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02 março 2007

Little Annie @ Serralves 02-03-2007

Little Annie ou Annie Anxiety ou Annie Bandez, é uma eclética artista multimédia, cuja música não pode ser categorizada de forma convencional. Ao longo da sua carreira a solo ou nas inúmeras colaborações trabalhou com artistas tão díspares como Wolfgang Press, Current 93, Coil, Fini Tribe, ou mais recentemente com Antony e Khan.
O seu último disco “Songs from the Coalmine Canary” (2006) conta com a participação de Antony, que toca piano. E a grande beleza deste disco, é essa combinação do piano de Antony com a voz crua de Annie, que cria um ambiente jazz negro, retrato cruel da nossa sociedade actual.
Se a sua actuação incidir somente sobre este disco, não iremos ter oportunidade de assistir a outros momentos da sua carreira, como “Little Annie & The Legally Jammin’” (2003), a sua colaboração com Khan (Air Liquide) e Jendreiko, que é um disco excelente. É um projecto baseado no discurso “Spoken-word” de Annie, sobre estruturas rítmicas electrónicas, que poderá ser qualificado como “No Wave Disco”.
Também seria excelente recordar temas dos seus discos mais antigos como "Short and Sweet" (1992), que me revelou esta ex-punk.


Recomendado.

31 janeiro 2007

Tributo # 2 David Eugene Edwards - 16 Horsepower - Woven Hand

As belas canções de David Eugene Edwards estão cheias de referências ao Antigo Testamento, e às suas histórias de pecado e redenção. O facto de ser neto de um pregador e um convicto Cristão, talvez ajudam a explicar o fascínio por esses demónios religiosos e o facto de ter criado, em 1992, os 16 Horsepower.
Originário de Denver, as suas canções são reminiscentes do tons góticos de Nick Cave e dos Gun Club, poemas do estirpe de Townes Van Zandt, baseadas num poderoso acompanhamento acústico, e aparições de banjos, bandolins e acordeões, que reforçam a natureza arcaica das letras de Edwards.
Gravaram o primeiro EP em 1995. E na sua obra destacam-se os discos “Low Estate” (1997) produzido por John Parish (colaborador de PJ Harvey), onde temas como “Brimstone Rock” e “For Heaven’s Sake” realçam a visão religiosa e litúrgica de Edwards, e “Folklore” (2002), que inclui grandes versões de “Single Girl” dos Carter Family e “Alone and Forsaken” de Hank Williams.
“Hoarse” de 2001 é um registo ao vivo de um concerto de 1998, que permite comprovar a intensidade que as canções de Edwards atingem em palco, e também interpretações surpreendentes como a versão de “Day of the Lords” dos Joy Division.
As últimas edições dos 16 Horsepower são a compilação de sessões e faixas ao vivo de 1993/94, que compõem “Olden” (2003), e os 2 DVD “16HP” (2005) e “Live” (2005), que incluem registos de actuações ao vivo (Bélgica, Alemanha, EUA) e documentários sobre a banda.
Desde 2002 activou o alter-ego Woven Hand, que ainda se aproxima mais da introspecção que caracteriza a acalmia sonora dos últimos anos de Nick Cave.
Mais ambiental e experimental que nos 16HP, o projecto não deixa de ser poderoso. Trabalhos como “Woden Hand” (2002), que inclui as belíssimas “The Good Hand” e “My Rússia”; “Consider the Birds (2004), o álbum mais negro que criou, ouçam o violino de “To Make a Ring” ou “Bleary Eyed Duty”; e “Mosaic” (2006), onde Edwards afastou-se das suas raízes americanas, e aproximou-se do som folk apocalíptico de bandas como os Current 93 e Death In June, inclui canções como “Breathing Bull”, “Whistling Girl” e “Alleluia que marcam o tom do disco.
“Mosaic” contém algumas das melhores composições de Edwards até à data (“Winter Shaker” com linha de baixo dos Joy Division é irresistível), e parece difícil imaginar qual será o seu próximo passo, sem voltar a pisar os mesmos caminhos, para um homem que já se reinventou tantas vezes.