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18 dezembro 2009

Jon Spencer Blues Explosion - Discografia Selectiva

“Extra Width” (1993 Matador)
“Extra Width” é a analogia aural de um momento flamejante – uma mistura de “tequila”, “Budweiser” e “speed”- excepto a paranóia e náusea resultantes.
Unidos pelo desejo de “fazer algo realmente louco”, Jon Spencer, Judah Bauer e Russell Simins (ex-Honeymoon Killers) estão tão versados no papel de uns verdadeiros mestres do “blues”, como estão no de teóricos da deconstrução.
No seu mundo Son House “jams” com os Gang of Four, Thurston Moore toca com os Million Dollar Quartet, e uma desordem áudio é talhada. Em estúdio, Spencer e companhia tocam com as camadas visíveis, os níveis sonoros no máximo e com o bom senso de saberem que o “real blues” não é um produto rarefeito para os fãs de Robert Cray. Os The Blues Explosion começavam a deixar marcas indeléveis na música “rock”.

“Orange” (1994 Matador)
Um grande passo em frente em relação a “Extra Width” – um motim rítmico que confunde e perturba. A prontidão de misturar as coisas de Spencer – principalmente o Theremin, com as influências Stax e “P-Funk” - é inspirador.
Treze exuberantes e empolgantes canções de irresistível e vibrantemente ruidosa energia.
Existe mais do que uma forma de aproximação à música dos JSBX. Primeiro como uma jubilosa continuação do caminho de “blues’n’roll” de Captain Beefheart – tal como este fez com Howlin’ Wolf, Spencer faz o mesmo para Hound Dog Taylor (a fonte original da Blues Explosion – 2 guitarras, bateria e sem baixo). Segundo, como um alegre despojamento do niilismo da “No Wave” nova iorquina, da qual os Pussy Galore eram os enteados não desejados. Convém relembrar que os Pussy Galore fizeram uma bizarra versão integral de “Exile On Main Street” dos Rolling Stones.

“ACME” (1998 Matador)
Embora seja o resultado de mais de seis meses de gravações em colaboração com cerca de uma dúzia de produtores, o quinto disco da Jon Spencer Blues Explosion parece mais o resultado uma gravação ao vivo.
A restrição aqui é a chave, quando Spencer, o guitarrista Judah Bauer (que toca aqui muito mais baixo do que fazia no passado) e especialmente o baterista Russell Simins afinam o tipo de “soul” dos anos 60, que o “punk” era muito orgulhosamente indisciplinado para imitar.
“ACME” marca o regresso da JSBX aos ritmos uniformes – mais ao estilo de “Orange” (1994) do que do saltitante “Now I Got Worry” (1996) – mas agora, em vez de libertas, as batidas tribais de Simins estão em satisfeito conflito com o unicamente não refinado sentido melódico de Spencer e actuam perfeitamente.
Se canções como “Magical Colors” e “Do You Wanna Get Heavy?” mergulham em novos padrões rítmicos, já “Blue Green Olga” e “Torture” são suficientemente suaves, que a característica rudeza de Spencer, ao inicio parece ausente.

“Damage” (2004 Mute)
Podemos bem dizer: “If ain’t broke, why fix it?”, os The Blues Explosion parecem melhorar com o passar dos anos. E o facto de abandonarem o Jon Spencer do nome da banda parece o único sério desvio do descarnado e irregular “blues-punk”, mas bem característico, que vêem a produzir ao longo dos últimos anos.
Desta vez são ajudados por convidados como DJ Shadow ou David Holmes, que fundem as arrogantes, mas seguras guitarras com o carácter do “hip hop” e ainda captam o frenético e louco gorgolhar de Jon Spencer.
Desde o lento e taciturno “Spoiled”, com a presença de Martina Topley-Bird, passando pelo discurso politico de ” Hot Gossip” (com a presença de Chuck D dos Public Enemy) , pelo impetuoso “pop” de “Crunchy”, pelo “space-rock” de “You Been My Baby”, até à paranóica “Rattling”, é só fúria, com os ritmos triturantes a impelirem este besta através do “rock’n’roll”, “white soul”, “southern rock”, e muito mais “natural blues” do que qualquer disco de Moby.
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02 abril 2008

