
Se por um lado “Parklife” é um disco que audaciosamente retrata um período temporal, no entanto este encontra-se a anos-luz da maioria dos discos desse mesmo período. Com uma parte de mordazes comentários sociais, e outra parte de pura extravagância pop “pós-punk”, o disco gerou a mais dançável crítica social com o ultra contagiante e decadente “disco” de “Girls & Boys” e incluía mais 15 outras variadas músicas (desde o ardente “neo-punk” de “Bank Holiday”, passando pelo misterioso “space-rock” de “Far Out”, pelas melódicas harmonias de “Badhead”, até às luxuriantes orquestrações de “To The End”), o terceiro disco do grupo de Londres, misturou um irresistível e contagiante “pop”, com “soul grooves” e belas guitarras irregulares, tudo suportado por irónicas letras que satirizavam todas as coisas verdadeiramente burguesas e britânicas.
“Parklife” extravasa melodias e atmosferas e as letras de Damon Albarn desdobram-se como um grande história, saltando de uma idiossincrasia da sociedade Inglesa para outra. As suas personagens são ricas e complexas figuras, cujas vidas e acções conseguem agarrar a atenção do ouvinte (segundo Damon Albarn, “Parklife” significa “o ambiente onde a normalidade tem a oportunidade de distorcer, mas nunca realmente mudar”).
Apoiado pelas loucas vendas do “single” “Girls and Boys”, este arrebatador disco atingiu o topo das tabelas de vendas e os Blur acabaram por passar de uma banda miserável que estava prestes a ser esmagada pelo “grunge”, para serem aclamados como a melhor banda britânica desde os The Smiths.
Mas talvez a melhor ironia, é que no processo de desvirtuamento dos estereótipos modernos, os Blur não conseguiram evitar de participar numa das mais duradouras instituições britânicas: o “pop” sofisticado.
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