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22 novembro 2007

Singles # 10 - The Normal - “Warm Leatherette/T.V.O.D.” (1978 Mute)

Não se deixem enganar pelo nome, isto é tudo menos música “normal”.
Reza a história que Daniel Miller, um ex-punk, fã de “krautrock”, adquiriu, em segunda mão, um sintetizador Korg e um gravador de 4 faixas, e começou a experimentar com os sons criados. Compôs e gravou dois temas no seu quarto, que resolveu editar em single, por conta própria ao criar a etiqueta Mute Records, tendo recorredo à distribuição da Rough Trade.
O suposto lado A, “Warm Leatherette” é inspirado na novela de JG Ballard, “Crash” (a mesma que foi posteriormente adaptada ao cinema por David Cronenberg), e aborda os fetiches sexuais relacionados com acidentes de viação. A rígida caixa de ritmos e o som sibilante dos sintetizadores, ajudam ao conteúdo. (Grace Jones iria realizar uma excelente versão).
Mas seria o lado B, que iria ser mais apreciado, “T.V.O.D.” que observa a dependência e saturação dos “media”, e em particular da televisão. Um extraordinário “cocktail” sonoro, que inclui “samples” de excertos de programas de TV, sons electrónicos adulantes e “noise”, reminiscente do que os Cabaret Voltaire faziam na mesma altura.
“I don’t need a TV screen”, diz.
É hoje referenciada como um marco no desenvolvimento do “post-punk” e da “new-wave”.
Miller apenas editou este disco e dedicou-se a promover a Mute, e os seus primeiros artistas, como Fad Gadget ou D.A.F.

16 fevereiro 2007

New Rave – A cultura rave de regresso – Don’t Believe the Hype?

1. Segundo vários jornalistas ingleses, a cultura rave está de regresso.
Como é normal nestes tempos de nostalgia, as tendências culturas tem um ciclo de 20 anos, senão vejamos: o psicadelismo nos anos 80, o grunge nos anos 90, o electroclash e o pós-punk já nesta década. A cultura rave está de regresso, mesmo na altura em que se prepara a comemoração dos 20 anos do “Second Summer of Love”, que decorreu em Inglaterra no ano de 1988.
Tudo terá começado no último trimestre do ano passado, com o aparecimento dos Klaxons, que auto-intitularam a sua música de “new rave”. O facto de efectuarem uma versão de um clássico rave hardcore (“The Bouncer”dos Kick like a Mule) desse período reforçou essa ideia, e ao juntarem sintetizadores e caixa de ritmos, ao tradicional som rock’n’roll (guitarra, bateria, gritaria, muita gritaria) ajudaram a imprensa a catalogar esta nova tendência. Os singles que editaram, “Atlantis to Interzone”, “Gravity’s Rainbow”, e “Magick”, foram todos sucessos.
O “indie-rock” nunca se deixou ir em modas, a pureza do conceito “indie” é a principal razão para o conceito ainda se manter. Mas o facto é que muitos “indies”, nestes últimos meses, estão a ouvir cada vez mais música de dança, devido a bandas “electro-rockers” como os Justice, Soulwax, MSTRKRFT, Digitalism ou Errol Alkan, principalmente pelas remisturas efectuadas para bandas “indie”, mais do que pelas suas próprias composições.
Se a “new rave” é mais uma reincarnação da chamada “indie-dance”, teremos que aguardar. Mas a mudança visual já acontece, como é norma, basta observar os Klaxons como porta-estandartes.
Mas para mim, como sempre nas modas, o mais interessante será sempre a maneira como, neste caso, a cultura rave será reexaminada, por uma geração muito nova para a ter vivido da primeira vez.

2. Também na Alemanha, a cultura rave está novamente na mó de cima, como consequência nostálgica da relação do país com a música “techno”, “trance”, e as famosas festas “raves” que marcaram a viragem dos anos 80 para os 90.
Mas ao contrário de Inglaterra, o fenómeno é diferente e curioso. Os alemães nunca afastaram definitivamente a cultura “rave”, pois sempre esteve omnipresente. Como exemplo temos o que está a acontecer com o colectivo “Rave Strikes Back”, que inclui DJ´s como Michael Mayer ou Miss Kittin, que ao elaborar o seu Top de temas “rave”, inclui os nomes clássicos como Prodigy, Joey Beltram, Speedy J, Energy 52, entre outros. Mas não deixa de ser curioso e fascinante constatar que também estão incluídos temas dos Kraftwerk, The Human League, Grace Jones, Depeche Mode, Joy Division e até os Sonic Youth. Isto vem constatar a máxima de que para uma festa correr bem, o que o público quer ouvir é que interessa. Um objectivo idealístico deste colectivo é redistribuir a atenção desde o DJ para a festa.
http://www.rave-strikes-back.de/