Ryuichi Sakamoto, pelo veterano Haruomi Hosono, e pelo percussionista Yukihiro Takahashi produziram onze discos, até ao seu término em 1984. Para mim, estes três são aqueles que melhor os representam.
Surgiram na altura da ascensão do Japão como inovador tecnológico, utilizaram sequenciadores, sintetizadores, samplers e caixas de ritmos, quando ainda eram regularmente a excepção
São frequentemente esquecidos quando se faz referência aos artistas que desbravaram caminho na evolução da música electrónica.
Criavam um divertido “techno-pop”, ou “twisted pop”, se preferirmos, mas onde nunca esconderam a sua paixão pelos Beatles (daí as versões).
Estes músicos já tinham assimilado todas as experiências primárias realizadas anteriormente com música electrónica, e deram um salto qualitativo para uma fase mais avançada, só que ainda não tinha sido inventado um tipo música para classifica-los. Pois ao contrário de uns frios Kraftwerk ou dos seus aprendizes britânicos como Gary Numan ou John Foxx, que tendiam perseverantemente para a ficção científica, os YMO ofereciam divertidas delicias “pop” totalmente descaradas.
Quando surgiu o disco homónimo de estreia, foram ignorados pela imprensa ocidental, que não se conseguir afastar da cacofonia criada pelos fortuitos ruídos electrónicos que abrem o disco. E assim não descobriu as esquadrilhas melódicas do psicadélico “Simoon” ou do irreflectido “disco-feel” de “La Femme Chinoise”.
Com “Solid State Survivor”, tentaram fugir do ecletismo presente no disco de estreia, e abordaram um som mais “mainstream”, mas nem por isso menos arrebatador. Desde o balouçante instrumental “Technopolis”, passando pelo belíssimo “Absolute Ego Dance”, ou pela sinuosa e pungente melodia de “Insomnia”, este disco está repleto de excelentes momentos.
Em “Technodelic” acontece mais uma reviravolta, criam um disco mais negro, cheio de vozes sinistras, ritmos incomodativos, percussões industriais destruidoras. “Epilogue” de Sakamoto, dá o mote, com uma melodia dilacerante.

21 janeiro 2008

Classic # 11 - David Sylvian - “Secrets of the Beehive” (1987 Virgin)

O que mais me fascina neste disco produzido por Steve Nye é a sua simplicidade, que assenta em três características essenciais: a primeira, a instrumentalização simples, num estilo experimental, com elementos de “jazz” em algumas faixas, e nos ordenados arranjos: obsidiantes, orgânicos e apaticamente terrenos; a segunda é a voz quente de David Sylvian que tem o poder de nós embalar num estado de tranquilidade; e a terceira, as canções: as requintadas letras demonstram uma profundidade fora do alcance das casuais contemplações relativas ao amor e à vida, esperança e desespero, fundidas com mitos e mistérios e são recheadas em metáforas e magia. São pequenas histórias elípticas, todas elas lacónicas, mas no entanto sedutoras. Assombrosas, mas não depressivas.
O disco abre de uma forma minimal com “September”, piano, arranjo de cordas, e voz, que fala sobre a dualidade do Outono que traz beleza no amontoar da queda das folhas.
E inclui duas das minhas canções favoritas: “The Devil’s Own” com uma sofisticada melodia que parece que flutua no ar, este tema tem uma qualidade etérea que torna difícil de descrever ou replicar, e a toxicamente bela “When Poets Dreamed of Angels” com uma poderosa qualidade rítmica e emotiva.
Mas ainda temos canções do calibre de “Orpheus”, “The Boy with The Gun” ou “Let the Happiness In”, que tornam o disco verdadeiramente arrebatador.
Como bónus a edição em CD contém ainda uma versão da magnífica colaboração com Ryuichi Sakamoto para a banda-sonora de “Merry Christmas Mr.Lawrence”: “Forbidden Colours”. Mais uma pérola.