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07 fevereiro 2010

Pop # 10 - The Go-Betweens- “Liberty Belle And The Black Diamond Express” (1986 Beggars Banquet)

O mais épico e mais romântico disco do quarteto Australiano, será provavelmente também o mais consistente de uma banda que ao longo da sua história discográfica nunca parou de impressionar. Pois, para além deste, poderia ter escolhido outro - “Before Hollywood”, “16 Lovers Lane” ou “Oceans Apart” – já que todos os seus álbuns são fantásticos, e estão recheados de belas e habilmente criadas canções, que relatam histórias de amores românticos e das suas irritadas rejeições.
Através das fantásticas letras de Grant McLennan e Robert Forster, apresentam-nos melancólicas e dolorosas meditações acerca do amor e as suas consequências. E estas surgem quer através da presunçosa indiferença de Robert Forster e os seus arrogantes relatos de intensas paixões, quer através do mais sério romantismo de Grant McLennan com as suas poéticas e sonhadoras composições.
Gravado com o produtor Richard Preston em Fulham na Inglaterra, está evidente que os nativos de Brisbane procuraram aqui uma sonoridade mais rústica, quase áspera, que lhe dá sensações ligeiramente únicas em relação aos seus outros discos.
Podemos destacar as discordantes guitarras e as declamatórias vozes de “Spring Rain”, a majestosa “The Wrong Road”, a perfeita capacidade de escrita evidenciada em “To Reach Me”, a subtil, no entanto dramática “Twin Layers Of Lightning”, o excelente “pop” presente em “Head Full Of Steam” ou as agravantes e desesperantes emoções de “Apology Accepted”. Mas a real força deste disco é a sua coesão global, pois tudo parece coexistir em perfeita sintonia. Todos os aspectos delicadamente reunidos como um puzzle, produzindo uma sonoridade perfeita e verdadeiramente única, e que por mais vezes que o escutemos, nos irá sempre produzir efeitos surpreendentes.
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03 fevereiro 2009

Editoras # 3 - Postcard - The Sound Of Young Scotland

Ao contrário de Londres e Liverpool, nos anos 60 e 70, a Escócia não tinha tradição musical.
Isso mudou com a criação em 1979 da Postcard Records por Alan Horne. Situada em Glasgow, a partir de um pequeno andar arrendado, esta memorável editora foi a responsável por apresentar ao mundo bandas talentosas e visionárias como os Orange Juice, Aztec Camera e Josef K, e pelo celebrado slogan “The Sound Of Young Scotland”. Mas também foram responsáveis por descobrirem e terem editado o primeiro registo dos australianos The Go-Betweens.
Apesar de todos estes grupos terem assinado por outras editoras, muitos argumentam e debatem que nunca editaram nada tão bom com aquando da sua estadia na Postcard. Podemos não concordar com isso, mas o que é inequívoco é que cada “single” editado pelo Postcard é um absoluto clássico. E o seu impacto na música “pop” escocesa foi fundamental, inspirando bandas que durante os anos se foram confessando fãs como The Wedding Present, Teenage Fanclub, Belle & Sebastian, Franz Ferdinand e até mesmo os Travis.
A Postcard obrigou a industria musical fortemente centrada em Londres a olhar para norte, mais precisamente para Glasgow (da mesma forma como a Factory iria fazer para Manchester), de onde também surgiram outros grupos visionários como Associates, Altered Images ou The Fire Engines.
As grandes editoras estiveram atentas e de repente surgiram numerosamente em Glasgow para a caça ao ouro. E o rápido sucesso da Postcard acabou por ser também a sua desgraça e ruína, pois os grupos da editora acabaram por a abandonar para assinarem pelas multinacionais. Também a partir da segunda metade dos anos 80, os principais músicos escoceses abandonaram a ética DIY do Postcard e ao assinarem pelas grandes editoras, abraçaram o seu lado comercial. E se por um podemos incluir os magníficos The Jesus and Mary Chain nos grupos que assinaram por multinacionais, por outro temos que os excluir pois numa primeira fase nunca se desviaram da sua muita peculiar sonoridade, numa época onde surgiram os manhosos e ornamentados Hue & Cry e Deacon Blue. Mas as pessoas depressa se cansaram desse som açucarado, e uma nova geração de músicos escoceses iria novamente redescobrir e reinventar o som da Postcard. E a partir do final dos anos 80, a Escócia produziu muita da música mais original e criativa através dos já referidos The Wedding Present ou Teenage Fanclub, mas também dos The Pastels, The Vaselines ou Mogwai.
Hoje esse espírito pioneiro ainda poderá ser encontrado em pequenas editoras escocesas como a Chemikal Underground ou a Geographic.
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13 junho 2008

Robert Forster - “The Evangelist” (2008 Yep Roc)

A segunda vida dos The Go-Betweens, estava definitivamente em alta após a edição em 2005 de “Oceans Apart”, um clássico ao nível de “16 Lovers Lane”. A morte de Grant McLennan, em 2006, ditou o fim de uma ligação de duas pessoas com personalidades opostas, mas que se influenciaram uma à outra ao longo de 30 anos, resultando numa das melhores associações criativas da história da “pop”.
Robert Forster editou este disco a solo, que, apesar de não ser um disco dos Go-Betweens (mas foi assim iniciado), conta com a presença de antigos colaboradores dos tempos de “Liberty Belle…” e “16 Lovers…”, como o produtor Mark Wallis e Audrey Riley, responsável pelos arranjos, inclui a ultima secção rítmica do grupo, e está centrado na memória de Grant McLennan, não deve ser considerado como uma elegia, mas sim como um testemunho da influência e camaradagem vivida com McLennan.
E o resultado mais visível, é que neste disco existe uma maior coesão do que em anteriores trabalhos a solo de Forster. Pois, e ao contrário das suas composições a solo ou nos The Go-Betweens, onde sempre foi o mais poético, o mais literário, onde as suas metáforas e alusões, sempre foram complementadas e balançadas pelas composições mais directas e terrenas de McLennan, aqui surge muito mais directo, puro, honesto e vulnerável.
É um disco predominantemente acústico, com momentos notáveis, desde o elegíaco “If It Rains”, passando pelo misterioso “Did She Overtake”, seja nas canções escritas a meias com Grant – “It Ain’t Easy” um franco tributo a um amigo desaparecido, “Demon Days” a alegre tristeza de uma fatal lembrança - ou acerca dele – a elegante e brilhante “Pandanus”. E que melhor forma de fechar melancolicamente um disco com “From Ghost Town”, a arrebatadora e devastadora meditação sobre a perda.
Em “The Evangelist”, Forster, libertou-se e inspirado pelo seu eterno colaborador, criou um disco impressionante e incisivamente emocional.
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