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09 abril 2010

Singles # 21 - Primal Scream - “Higher Than The Sun” (1991 Creation)

Os Primal Scream eram um grupo que ninguém levava muito a sério. No início de 1989, eles só queriam ser os MC5. No final desse ano, editaram "Loaded", que apesar do seu envolvimento óbvio, foi rapidamente considerado como tendo sido resultado do trabalho único de Andrew Weatherall. Mesmo depois desse “single” ter atingido o Top Ten e eles terem-no seguido com "Come Together", ainda eram considerados uma desinteressante banda que derivou para o “house”. "Higher Than The Sun" mudou tudo isso - e no processo mudou a forma como a música “pop” seria feita na década de 90.
Eloquentemente definiu o estado de uma nação à deriva no “Ecstasy”. Com as suas mentes "libertas" por sucessivos abusos de substâncias, Bobby Gillespie, Andrew Innes e Robert Young reuniram-se no apartamento de Innes em East London, com uma variedade de instrumentos que colocam o puritanismo “indie-guitar” contra a parede. Pois basta ouvir a versão “demo” (encontra-se no lado B de "Burning Wheel") para ver que "Higher Than The Sun" é uma muita própria concepção da banda. O que lhe deu essa “dimensão vital” foi a inspirada participação de Alex Paterson dos The Orb - que superou até mesmo a grandeza da sua própria "Little Fluffy Clouds" - com uma produção alucinogénica.
Liricamente também estavam muito à frente. Naquela época, o Ecstasy parecia ser um falso bilhete para os bons momentos, mas referências sem precedentes como "”hallucinogens can up-end me or untie me”, sugeriram que algo mais negro estava a chegar.
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04 fevereiro 2010

Classic # 24 - Primal Scream - “Exterminator” (2000 Creation)

Tal como os Primal Scream inventaram, em 1991, a sua própria banda-sonora para o Acid House com “Screamadelica”, ao se juntarem” aos The Orb e a Andrew Weatherall, e ao misturarem “beats” com abafadas guitarras reminiscente dos The Stooges e um “dub” halucinogénico, “Exterminator” maneja o mesmo bem oleado estratagema mas trocando o “house” pelo “electro” e “techno”.
Desta vez a “equipa de mistura” incluía entre outros David Holmes, Kevin Shield dos My Bloody Valentine, Dan The Automator, Jagz Kooner ou mais eficaz e surpreendentemente entre todos eles, os The Chemical Brothers. Estes últimos contribuem com uma frenética e vacilante “mix” de “Swastika Eyes”, que surge como o sucessor da “acid blues” mix de “Higher Than The Sun” que os The Orb realizaram para “ Screamadelica”.
Embora indiscutivelmente mais negro e vigoroso, depois de ter retirado elementos das sonoridades alcançadas em “Vanishing Point” e levando-as a um maior extremo sonoro, “Exterminator”, é facilmente identificável como o real sucessor de “Screamadelica”. Aqui é a amplitude, a profundidade, a energia, a intensidade e a ira presentes que completam o brilhantismo deste disco.
Mas “Exterminator” começa o seu penetrante curso de um ainda mais alto patamar, e a sua fuselagem está carregada com uma primitiva mistura explosiva do mais pesado “funk”, “jazz”, “noise” e “rock” prestes a explodir. E como se não bastasse debaixo de tudo, temos o verdadeiramente extraordinário e vibrante baixo de Mani (aka Gary Mounfield), que confere ao disco um acompanhamento deveras hipnotizador.
Assim e em canções como na poderosamente agressiva “Kill All Hippies”, na impertinente e intensa “Accelerator”, na bruma psicadélica de “Blood Money” ou nos abrasadores ritmos do transtornado “jazz” de “MBV Arkestra”, os Primal Scream retalharam todas as regras musicais para impulsionarem as suas estimulante ideias, no sempre muito estéril panorama musical.
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21 janeiro 2010

Electronic # 13 - The Sabres Of Paradise - “Haunted Dancehall” (1994 Warp)

Normalmente relegados para segundo plano quando se analisa a editora Warp, os The Sabres Of Paradise criaram aqui um disco extremamente coeso, que envelheceu maravilhosamente e ao contrário de muitos registos do mesmo período ainda soa tão moderno hoje como quando foi editado.
Inventivo e abstracto, ao nível do melhor de uns Aphex Twin, Andrew Weatherall e companhia fizeram um disco conceptual, mas onde parece obvio que também se queriam divertir, pois inventaram as treze pequenas narrativas (que seriam retiradas de um imaginário livro “Haunted Dancehall” de um imaginário autor - James Woodbourne), que acompanham o disco e que dão o titulo aos temas que servem para relatar a atmosfera da peculiar excursão de um tal Nicky McGuire pelo lado impuro da cidade de Londres.
Convenientemente estruturado, muito mais que o anterior disco, o palpitante “tecno” de “Sabresonic”, e menos direccionados para a pista de dança, é evidente que eles aqui encontraram o espaço necessário para serem cinemáticos e descritivos sem nunca comprometer o “groove”, ao criarem texturas sonoras (triturando “hip-hop”, “electro”, “dub”, “acid”) e sentimentos verdadeiramente únicos e totalmente envolventes, onde os espaços entre a música são tão importantes como a própria música.
Manhosamente, as faixas agem como se tivessem sido edificadas a partir da precedente, e de faixa para faixa, criam um sublime padrão auricular, através de pervertidos e borbulhantes “beats”, que aumenta a sombria atmosfera presente nas incursões de McGuire pelas ruas sinistras e becos misteriosos de Londres.
É impossível resistir à sinistra ameaça “lo-fi” de “Tow Truck”, aos melancólicos “grooves” da “mix” dos Portishead para “Planet D”, à assombrosa beleza de “Theme 4”, ao “tecno-dub” suspenso de “Wilmot”, ao excêntrico “Bubble And Slide”, às fantásticas paisagens sonoras de “The Ballad Of Nicky McGuire” e à espantosamente obscura “Haunted Dancehall” que encerra este aventuroso disco.
Genial.
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01 agosto 2007

Singles # 2 - Saint Etienne – “Only Love Can Break Your Heart” (1990 Heavenly)

Surgiram do nada com uma versão fantástica do original de Neil Young, e com o nome inspirado na famosa equipa francesa de futebol dos anos 70.
Pegaram no rústico original e transformaram-no numa excelente canção “pop” para a geração pós-rave, com uma batida irresistível, um crescendo de piano e um baixo orquestralmente mecânico, dando-lhe uma nova e impensável revisão.
Na altura sem vocalista definida, utilizaram Moira Lambert, que ao não acrescentar muita emoção na performance, acabou por favorecer a canção.
A mesma tornar-se-ia um clássico “chill-out” devido à excelente remistura realizada pelo mágico Andrew Weatherall, “mix of two halves” presente na versão 12” e na posterior re-edição em CD.
Como muito do trabalho inicial do St. Etienne (“Nothing Can Stop Us”; “Filthy”; Join Our Club"), “Only Love Can Break Your Heart”, é fortemente evocativo de uma época, o verão do início dos anos 90.

PS – Para os curiosos o original está no “After The Gold Rush”, e também é uma excelente canção, dentro do seu género.

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