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24 novembro 2010

Singles # 25 - Oasis – “Live Forever” (1994 Creation)

Na tarde do dia 9 de Abril de 1993, Noel Gallagher estava em casa quando o telefone tocou. Do outro lado estava Alan McGee. Ele assinou os Oasis depois de ouvir quatro “demos” – uma delas era “Live Forever”.
Sem grande surpresa, “Live Forever” tem as suas raízes noutra canção, Em Outubro de 1991 “Shine On Me” dos Rolling Stones, o seu refrão tem exactamente a mesma melodia que as linhas de abertura dessa canção, e que impulsionou Noel para escrever a primeira música que ele acreditava sinceramente poder ser um futuro clássico.
18 meses depois McGee e a banda estavam de acordo que a canção merecia ser o ser primeiro Top Ten. E se bem que “Supersonic” e “Shakermaker” já tinham construído o perfil da banda, “Live Forever” já constava do reportório dos seus concertos e rapidamente ganhou reputação mediante o aumento do estatuto da banda
Uma espécie de manifesto – apresentando o carácter da banda e estabelecendo tanto de onde eles vieram e ao que estavam a reagir.
Simultaneamente forjaram uma ruptura com a era “grunge” e acenaram à experiencias “acid house” de Noel: : “You and I are gonna live forever”, poderia ter saído da boca de qualquer “clubber” do final dos nos 80.
Em Agosto de 1994, “Live Forever” envolto numa capa que mostrava a casa onde John Lennon passou a sua infância, voou para o Top Ten, e as ultimas dúvidas sobre os méritos musicais dos Oasis (um pouco ocluída nessa altura pelo muito gin, coca e lutas) desapareceram.
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03 julho 2010

Singles # 24 - Beck – “Loser” (1993/4 Bong Load/Geffen)

Em 1992, Beck Hansen vivia em Los Angeles e ocasionalmente tocava num pequeno espaço chamado Jabberjaw. Os seus contactos nesse espaço levaram à sua apresentação a um produtor local chamado Karl Stephenson – o cérebro por detrás do projecto “art-pop” Forest For The Trees.
A dupla, juntamente com um amigo em comum, resolveu reuniu-se em casa de Stephenson, onde Beck tocou algumas das suas canções, mas nada de produtivo surgiu, e Stephenson, inclusive, parecia terrivelmente entediado. Numa altura em que Beck começou a tocar um “riff” de guitarra “slide”, os outros saíram para comer uma pizza, e deixaram a “tape” a rolar, Beck escreveu a letra enquanto eles estavam ausentes e posteriormente gravaram a canção, tendo Stephenson adicionado um “drum beat”. Tudo foi feito num par de horas, e quando Beck saiu, já se tinha esquecido completamente da canção.
Nove meses depois a Bong Load Records emitiu 500 cópias da mesma. Rapidamente cópias gravadas começaram a circular pelas rádios americanas e na Primavera de 1994, “Loser” tornou-se um “hit single”, tendo Beck assinado com a Geffen. O “timing”, fortuitamente foi brilhante: com a obsessão dos “media” pela geração “slacker” num pico absoluto, uma canção a conter um refrão destes, era referência obrigatória para chocar a consciência americana.
E se tudo isto ameaçou Beck de se tornar um “one-hit wonder”, a sua carreira posterior não deixa dúvidas sobre esse facto.
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28 maio 2010

Singles # 23 - Suede – “The Drowners” (1992 Nude)

Como declaração de intenção, “The Drowners” pode ser questionável. Combinando a encardida profanidade de uns The Smiths com o acanhado histrionismo do melhor “glam”, o “single” de estreia dos Suede teve um impacto absolutamente intencional. Muito disso deveu-se às brutalmente excelentes linhas de guitarra do jovem Bernard Butler. Mas as letras também foram “construídas” com o propósito de chamar a atenção de quantos mais possíveis, em conformidade com a confessas intenções de Brett Anderson de fazer canções “rock” menos abertamente heterossexuais. Assim esta pode ser visualizada de duas perspectivas diferentes: a do sexo feminino a falar do seu amante, e a ideia de incesto homossexual que transparece do primeiro verso. Essencialmente aqui retratam-se duas pessoas que estão drogadas no sexo e na paixão, em intensas emoções humanas.
Através da reapropriação dos clássicos com uma abrasadora auto-confiança e investindo em cada segundo uma sexualidade ameaçadora, “The Drowners” respectivamente prefigurou os Blur, os Oasis e os Pulp no assalto ao “Britpop”, e apesar de apenas ter atingido o número 49 em Maio de 1992, mudou a forma como as bandas britânicas abordavam o “pop”, sugerindo que os anos 90 poderiam ser uma década musical tão vibrante como qualquer outra.
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03 maio 2010

Singles # 22 - Nirvana - “Smells Like Teen Spirit” (1991 Geffen)

