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15 junho 2009

Classic # 21 - Serge Gainsbourg - “Histoire De Melody Nelson” (1971 Philips)

Se bem que Gainsbourg já tivesse determinado para si próprio, uma vida recheada de provocações e comportamentos semi-proibidos, como adição à de estrela musical, as partes nunca encaixaram tão perfeitamente como em “Histoire De Melody Nelson”, que pode ter só 28 minutos, mas que 28 minutos. Uma hábil e intrigante história baseada no brusco romance do narrador com a jovem ninfa Melody do título, de apenas 14 anos. E onde Serge exercitou uma orquestra de 50 elementos com uma destreza que faz com que as obras contemporâneas grandiosamente propensas como “Tommy” dos The Who, pareçam imensamente deselegantes.
Seguindo o seu impulso para chocar, a história é Gainsbourg no seu método tipicamente atenuante: conheceu Melody depois de a derrubar na sua bicicleta com o seu Rolls Royce, depois planeia transporta-la bizarramente para Sunderland, mas entretanto ela morre numa acidente de aviação.
Melody é bem representada no disco e na sua capa pela grávida, no entanto ainda púbere Jane Birkin (sua companheira de vários anos), enquanto a música (criada em colaboração com Jean-Claude Vannier, e que foi samplado por Massive Attack e Portishead, entre outros) alterna desde a resolutamente cinemática “Melody”, passando por várias ritmadas baladas, pelo interlúdio orgiástico “En Melody”, com os risinhos despropositados de Birkin, antes de concluir com o imperioso e trágico “Cargo Culte”.
Uma obra-prima inundada com delicadas guitarras, luxuriantes arranjos de cordas e impetuosos coros, que continua a atrair atenção, pelo numeroso numero de admiradores famosos (Air, Beck), e que serviu de planta para obras como “This Is Hardcore” dos Pulp.
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29 novembro 2007

Passos para o Futuro

Burial - “Untrue” (2007 Hyperdub)

Pinch - “Underwater Dancehall” (2007 Tectonic)

Em 2007, o “dubstep” é provavelmente um dos géneros que mais destaque está a merecer pela imprensa musical mundial, e em especial a britânica, de onde é originário.
E se nesta fase poderíamos ter atingido um limite criativo, eis que surgem dois registos que os permitem olhar para o futuro com esperança.

De Bristol, chega-nos um disco que enriquece a definição de “dubstep”, ao conseguir conjugar o som mais pesado proveniente de Londres, com o som mais emotivo da escola clássica de Bristol (Wild Bunch/Massive Attack).
É um disco ambicioso, ao introduzir vocalizações num género reconhecivelmente instrumental, mas mantendo a pureza do mesmo. Assim temos dois discos por onde se dividem os temas – um é vocalizado, o outro instrumental.
Desde o tema de abertura, “Brighter Day, que mistura elegantes batidas com vocalizações de base “dancehall”, passando pelas estruturas minimais de “Airlock”, as influências “reggae” em “One Blood, One Source”, até ao futuro clássico que certamente será “Get Up”, com uma maravilhosa voz sobre os difusos ritmos. O disco termina em grande com os complexos ritmos atmosféricos de “Lazarus”.
O disco de Pinch é único e excepcional, sendo um dos melhores álbuns de música electrónica que tive oportunidade de ouvir este ano.

Sobre “Untrue”, o segundo registo de Burial, que está a ser considerado como um dos melhores discos do ano, já muito foi dito. Apenas posso acrescentar que o poder deste disco reside em si mesmo.
E se o disco de estreia foi uma revelação, este é uma confirmação. E parece que existe, em relação a esse primeiro disco, uma regressão controlada que contrasta com uma progressão desorientada.
A influência do “soul” é evidente nas canções, mas o som corrosivo mantém-se, sendo arcaico e decrépito nalguns casos, alienado e sombrio noutros. O resultado final é magnífico. A simetria e a distinção sonora sobressaem num disco que marcará uma época.

16 setembro 2007

Classic # 8 - Massive Attack – “Blue Lines” (1991 Circa)

Na minha opinião, 1991 foi um ano muito importante para a música. Só nesse ano surgiram álbuns influenciais como “Nevermind”, “Loveless” ou “Screamadelica” (só para enumerar três).
Surgiu também o álbum de estreia de um colectivo de Bristol, que com a fusão da electrónica com o “dub”, o “rap” e o “hip-hop”, iria introduzir os ritmos do “trip-hop” ao mundo, e definir padrões musicais para as décadas seguintes. Mas mesmo que ignoremos a sua importância histórica, é na mesma um clássico.
A visão e criatividade dos vários elementos que participam no disco, permitiu criar uma sensação natural, orgânica, uma verdadeira banda-sonora urbana, ao transformar os elementos citadinos em sons.
O álbum começa de uma forma magistral com “Safe From Harm”, canção padrão do “trip-hop”: vozes “soul”, “rap”, “beats” indistintos, com um poderoso baixo samplado de Billy Cobham/ Mahavishnu Orchestra. Ritmos sonâmbulos que ia contra a corrente “tecno” do inicio da década.
Todas as músicas/canções estão no seu lugar correcto, permitindo ao disco fluir uniformemente, e algumas vezes sem respirar (de “Blue Lines” para “Be Thankful For What You Got”), permitindo uma total absorção do corpo e mente nos sons sedutores do baixo “dub”.
É uma fantástica e variada viagem desde o “dub” de “Five Man Army” com o delicado “falsetto” da lenda reggae Horace Andy, passando pelo arrasador “Unfinished Sympathy”, com os seus elegantes arranjos sinfónicos, por “Daydreaming”, com a grande voz de Shara Nelson, os “beats dub” e um ambiente “soul”, até chegar a “Hymn Of The Big Wheel” que desliza até ao fim do disco, e a nossa vontade é pedir por mais.
Simplesmente essencial.