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22 fevereiro 2010

Extremos # 7 - Flat Earth Society - “ISMS” (2004 Ipecac)

Quando a notável Ipecac resolveu editar um disco de uma “belgian avant-gard Big Band”, como constava na descrição que o acompanhava, poderia ser difícil de imaginar que se tratava de mais um disco peculiar e extremamente original.
“ISMS” reúne temas editados anteriormente apenas na Bélgica e compilados por Mike Patton para a sua editora. E que bem que aqui encaixa, pois esta recheado de estridências e das repentinas mudanças musicais que Patton tanto gosta.
Esta “big-band” belga liderada pelo clarinetista Peter Vermeersch, estendeu as suas fronteiras musicais utilizando o formato”Big Band” como instrumento, e criou uma música que podemos realmente apelidar de “avant-garde”.
As influências são inúmeras e oriundas de diversos locais, e aludem a um Frank Zappa dos anos 80, como ao “free-jazz” cósmico de Sun Ra, ao “jazz” polifónico de New Orleans como à musica “folk” setentrional, e as bandas sonoras dos “film noir”, mas tudo levado até aos limites da cacofonia. Através de loucas explosões sonoras onde os elementos da banda se gladiam para estilhaçar as fronteiras do “rock” e “jazz”, surgem combinações que não deveriam resultar, mas que funcionam extremamente bem, como evidenciado, por exemplo, nas extraordinárias “O.P.E.NE.R.”, “Funeral & Binche” ou “(Little) King Ink”.
Um disco que precisa de ser explorado, pois cada nova audição revela algo verdadeiramente novo.
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09 dezembro 2008

Electronic # 6 - Black Jazz Chronicles – “Future Juju” (1998 Nuphonic)

A palavra “jazz”, mesmo no seu formato mais ”futurista”, leva muitas pessoas a duvidarem, ou mesmo a evitarem tudo o que rodeia a mesma.
Assim quando Ashley Beedle, conhecido pela sua colaboração nos projectos X-Press 2, Ballistic Brothers e Black Science Orchestra, editou o seu primeiro disco a solo, a pergunta foi…seria este um desses impenetráveis, dissonantes e abstractos objectos? (Pois só quem passou 20 anos a meditar profundamente sobre os melhores momentos de Miles Davis é que normalmente é referenciado). Felizmente não. “Future Juju” é provavelmente o melhor trabalho publicado por Beedle. E isso quer dizer alguma coisa.
Obviamente bastante enraizado nas raízes da história da música negra e nas invocações dos anos 70, mas nunca excluindo as tendências actuais. O que retira do “jazz” é uma terrível atmosfera de antigos ritmos tribais, de jogos de percussão africana, de rituais “voodoo” representados para uma nova era digital. Começa e acaba com um melodioso solo de piano, mas o que se encontra entre essas faixas é um disco que nos transporta desde uma noite em Marrakesh até a um amanhecer em Kalahari. A falta de intervalos entre os temas, previne uma exploração “faixa-a-faixa”, razão suficiente para dizer que “Future Juju” situa-se entre os discos de Kirk Degiorgio para a Mo’Wax e os cantos hipnóticos de Fela Kuti (a cuja memória o disco é dedicado), entre o “funk” electrónico de Carl Craig e os místicos cânticos de louvor ao espaço de Sun Ra.
Não é uma viagem difícil, mas uma que revela mais contornos escondidos com cada audição.
Afrocêntrico, excêntrico, e deslumbrantemente ecléctico.
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22 maio 2007

Antibalas - “Security” (2007 Anti)

Após dois discos na Ninja Tune, que eram puros exercícios de tributo a Fela Kuti, o regresso em grande com “Security”, que é um passo em frente para este grupo de Brooklyn.
O grupo começa a querer sair da sombra do mestre do Afro-Beat e a explorar o seu próprio som, com resultados surpreendentes. E se nas canções mais longas como “Fillibuster X” ou “Sanctuary” a influência do som de Fela ainda está fortemente presente, em canções mais pequenas como “Beaten Metal” ou “I.C.E.” é evidente o esforço em expandir a música para sons mais próximos do jazz.
Não será alheia a presença de John McEntire na produção, pois o homem dos Tortoise colocou em relevo a densidade harmónica do som, criando uma preciosa textura melódica que relembra tanto Charles Mingus, Sun Ra ou os Can, como Fela Kuti.
A partir da base rítmica do Afro-Beat, os membros do grupo, introduzem jazz, funk, dub, soul e música latina, misturados num “groove” que é simultaneamente hipnótico e infeccioso.