Rock # 3 - The Monks – “Black Monk Time” (1966 Polydor)

Reza a história que cinco militares americanos foram para a base de Gelnhausen na antiga Republica Federal Alemã em 1963. Após terem sido exonerados, aventuraram-se na emergente cena “beat” alemã.
Chamaram a atenção porque se vestiam como monges, sempre de negro, com o cabelo a condizer. E com o seu disco de estreia, editado na Alemanha pela Polydor, criaram um dos discos mais estranhos de sempre.
“Black Monk Time” foi o ano zero para a “selvajaria” rock. Era música “punk” repetitiva e brutal, com referências ao ódio e à guerra - letras completamente alienadas, de como odiavam as namoradas e o Vietname, quando a onda “peace and love” estava no seu auge, e as polémicas posições anti-guerra ainda estavam a dois anos de distância.
Adicionalmente ao tradicional conjunto de instrumentos das formações clássicas (guitarra, baixo, bateria), adicionaram o órgão e o banjo. E o banjo agita toda a ferocidade musical, acompanhando o pulsante órgão, a bateria tribal, as guitarras frenéticas, e as letras venenosas que gritavam.
Aqui não há momentos de descanso, desde o explosivo “Monk Time” (onde acidentalmente descobriram o “feedback”), passando pelo constantemente contraditório “Drunken Maria”, pelo irreal “Higgle-Dy Piggle-Dy”, ou pelo repetitivo “Oh How To Do Now”.
Apesar de terem sido creditados diversas vezes como percursores da rebeldia do “punk” (a sugestão de que os The Monks estavam dez anos à frente dos Sex Pistols e dos The Clash, sugere que a sua musica é similar ao “punk-rock” dos ano 70, o que não é o caso, apesar de terem a mesma intensidade, o som diverge imenso) e das batidas hipnóticas do “krautrock”, com a edição em CD, já na década de 90, deste disco, e com o apoio dado por bandas como The Fall, Henry Rollins Band e Jon Spencer Blues Explosion, chamaram a atenção de um público mais novo, para o seu perfurante e primitivo “rock’n’roll”.
Um disco bizarro, mas essencial para quem aprecia ou pretende descobrir mais sobre o “garage-rock”/”punk-rock” dos anos 60.

11 dezembro 2007

Rock # 2 - The Sonics - “Here Are The Sonics!!!” (1965 Etiquette/Norton)

Se muitas das bandas de “garage-rock” dos anos 60, tendiam a soar similares, o som dos The Sonics era totalmente diferente.
Criaram um som novo, intenso, selvagem, através de composições básicas, e ao combinarem os gritos histéricos de Gerry Roslie, o som forte das enérgicas guitarras de Larry Parypa, da intensa e violenta bateria de Bob Bennett, em conjunto com uma produção intencionalmente tosca, com uma rudimentar qualidade sonora. Era puro e genuíno “rock’n’roll”.
Para a história deixaram-nos clássicos como os originais “Psycho”, “The Witch”, “Boss Hog” ou “Strychnine”, e versões insanas de clássicos de R&B.
A introdução de “The Witch”, com o seu característico órgão, é uma referência do movimento “garage-rock”. E “Psycho” ainda hoje continua brutal e psicótico.
Como eram originários de Tacoma, que geograficamente era próximo de Seattle, e como também era localizado no estado de Washington na zona Noroeste do Pacifico são muitas vezes referenciados como precursores do “grunge”, mas é muito mais evidente a influência que esta banda teve nos movimentos “proto-punk” e “punk”, e que ainda hoje têm em todas as “garage-bands” actuais.
Bandas como The Stooges, Ramones The Cramps, The Gories, Jon Spencer Blues Explosion ou White Stripes, devem ter escutado este disco várias vezes.

Editaram ainda “Boom” (1966 Etiquette), que apesar de ser um disco interessante e de ter tido um inesperado relativo sucesso comercial, já não é tão fascinante e não causa o mesmo impacto. Neste disco, para além de “Shot Down” e “He’s Waitin’, destaco somente uma magnífica versão de “Louie Louie”.