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07 abril 2009

Electronic # 9 - Meat Beat Manifesto – “99%” (1990 Mute)

Frequentemente e erradamente aglomerados no género musical “rock-industrial” pelo facto de alguns dos seus discos terem sido editados na Wax Trax!, os britânicos Meat Beat Manifesto foram um dos mais inventivos praticantes do “sampladelic funk”. O seu líder, Jack Dangers, construía as paisagens sonoras com a clarividência de um profundo conhecedor ou de um mestre arquivista.
Sobre ritmos desordenados mas brutalmente “funky”, Dangers colocava idiossincráticos enfeites sonoros, deformadas texturas de sintetizadores e inteligentes “samples” vocais que serviam de isco para uma viagem neste violento pesadelo urbano, que culminava todas as suas experiências anteriores.
Se “99%” contém uma pletora de memoráveis canções apoiadas em amontoados pedaços retirados do trabalho de outros artistas, por sua vez, os MBM foram “samplados” pelos Chemical Brothers e Future Sound Of London entre outros, e de facto todo o fenómeno “big beat” está em divida aos MBM. Mas tal como disse Flavor Flav dos Public Enemy: “you can’t copyright no beat!”. E ritmicamente e textualmente “99%” é um disco singularmente terrível, que possui uma profunda e misteriosa intensidade, e podemos colocar junto dos melhores dos PE. E poucos artistas podem dizer isso.
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27 fevereiro 2009

My Favorites # 14 - The Disposable Heroes Of Hiphoprisy – “Hipocrisy Is The Great Luxury” (1992 4th & Broadway)

Em 1992, os TDHOH editaram um dos mais subestimados discos da década. E eles são tudo menos “disposable”, pois estabeleceram um novo padrão para o rap. Erguendo-se das cinzas dos The Beatnigs, Michael Franti e Rono Tse, criaram um disco histórico numa altura onde a maioria dos “rappers” estavam a promover o “gangsta”, os TDHOH criticavam severamente a América e os seus estabelecidos limites, empreendendo uma campanha global, cheia de inéditos comentários politico e social que rasga até ao núcleo central das modernas injustiças, abordando temas tabus no rap, como a homofobia e os vícios consumistas dos negros, tudo isto através de descrições acutilantes e de um discurso articulado e não dogmático.
Mas classificar este disco como “rap”, é ambíguo, pois os elementos industrias estão bem presentes e relembram as experiências anteriormente abordadas pelos Consolidated e Tackhead – e se os “Inspirators & Conspirators” listados no “booklet” que acompanha o disco incluem Gil Scott-Heron, KRS-One e Public Enemy, também incluem Jello Biafra, Adrian Sherwood e Meat Beat Manifesto – podemos dizer que temos uma fusão, um “industrial rap”, totalmente diferente do que Franti desenvolveu posteriormente no projecto Spearhead.
Os TDOHO atacavam politicamente, emocionalmente e racialmente de uma forma inteligente, onde cada cortante canção é brilhante, entregue pela intensamente hipnotizante e serena voz de Franti sobre contagiantes “beats” e inteligentemente colocados “samples”.
Relatos nada delicados de uma sociedade dominada pela televisão (“Television, The Drug Of The Nation”), de casos violentos de descriminação contra minorias (“Socio Genetic Experiment”), da Guerra do Golfo (“The Winter of The Long Hot Summer”), ou a notável versão de “Califórnia Über Alles” (original dos Dead Kennedys) eram fortes mensagens que nos permitem decidir sobre o tópico politico em discussão pela nossa própria cabeça.
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12 maio 2008

Electronic # 1 - Aphex Twin – “Selected Ambient Works Vol. II (1994 Warp)

Nascido em 1970, em Cornwall, Richard D James desde muito novo se começou a entreter com aparelhos eléctricos (futuramente iria estudar electrónica na Universidade). Tornou-se um prodígio nos teclados, pelo facto de modificar e customizar os seus sintetizadores analógicos de forma a satisfazer as suas peculiares especificações. Essas transformações fariam com que a música criada por James tivesse um carácter único, que iria influenciar muitos outros músicos electrónicos.
Este disco de hipnotizante e transcendental música ambiental empurrou Richard D James /Aphex Twin para o mais elevado patamar dos compositores minimalistas.
Profundamente medianeiro, os 23 temas de “Selected Ambient Works Vol. II” entram pelo nosso subconsciente com hologramas vocais, assombrosamente tranquilos sintetizadores e ocasionalmente, batidas hipnóticas. “Vol. II” parece emanar de um sistema solar distante.
Paralelamente James remisturaria os Meat Beat Manifesto, Saint Etienne, Curve, e Jesus Jones, mas recusaria os U2. A seguir a este trabalho James explorou estilos musicais mais próximos do “breakbeat” com o mesmo brilhante carácter caprichoso.