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16 fevereiro 2011

Rock # 20 - Fugazi – “Repeater” (1990 Dischord)

Este foi o real inicio para os Fugazi, após dois registos que foram liricamente e musicalmente desenvolvidos por Ian MacKaye (após o termino da sua antiga banda, Minor Threat), “Repeater” já foi uma junção de esforços de toda a banda, e é assim o primeiro real álbum dos Fugazi. Com Guy Picciotto como segundo vocalista e guitarrista, eles levam a banda a uma estranha dicotomia que tanto sustenta, disputa ou condensa o som em novos arranjos que são simultaneamente familiares e estranhos. Joe Lally e Brendan Canty alimentam-se um do outro e criam uma secção rítmica quase tribal que às vezes se torna tão complexa e unificada que é fácil esquecermos que é apenas um baixo e uma bateria. Angular, “funky”, irregular, emocional, politico, “Repeater” foi o anti-“Nevermind”, uma gravação histórica que mudou o som de uma subcultura sem se submeter as mãos gananciosas das grandes editoras. E apesar de as letras de MacKaye e Picciotto parecerem enfadonhas em alguns aspectos, certas linhas ressonam com a clareza de aforismos verdadeiramente Zen: “You are not what you own”; “Merchandise keeps us in line”; “Never mind what’s been selling, it’s what you’re buying”. Mais do que qualquer outra coisa no catálogo dos Fugazi, estas linhas resumem a postura da banda contra a produção de “hits” pelo “rock corporativo”, a manipulação da indústria publicitária e outros restantes abusos de poder. E em contraste com a mentalidade de escapismo, de ironia ou de vitimização que dominou muitos dos discos de “rock alternativo” da mesma década, “Repeater” mostrou que a paz interior é possível para aqueles de nós dispostos a fazer alguns sacrifícios pessoais.
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19 novembro 2007

Inovadores # 4 - Wire – 1977-1979

“Pink Flag” (1977 Harvest)
“Chairs Missing” (1978 Harvest)
“154” (1979 Harvest)



Ainda em actividade, devido a inúmeras reformações, os Wire são muitas vezes referenciados como um dos grupos mais importantes dos 70 e 80, devido à sua reputação pelas experimentações sonoras.
O período entre 1977 e 1979 será recordado como o mais interessante e criativo.
Nos seus três primeiros discos expandiram as fronteiras sonoras, não só do “punk”, mas do “rock” em geral.
Existiu uma constante evolução sonora, desde o estilo áspero de “Pink Flag” (1977), até ao som mais complexo e estruturado de “Chairs Missing” (1978) e “154” (1979).
Devido ao seu amplamente detalhado e atmosférico som, às letras de cariz político, e a abordagem de temas obscuros, foram catalogados com o “post-punk”.
Superficialmente “Pink Flag”, é um disco “punk”, mas pegou no minimalismo do “punk”, e transportou-o para outro patamar, criando um som puro e concentrado.
Todas as canções são curtas e directas, mas que nos deixam sem alento. “12XU”, “Lowdown”, “Three Girl Rhumba” possuem “riffs” sedutores, enérgicos e monocórdicos.
“Chairs Missing” distancia-se do disco de estreia, ao introduzirem teclados e efeitos sonoros, e por possuir composições mais longas, menos “punk” e musicalmente mais rebuscadas. Destaco “Outdoor Miner”, a hilariante “I Am The Fly”, mas também a épica “Mercy”.
“154” é ainda mais diferente dos anteriores, mais produzido, e ainda mais pensativo. Como se fosse uma versão mais lúcida e elaborada de “Pink Flag”. Nas favoritas incluem-se as contagiantes melodias de “The 15th” “Map Ref. 41N, 93W” e “A Touching Display”.
É notável como ainda hoje estes álbuns se mantém tonificantes e fundamentais.
E tiveram uma enorme influência nas décadas seguintes, ao serem referenciados por bandas tão distintas como R.E.M., Hüsker Dü. ou Minor Threat, entre outros.