Mostrar mensagens com a etiqueta Richard Hawley. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Richard Hawley. Mostrar todas as mensagens

15 fevereiro 2010

Pop # 11 - Richard Hawley - “Lowedges” (2003 Setanta)

Com o seu nariz a boxeur e com o aspecto de um “rocker” original dos anos 50, Hawley seria sempre uma improvável estrela.
É uma pena, pois este disco (tal como “Late Night Final”, mas com maior profundidade e coerência, ou o menos pessoal “Coles Corner”) é uma esplêndida e deliciosa obra-prima de ardentes e vibrantes canções intemporais, que demonstra o seu magnífico virtuosismo musical e um excelente instinto para a composição.
Prodigiosamente abre o disco com a ressonante, cismática, altaneira e no entanto particularmente épica “Run For Me” (o grande momento do disco a par com “You Don’t Miss Your Water”, “Darlin’” ou “Oh My Love”).
Aqui o seu voluptuoso trautear reminiscente de um Ian McCulloch ou Roy Orbison está mais precioso do que nunca (mas musicalmente está muito distante de ambos), e mesmo quando faz uma romântica serenata a sumptuosa sonoridade “retro-pop” implica trágicas e tristes despedidas. Cada palavra é sedativa, cada nota é cuidadosamente escolhida para levar o ouvinte em direcção ao delicado mundo de Hawley.
Agora esqueçam modernismos, não lhe peçam para ultrapassar certos limites musicais, esta grandiosamente emocional e assoladora música, soa como mais nada que foi criado nesta ultima década, simultaneamente e imediatamente moderno e retro.
A justaposição de serenas e dilacerantes melodias presentes em “Lowedges”, não é nada de novo, mas a sua invulgar excelência confirma Hawley como um sorumbático e esplendoroso cantor-compositor da mais elevada categoria.
_

19 novembro 2009

Soulsavers - Broken” (2009 V2)

Em primeiro lugar, o que impressiona é a enorme evolução que “Broken” demonstra em relação ao disco anterior dos Soulsavers, “It’s Not How Far You Fall, It´s The Way You Land”.
Estamos na presença de um disco coeso, quer musical quer liricamente, assente na estranha combinação de Mark Lanegan com o duo Soulsavers, e que parece não estar confinada a géneros musicais e nem em ter limites. Este facto não será estranho a Lanegan, pois o próprio sempre se renovou ao longo da sua carreira, desde os tempos dos Screaming Trees, e passando por colaborações tão distintas como com Isobel Campbell ou com Greg Dulli nos The Gutter Twins.
E se o começo com o dilacerante “Seventh Proof” revela a qualidade e o conhecimento musical do duo Rich Machin e Ian Glover, quando ouvimos a sinistra e amarga “Death Bells”, é evidente que a presença do angustiado e errante Mark Lanegan (que no disco anterior tinha uma participação ocasional), é a mais-valia deste disco, pelo imenso impacto que a sua elegante, sombria, penetrante e rude voz atinge no ouvinte. Por isso mesmo, ele o ofusca os outros notáveis convidados presentes ao longo do disco, e que incluem Gibby Haynes (Butthole Surfers), Richard Hawley, Mike Patton (Faith No More, Mr. Bungle, Fantomas, etc) ou Jason Pierce dos Spiritualized.
Mas isto não significa que o disco não esteja recheado de belas canções que alternam entre uma introspecção deprimida e uma exuberância dramática, como a elegante “Unbalanced Pieces”, a virtuosa “You’ll Miss Me When I Burn”, o conforto jubiloso de “Shadows Fall”, a taciturna “Can’t Catch The Rain”, ou “Praying Ground” com a assombrosa voz de Rosa Agostino dos Red Ghost.
_