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13 janeiro 2010

Pop # 9 - Belle And Sebastian - “If You’re Feeling Sinister” (1996 Jeepster)

“If You’re Feeling Sinister” é, na minha opinião, onde encontramos o mais forte conjunto de canções alguma vez criado pelos Belle And Sebastian. Mais melancólico, complexo e sofisticado, do que por exemplo “The Boy With The Arab Strap”, aqui criam uma “pop” perfeitamente arrebatadora e melódica, maioritariamente assente em guitarras acústicas ou guitarras eléctricas límpidas.
Composto de formosas canções, que contam histórias únicas - às vezes opinativamente, às vezes introspectivamente – relatadas pela fantástica visão surreal da vida cotidiana que Stuart Murdoch têm.
As vozes suaves e a dócil música podem enganar, pois existe aqui pouca inocência. Ouçam atentamente as memoráveis letras, subtis e sarcásticas, impregnadas de um elevado (embora bem negro) sentido de humor.
Desde a épica, intemporal e fantasticamente cómica “The Stars of Track And Field”, passando pela espiral de piano presente em “Seeing Other People”, pelos gentis e alucinogénicos arranjos de “Like Dylan In The Movies” , pelo belo hino metafórico “The Fox In The Snow”, pela notável “Get Me Away From Here, I’m Dying”, pelo delicado e disciplinado dedilhar visível na extraordinária “If You’re Feeling Sinister”, até concluir com a distinta “Judy And The Dream Of Horses”.
O facto de serem originários de Glasgow, e descenderem de uma estirpe que remonta a bandas como The Pastels ou Orange Juice, ajuda a compreender as suas origens, mas também podemos visualizar a inigualável melancolia de um Nick Drake ou mesmo algumas influências dos Tindersticks.
E o melhor é que podemos escutar repetidamente o disco, e descobrir sempre algo novo, e são estas pequenas coisas inteligentes, perspicazes, poéticas que nos fazem sentir melhor.
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03 fevereiro 2009

Editoras # 3 - Postcard - The Sound Of Young Scotland

Ao contrário de Londres e Liverpool, nos anos 60 e 70, a Escócia não tinha tradição musical.
Isso mudou com a criação em 1979 da Postcard Records por Alan Horne. Situada em Glasgow, a partir de um pequeno andar arrendado, esta memorável editora foi a responsável por apresentar ao mundo bandas talentosas e visionárias como os Orange Juice, Aztec Camera e Josef K, e pelo celebrado slogan “The Sound Of Young Scotland”. Mas também foram responsáveis por descobrirem e terem editado o primeiro registo dos australianos The Go-Betweens.
Apesar de todos estes grupos terem assinado por outras editoras, muitos argumentam e debatem que nunca editaram nada tão bom com aquando da sua estadia na Postcard. Podemos não concordar com isso, mas o que é inequívoco é que cada “single” editado pelo Postcard é um absoluto clássico. E o seu impacto na música “pop” escocesa foi fundamental, inspirando bandas que durante os anos se foram confessando fãs como The Wedding Present, Teenage Fanclub, Belle & Sebastian, Franz Ferdinand e até mesmo os Travis.
A Postcard obrigou a industria musical fortemente centrada em Londres a olhar para norte, mais precisamente para Glasgow (da mesma forma como a Factory iria fazer para Manchester), de onde também surgiram outros grupos visionários como Associates, Altered Images ou The Fire Engines.
As grandes editoras estiveram atentas e de repente surgiram numerosamente em Glasgow para a caça ao ouro. E o rápido sucesso da Postcard acabou por ser também a sua desgraça e ruína, pois os grupos da editora acabaram por a abandonar para assinarem pelas multinacionais. Também a partir da segunda metade dos anos 80, os principais músicos escoceses abandonaram a ética DIY do Postcard e ao assinarem pelas grandes editoras, abraçaram o seu lado comercial. E se por um podemos incluir os magníficos The Jesus and Mary Chain nos grupos que assinaram por multinacionais, por outro temos que os excluir pois numa primeira fase nunca se desviaram da sua muita peculiar sonoridade, numa época onde surgiram os manhosos e ornamentados Hue & Cry e Deacon Blue. Mas as pessoas depressa se cansaram desse som açucarado, e uma nova geração de músicos escoceses iria novamente redescobrir e reinventar o som da Postcard. E a partir do final dos anos 80, a Escócia produziu muita da música mais original e criativa através dos já referidos The Wedding Present ou Teenage Fanclub, mas também dos The Pastels, The Vaselines ou Mogwai.
Hoje esse espírito pioneiro ainda poderá ser encontrado em pequenas editoras escocesas como a Chemikal Underground ou a Geographic.
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19 janeiro 2007

Camera Obscura - "Let's Get Out Of This Country" (2006 Merge)

"Are You Ready To Be Heartbroken?", perguntava Lloyd Cole em 1984. A resposta chega 22 anos depois, "Lloyd, I'm Ready To Be Heartbroken", canção de apresentação dos escoceses Camera Obscura, presente no seu terceiro disco "Let´s Get Out Of This Country", gravado na Suécia com o produtor Jari Haapalainen (já trabalhou com Ed Harcourt).
E a ligação pode ser encontrada na pop melódica, de cariz romântica. Estamos presente 10 canções com uma beleza orquestral notavel, apoiada nos excelentes arranjos da secção de cordas, e no clássico som do orgão sempre presentes. Canções como "Come Back Margaret", "If Looks Could Kill", ou "Dory Previn" (dedicado à cantora americana dos anos 70, que parece servir de inspiração para a vocalista Tracyanne Campbell). Outras influências que podem servir para entender o charme desta banda de Glasgow, que apesar de se ter formado em 1993, só editou o primeiro album em 2001, são as girls-band da Motown dos anos 60 (Supremes, etc), os Velvet Underground, e os The Pastels.
Recomendado aos fãs dos antigos Belle & Sebastian (expecialmente os que ficaram desiludidos com "The Life Pursuit".