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14 janeiro 2010

Rock # 11 - Archers Of Loaf - “Icky Mettle” (1993 Alias)

Infelizmente os Archers Of Loaf sempre pareceram perdidos no dilúvio da enorme corrente de “música alternativa” que surgiu no início da década 90 nos Estados Unidos.
O seu inquietante e desordenado “indie-rock”, é muita vezes comparado com o dos Pavement, mas sonoramente estão mais próximos dos seus conterrâneos da North Carolina, Superchunk e Polvo pelo choque entre “noise-pop” e “ pós-punk”, ou mesmo dos Dinosaur Jr., pela capacidade enérgica.
O seu abrasivo e impetuoso disco de estreia, “Icky Mettle”, está repleto de energia e fúria. São as penetrantes, abruptas e triturantes guitarras que comandam, mas com a sólida secção rítmica (composta pelo baixista Matt Gentling e pelo baterista Mark Price), a grudar conjuntamente toda a potente confusão. E através da impressionantemente extenuada voz do vocalista Eric Bachmann, surgem as disfuncionais, rancorosas e impenetráveis letras que abordam gloriosamente a vida na sociedade moderna.
Ecléctico, torna-se difícil destacar algum tema, mas pessoalmente continua-me a fascinar a persistente atracção de “Web In Front”, a inflexível “Last Word”, a dupla artilharia de guitarras presente em “You And Me”, a ríspida energia de “Fat”, a ardente “Learo, You’re A Hole”, a genial “Toast”, ou a áspera “Backwash”.
Nos três discos seguintes iriam por variadas razões evoluir sonoramente, mas “Icky Mettle”, é ainda hoje obrigatório para a compreensão do “indie-rock” nos anos 90.
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26 junho 2008

Tributo # 5 - Devo

São certamente uma das bandas mais incompreendidas da história da “pop”. Originários de Akron, e constituídos por dois pares de irmãos - Gerald Casalde e Bob Casale, Mark Mothersbaugh e Bob Mothersbaugh – criaram um projecto musical para revolucionarem a sociedade americana.
O seu curioso nome resulta da concepção de “de-evolution” – a ideia defendida pelo antropólogo Óscar K. Maerth, de que em vez de evoluir o homem estaria a regredir.
O objectivo da sua música era de servir como uma rebelião contra a conservadora e reprimida sociedade americana, através de sarcásticos comentários sociais e apoiados no estética minimalista, com ênfase em altamente estilizados e bizarros visuais - chapéus que pareciam vasos para plantas, cabelos preparados artificialmente, uniformes industriais idênticos. Musicalmente criaram uma simples, mas sinistra electrónica experimental - corrosiva, abrupta, assustadora, desprovida de emoções, com vocalizações destoantes. Foram dos primeiros grupos a abusar da utilização de sintetizadores, quer verdadeiros e costumizados pelos próprios, para além de incorporaram brinquedos eléctricos, esquentadores, torradeiras e outros objectos pouco usuais no seu reportório.
Em 1978, com “Q: Are We Not Men? A: We Are Devo!” produzido por Brian Eno, e que incluía a agora famosa versão de “(I Can’t Get No) Satisfaction” dos Rolling Stones, estabeleceu o grupo como os mais cruéis satíricos sociais da “new wave” (ao desumanizar a sociedade com o objectivo de a assaltar), e como uma banda que compreendia perfeitamente o conceito “Warholiano” do produto “pop”.
Seguiu-se em 1979, “Duty Now for The Future”, mas seria com “Freedom of Choice”(1980), que iriam explodir. E em nada surpreendeu para um grupo instantaneamente reconhecível pela sua imagem, que eles cedo aproveitassem as potencialidades do formato vídeo. “Whip It” – apesar do baixo orçamento disponível – que com a sua imagem futuristica, e os contrastes entre o grotesco “sadomasoquismo” e um saudável rancho americano dos anos 50, foi um dos primeiros clássicos da MTV.
No entanto, o seu sucesso durou pouco tempo, pois o sombrio e mais sério “New Traditionalists” (1981), não era o que o público esperava desta banda invulgar.
No entanto no início dos anos 80 eram um verdadeiro objecto de culto, essencialmente pelas suas elaboradas performances em palco, mas os seus discos dessa fase - “Oh, No! It’s Devo” (1982) e “Shout” (1984) - são dispensáveis. Como foram os Devo pela sua editora, o que fez com que a banda decidisse parar.
Apesar de reuniões posteriores, os resultados nunca foram satisfatórios, e os vários membros partiram para novos projectos. Mark Mothersbaugh virou-se para a produção de bandas-sonoras quer para o cinema quer para a televisão, e Jerry Casale para a realização de vídeo-clips.
Existem imensas compilações, com destaque para “Pionners Who Got Scalped” na sempre excelente Rhino, que reúnem os principais êxitos como “Jocko Homo”, “Be Stiff”, “Girl U Want”, “Whip It” ou “Out of Sync”, mas para perceber a sua verdadeira importância e influência na música “pop” (são várias as bandas dos finais dos anos 80, princípios anos 90, que reconhecem essa influência e muitas delas o demonstraram, ao realizaram versões como os Nirvana, os Soundgarden ou os Superchunk), quer “Q: Are We Not Men? A: We Are Devo!”, quer “Freedom of Choice” são essenciais.

Devo - Mechanical Man

Devo - Out Of Sync

13 maio 2008

Do fundo da prateleira # 9 - Superchunk - “No Pocky For Kitty” (1991 Merge/Matador)

Originários de Chapel Hill na Carolina do Norte, os Superchunk inicialmente tocavam um “punk” puro para ouvidos “pop”. Ao misturarem o tom áspero dos The Replacements com o sentido melódico dos Buzzcocks, o quarteto trouxe algo único e ajudou a lançar o espírito “DIY” do “rock underground” que se desenvolveu como contraste ao movimento de rock alternativo pós-Nirvana.
E ao contrário de outras bandas os Superchunk transformaram essa estética numa carreira e num movimento, e ao repelirem as grandes editoras multinacionais, a favor da sua própria editora, a Merge, tornaram-se nuns Fugazi da “pop-punk”.
Os seus melhores momentos acabaram por surgir na forma de três minutos explosivos. Muitos deles presentes em “No Pocky For Kitty”. Será menos um grande álbum, mas será certamente uma colecção de grandes “singles”, pois inclui canções furiosamente tímidas e loucamente contagiantes como “Seed Toss” e “Tie A Rope To The Back of The Bus”, todas cantadas pela voz de hélio de Mac McCaughan.
Desde a edição deste disco, os Superchunk transformaram-se em algo raro: “punk-popers” que melhoraram musicalmente com o passar dos anos, sem nunca perderem a sua alma.

Superchunk - Seed Toss