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22 junho 2010

Extremos # 8 - Gastr Del Sol – “Upgrade & Afterlife” (1996 Drag City)

Os Gastr Del Sol começaram como um projecto paralelo do vocalista/guitarrista dos Bastro, David Grubbs, e ao longo dos seis anos em que existiram como banda, sempre desenvolveram inúmero conteúdos musicais, sem nunca se tornarem previsíveis.
No elegante “Upgrade & Afterlife”, o segundo disco onde predominou a parceria entre Grubbs e Jim O’Rourke, o talentoso duo trabalhou com o percussionista dos Tortoise, John McEntire e o violinista Tony Conrad, entre outros convidados para compor “rock”, música electro-acústica, poesia, dedilhações de guitarra acústica (incluindo uma versão de “Dry Bones In The Valley”, original de John Fahey) e composições minimalistas em algo espaço e hipnótico, que, de acordo com o que Grubbs na altura disse de forma sarcástica, serviu como uma “janela” para os interesses colectivos que tinham no momento. Superficial, talvez, mas certamente que muito mais se estava a passar, e assim tornou as possíveis interpretações infinitas.
O posterior “Camofleur” é amplamente considerado, pela comunidade “indie”, como sendo o melhor disco deles, essencialmente pelo facto de possuir composições mais estruturadas e ter menos experimentação, mas pessoalmente considero o absolutamente formoso e extremamente comovente “Upgrade & Afterlife” como um notável e evocativo trabalho de génio e que mostra realmente Grubbs e O’Rourke no seu auge.
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24 setembro 2009

Wilco - Discografia Selectiva

“Being There” (1996 Reprise)

Tal como os Rolling Stones de “Country Honk” e os Grateful Dead de “American Beauty”, executam uma mistura de estilos – primariamente “country-rock” e rude “American punk” – com uma excitação “bar-room” e um charme decrépito que é inteiramente ilusório neste disco de dupla meditação sobre a idade e a vida “rock’n’roll”. Existe uma busca optimista na visão do compositor Jeff Tweedy que é perfeitamente igualada pela força das suas melodias.
Destaques: “Hotel Arizona”, “Outtasite (Outta Mind)”

“Summerteeth” (1999 Reprise)

Uma miasma de “rock, pop e “country”, que transcende géneros, onde trocaram as suas raízes “roots rock” pelos acordes “power-pop” dos Big Star, pelas harmonias radiosas dos The Beach Boys e por uma esfera de experimentação.
Rodopiando numa extraordinária tapeçaria de sons e uma enormidade de instrumentos que inclui mellotrons, guitarras “e-bow”, moogs, trompetes e várias percussões - todos tocados de uma forma vibrante, apurada e imaculada - as canções invocam as angústias amargas e as euforias irrealistas das relações humanas, através das tristes e sombrias letras, que demonstram um invulgar crescimento da parte de Tweedy. Ele aparentemente é sincero e directo, e o resultado é imediato, alternativamente amável e irritado, simultaneamente esplendoroso e perturbador.
Destaques: “Can’t Stand It”, “I’m Always In Love”, She’s A Jar”, “Via Chicago”

“Yankee Hotel Foxtrot” (2002 Nonesuch)

Um disco verdadeiramente especial, de uma banda que estava a alterar a sua sonoridade, com uma unicamente sóbria sensibilidade, e que leva o ouvinte numa ecléctica viagem existencialista.
Impregnado com uma consistência codificada e com uma complexidade rítmica jamais atingida num disco dos Wilco, onde os instrumentos típicos batalham com turbilhões de ruídos e sons bizarros, que interligam as canções de todas as formas possíveis. A presença de Jim O’Rourke não será alheia a esta sonoridade.
Está recheado de escuridão e mistério, com comoventes canções acerca do amor (imprevisível, magnífico, doloroso, incompreendido, desleal), num estranho mundo moderno, que revelam uma beleza intangível.
Destaques: “I Am Trying To Break Your Arm”, “War On War, “Heavy Metal Drummer”

“A Ghost Is Born” (2004 Nonesuch)

Outro diversificado e encantadoramente incompreensível esforço de um dos mais interessantes experimentalistas da musica moderna. Para além dos paradigmas e da ironia musical, temos o intrigante “pop”, mas também o rude, fumegante e jubiloso “rock’n’roll”. Imprevisivelmente, as canções aqui geralmente evitam os rápidos dividendos e grandes refrãos em favor de arranjos complexos e subtis dinâmicas. Tweedy surge mais relaxado, mais subjugado, e mais dependente do estúdio de gravação. O efeito é gradual, libertino em tonalidade, detalhe e nas estruturas libertas de convencionalismos das canções. Provavelmente não cativará na primeira audição, todavia, quando investimos tempo e o ouvimos repetidamente, conseguimos apreciar este disco sem esforço e as canções tornam-se verdadeiramente contagiantes.
Detaques: “At Least That’s What You Said”, “Hummingbird”,


05 junho 2009

Extremos # 5 - U.S. Maple – “Long Hair In Three Stages” (1995 Skin Graft)

No actual “rock moderno” não existe muito que desafie Jim O’Rourke, o músico, produtor e editor cujo interesse na “música sem precedentes” (ex: Bernhard Günter, Nuno Canavarro) é bem conhecido.
Mas em relação aos U.S. Maple, cujos dois primeiros discos produziu, O’Rourke simplesmente afirmou: “eu gosto dos U.S. Maple, porque quando os ouço, eles desafiam-me e isso é bom”.
Este quarteto de Chicago teve as suas sementes em minúsculas bandas de rock abrupto – Snailboy, Shorty, Diaper – e debutou como algo em que as raízes não se ligam a nenhum género.
Em “Long Hair In Three Stages”, a clivagem das guitarras gémeas (aqui não existe baixo), um sentimento acidental e a livre reciprocidade instrumental, conjugam uma sonoridade que junta o primitivo com o complexo e que remete para um Captain Beefheart em “Trout Mask Replica”. Mas o disco foi completamente escrito noutra linguagem, recheado de humor e níveis absurdos de ironia (verifiquem o gozo com as vedetas musicais), penetrante e confrontante, com explosivos andamentos temporais, onde tudo é misturado e é esta perplexidade musical que o torna tão agradavelmente provocador.
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