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11 dezembro 2009

Inovadores # 15 - The Slits & The Raincoats

Se pretendem música “normal” ou um ordinário “punk-rock”, esqueçam, estamos na presença de dois discos verdadeiramente inovadores, onde mostraram que as raparigas também podiam fazer o que os rapazes andavam a fazer, e aqui podemos incluir ainda as Au Pairs ou as Delta 5, entre outras. Sem as The Slits e as The Raincoats, poderiam não ter existido bandas como Luscious Jackson, L7 ou Elastica.


The Slits - “Cut” (1979 Island)

Explodiram num movimento “punk” dominada pelos homens durante uma abertura de um concerto dos The Clash na sua White Riot Tour de 1977. A sua missão era de escapar às rígidas tradições rítmicas do “rock” e os majestosamente grosseiros estilos do “dub”que influenciaram “Cut” realizou isso mesmo. A sonoridade e o menos que sincero título do primeiro “single” “Typical Girls”, determinou a agenda – as vocalizações chamamento e resposta que lutavam para serem ouvidas sobre percussões em chapas metálicas e irregular dissonância musical.
Apesar do sucesso do disco (chegou ao Top 30 em Inglaterra), a banda perdeu o rumo ao direccionar-se para intratáveis “jams”, editando apenas mais um disco de estúdio. “Cut”, no entanto, mantêm toda a atrevidamente indiferença confrontante da sua capa.
Como bonus no CD, está a versão para “I Heard It Through The Grapevine” de Marvin Gaye.

The Raincoats - “The Raincoats” (1979 Rough Trade)

Politicas, feministas e verdadeiramente inspiradoras, e não o foram só para um jovem americano chamado Kurt Cobain, mas também para o movimento “Riot Grrrl” e para todos os que admiraram a estética DIY do pós-punk.
Criaram canções desiguais e dementes, por via de uma dissonante, mas inata capacidade de compor temas intensamente pessoais, através das suas distintas perspectivas femininas, e reproduzidas através do imoral violino contundente, das irregulares mas emotivas guitarras e das desafiadoras múltiplas harmonias vocais, ruidosos ritmos que resultavam em complexas melodias sem convencionalismos que produziram um estilo musical ímpar, algo totalmente oposto ao que seria de esperar de uma banda cuja influência primaria era o “punk”, visível na perturbadora “Off Duty Trip”, na excelente “The Void” ou na fenomenal versão de “Lola”, um original dos The Kinks.
Como extra na reedição em CD, está incluído o fundamental “single”“Fairytale In The Supermarket.
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The Slits - I Heard It Through The Grapevine (original Marvin Gaye)
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The Raincoats - Lola (original The Kinks)

04 dezembro 2008

Compilação # 3 - ESG – “South Bronx Story” (2000 Soul Jazz)

Primeiro de tudo, temos de agradecer à senhora Scroggins, pois esta, para que as suas filhas não ficassem nas ruas e assim pudessem cair nas tentações do South Bronx, comprou-lhes alguns instrumentos musicais. As irmãs alinharam e cedo começaram a criar excertos musicais onde tentavam copiar o som de James Brown. O passo seguinte foi participar em alguns concursos de talentos, e num desses Ed Bahlmann, dono da pequena editora independente 99 Records, vê algo de especial naquelas adolescentes, e sobre a sua alçada coloca-as a partilhar os palcos com os seus futuros companheiros discográficos - Liquid Liquid e Konk. Impressionado também ficou o patrão da Factory, Tony Wilson, quando as viu em Nova Iorque, e que de imediato se ofereceu para editar o seu trabalho. Assim em 1981 gravaram as três canções - “You’re No Good”, “U.F.O.” (uma das canções mais sampladas da história) e “Moody” – que iriam constituir o seu primeiro single, e que seriam produzidas à distância em Manchester por Martin Hannett. Rapidamente se tornaram muito populares no circuito de dança de Nova Iorque, que apadrinhou especialmente “Moody” e iriam partilham o palco com gente como A Certain Ratio, Gang Of Four e P.I.L..
Todo isto porque conseguiram criar um tipo de “funk” minimal, primitivo e repetitivo, muito próprio, com ritmos esqueléticos, baseado essencialmente no baixo e percussão, que agradou a brancos (pelo minimalismo associado ao punk) e a negros (pela insistência rítmica).
Para além dos três temas mais conhecidos, destacam-se o mini-ritmo distinto de “Tiny Sticks” e a fascinante simplicidade de “My Love For You”. Mas até no mais recente e convencional “Erase You” as ESG nunca perdem a sua cândida identidade.
Problemas legais com a 99 Records fizeram com que os registos discográficos fossem poucos (somente dois álbuns de originais, o último de 1991), mas esta compilação, que agrega o essencial, permite regalar-nos com a pura inocência da banda e demonstrar que com ritmos simples se podem criar belos momentos musicais.
A positiva reacção a esta mesma compilação fez com que regressassem ao activo e editassem mais dois álbuns, “Step Off” em 2002 e “Keep On Moving” em 2006. E actualmente ainda são vários os músicos, de géneros como o hip-hop, passando pelas Luscious Jackson ou Le Tigre, que nunca esconderam a sua forte admiração.
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