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28 julho 2008

Editoras # 2 - Sub Pop

Bruce Pavitt foi para Seattle estudar história da arte, mas o seu maior estudo seria o “rock”. Primeiro lança a revista que documentava a cena independente americana, Subterranean Pop” (mais tarde Sub Pop). Depois continua a escrever para mais um par de revistas, a fazer programas de rádio e a editar cassetes com material inédito de grupos desconhecidos. Até que conheceu Jonathan Poneman, que também fazia rádio e que era a pessoa responsável pelo agenciamento dos grupos que tocavam na sala de espectáculos mais aventureira de Seattle, a Fabulous Rainbow Tavern. Conversas sobre música criaram uma admiração mútua, e o passo seguinte para a formação de uma editora estava dado.
A primeira edição da Sub Pop, foi em Julho de 1986, a compilação “Sub Pop 100”, com a participação dos Sonic Youth, Big Black ou Scratch Acid, entre outros. Os representantes de Seattle eram The U-Men e Steve Fisk (que se tornaria um dos mais famosos produtores da cidade). E na capa do disco aparecia a seguinte inscrição: “The new thing, the big thing, the good thing: a multinational conglomerate based in the Pacific Northwest”.
Uma das principais características da editora foi a sua preocupação em ter um identidade e que as pessoas procurassem os discos por estes terem o seu carimbo, simultaneamente encorajando a individualidade de cada grupo. Os seus modelos de inspiração eram a 4AD, a SST, a Stax, e até a Motown. Nem será estranho o facto de passaram a trabalhar quase permanentemente com o produtor Jack Endino (que iria produzir os álbuns de estreia de Nirvana e Mudhoney).
O “marketing” foi sempre um dos pontos fortes utilizados por Pavitt e Poneman. Criaram um clube de singles, disponível apenas por subscrição, através de edições mensais (limitadas e em vinil colorido), e sempre com temas inéditos. Aqui incluíram grupos não só de todos os estados americanos como também europeus. Por outro lado, nas suas edições “normais”, o destaque era dado a grupos locais, aproveitando a política regionalista para melhorar a promoção. As capas dos discos eram semelhantes, assim como os anúncios, uniformizando uma ideia visual e sonora para melhor promover os novos grupos.
Se os Soundgarden foram o primeiro grande sucesso da Sub Pop, editando dois EP’s, “Screaming Life” e “Fopp”, antes de assinarem pela SST e posteriormente pela A&M, já os Mudhoney foram os que mais resistiram à chamada das multinacionais, e só com “Piece of Cake” de 1992 é que assinaram pela WEA (isto, para além de serem o único grupo de Seattle que manteve a sua formação inalterável por muitos anos).
Com o sucesso dos Nirvana, a história mudou, e hoje, a mesma já deve ser conhecida por todos, mas para reforçar a importância histórica da editora, que deixou de ser uma referência local, para ser uma global, refira-se que também por lá passaram grupos com a L7 (de Los Angeles), os Afghan Whigs (de Cincinatti), os Supersuckers, os Come (de Boston), os Pond (do Alaska), os Sunny Day Real Estate, e mais recentemente The Shins, Iron and Wine, ou os criadores de um dos meus discos favoritos do ano, The Ruby Suns.
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Modest Mouse - Never Ending Math Equation

26 junho 2008

Tributo # 5 - Devo

São certamente uma das bandas mais incompreendidas da história da “pop”. Originários de Akron, e constituídos por dois pares de irmãos - Gerald Casalde e Bob Casale, Mark Mothersbaugh e Bob Mothersbaugh – criaram um projecto musical para revolucionarem a sociedade americana.
O seu curioso nome resulta da concepção de “de-evolution” – a ideia defendida pelo antropólogo Óscar K. Maerth, de que em vez de evoluir o homem estaria a regredir.
O objectivo da sua música era de servir como uma rebelião contra a conservadora e reprimida sociedade americana, através de sarcásticos comentários sociais e apoiados no estética minimalista, com ênfase em altamente estilizados e bizarros visuais - chapéus que pareciam vasos para plantas, cabelos preparados artificialmente, uniformes industriais idênticos. Musicalmente criaram uma simples, mas sinistra electrónica experimental - corrosiva, abrupta, assustadora, desprovida de emoções, com vocalizações destoantes. Foram dos primeiros grupos a abusar da utilização de sintetizadores, quer verdadeiros e costumizados pelos próprios, para além de incorporaram brinquedos eléctricos, esquentadores, torradeiras e outros objectos pouco usuais no seu reportório.
Em 1978, com “Q: Are We Not Men? A: We Are Devo!” produzido por Brian Eno, e que incluía a agora famosa versão de “(I Can’t Get No) Satisfaction” dos Rolling Stones, estabeleceu o grupo como os mais cruéis satíricos sociais da “new wave” (ao desumanizar a sociedade com o objectivo de a assaltar), e como uma banda que compreendia perfeitamente o conceito “Warholiano” do produto “pop”.
Seguiu-se em 1979, “Duty Now for The Future”, mas seria com “Freedom of Choice”(1980), que iriam explodir. E em nada surpreendeu para um grupo instantaneamente reconhecível pela sua imagem, que eles cedo aproveitassem as potencialidades do formato vídeo. “Whip It” – apesar do baixo orçamento disponível – que com a sua imagem futuristica, e os contrastes entre o grotesco “sadomasoquismo” e um saudável rancho americano dos anos 50, foi um dos primeiros clássicos da MTV.
No entanto, o seu sucesso durou pouco tempo, pois o sombrio e mais sério “New Traditionalists” (1981), não era o que o público esperava desta banda invulgar.
No entanto no início dos anos 80 eram um verdadeiro objecto de culto, essencialmente pelas suas elaboradas performances em palco, mas os seus discos dessa fase - “Oh, No! It’s Devo” (1982) e “Shout” (1984) - são dispensáveis. Como foram os Devo pela sua editora, o que fez com que a banda decidisse parar.
Apesar de reuniões posteriores, os resultados nunca foram satisfatórios, e os vários membros partiram para novos projectos. Mark Mothersbaugh virou-se para a produção de bandas-sonoras quer para o cinema quer para a televisão, e Jerry Casale para a realização de vídeo-clips.
Existem imensas compilações, com destaque para “Pionners Who Got Scalped” na sempre excelente Rhino, que reúnem os principais êxitos como “Jocko Homo”, “Be Stiff”, “Girl U Want”, “Whip It” ou “Out of Sync”, mas para perceber a sua verdadeira importância e influência na música “pop” (são várias as bandas dos finais dos anos 80, princípios anos 90, que reconhecem essa influência e muitas delas o demonstraram, ao realizaram versões como os Nirvana, os Soundgarden ou os Superchunk), quer “Q: Are We Not Men? A: We Are Devo!”, quer “Freedom of Choice” são essenciais.

Devo - Mechanical Man

Devo - Out Of Sync