Quando os Nirvana começaram a gravação de “Nevermind”, em Maio de 1991, reforçados com um novo brilhante baterista e um acordo com a Geffen, eles eram a banda de Seattle com maior probabilidade de obter sucesso. E o que “sucesso” significa neste contexto era repetir o êxito dos Sonic Youth, que tinham conseguido atingir o Top 100 de álbuns nos Estados Unidos, com o seu último disco.
Apenas algumas semanas antes, Kurt Cobain tinha apresentado à banda um novo “riff”, com o qual eles experimentaram vários acordes durante uma hora, até atingirem a canção que ele intitulou “Smells Like Teen Spirit”. Ele tomou consciência dessas palavras após uma noite passada a pintar slogans revolucionários com spray pelas ruas de Olympia na companhia de Kathleen Hanna das “riot grrrls” Bikini Kill. No regresso a casa, e no meio de uma conversa sobre a insurreição juvenil, Hanna disse: “Kurt smells like teen spirit”. Kurt tomou a frase em consideração, sem imaginar que referenciava uma marca de desodorizante.
As letras podiam ser obscuras e semi-improvisadas, mas ainda referenciavam os padrões da geração X: o sarcástico cinismo e o violento niilismo. E desde o seu lançamento em Setembro de 1991, “Smells Like Teen Spirit”, obteve um sucesso comercial sem precedentes, conseguindo unir a juventude americana como nada há vários anos, e permitindo aos “media” focarem-se em Kurt como um ícone para uma geração indolente.
Naturalmente, o próprio Kurt foi extremamente ambivalente em relação ao sucesso da canção (e a sua extrema exposição na MTV), tendo posteriormente intercalá-la nas actuações ao vivo com o “hit” dos Boston, “More Than A Feeling”, a canção que a imprensa “mainstream” acreditava que mais se assemelhava. Ironicamente a banda quase que inicialmente tinha descartado a canção, pois achavam que poderiam ser acusados de ter copiado os Pixies. Isso, acabaria por tornar o menor dos seus problemas.
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Nirvana - Smells Like Teen Spirit

09 abril 2010

Singles # 21 - Primal Scream - “Higher Than The Sun” (1991 Creation)

Os Primal Scream eram um grupo que ninguém levava muito a sério. No início de 1989, eles só queriam ser os MC5. No final desse ano, editaram "Loaded", que apesar do seu envolvimento óbvio, foi rapidamente considerado como tendo sido resultado do trabalho único de Andrew Weatherall. Mesmo depois desse “single” ter atingido o Top Ten e eles terem-no seguido com "Come Together", ainda eram considerados uma desinteressante banda que derivou para o “house”. "Higher Than The Sun" mudou tudo isso - e no processo mudou a forma como a música “pop” seria feita na década de 90.
Eloquentemente definiu o estado de uma nação à deriva no “Ecstasy”. Com as suas mentes "libertas" por sucessivos abusos de substâncias, Bobby Gillespie, Andrew Innes e Robert Young reuniram-se no apartamento de Innes em East London, com uma variedade de instrumentos que colocam o puritanismo “indie-guitar” contra a parede. Pois basta ouvir a versão “demo” (encontra-se no lado B de "Burning Wheel") para ver que "Higher Than The Sun" é uma muita própria concepção da banda. O que lhe deu essa “dimensão vital” foi a inspirada participação de Alex Paterson dos The Orb - que superou até mesmo a grandeza da sua própria "Little Fluffy Clouds" - com uma produção alucinogénica.
Liricamente também estavam muito à frente. Naquela época, o Ecstasy parecia ser um falso bilhete para os bons momentos, mas referências sem precedentes como "”hallucinogens can up-end me or untie me”, sugeriram que algo mais negro estava a chegar.
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12 março 2010

Singles # 20 - Happy Mondays – “Step On” (1990 Factory)

Para muitos, 1990 foi o ano em que o movimento “Madchester” explodiu. Para os Happy Mondays, o ano anterior tinha sido concluindo com o culturalmente afirmativo “Madchester Rave On EP” e uma subsequente aparição no “Top of the Pops” com os The Stone Roses, tornou a cidade vendável.
Três meses depois os HM foram convidados a escolher uma canção do catálogo da sua representante nos Estados Unidos – Elektra – para um disco comemorativo dos 40 anos da editora. A escolha acabaria por recair sobre o obscuro artista sul africano John Kongos. O titulo original – “He’s Gonna Step On You Again” - foi encurtado, e com a produção a cargo de Paul Oakenfold, rapidamente gravado.
A banda gostou tanto do resultado que editou-a como “single”, chegando ao número cinco do Top Britânico em Abril, e muitos dos presentes concordam que este será provavelmente o momento mais definitivo dos HM.
1990 seria ainda o ano fundamental para a banda de Shaun Ryder, quer em termos de sucesso monetário quer dos absolutos excessos farmacêuticos.
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Happy Mondays - Step On

16 dezembro 2009

Singles # 19 - The Jesus and Mary Chain – “Just Like Honey” (1985 Blanco Y Negro)

Apesar de “Just Like Honey” apenas ter sido o terceiro “single” extraído de “Psychocandy”, foi sempre o que mais me marcou.
Ao combinarem dois acordes, uma batida primitiva de bateria e um torrencial “wall of sound” de feedback e distorção que mutila as guitarras, com uma melodia simples, invocam os primórdios do “rock and roll”, ao pegaram numa formula vulgar e formal de elaborar música, muito ao espírito de um Phil Spector.
Mas é nesses dois aspectos, que se encontra a sua beleza. Uma explosão de “noise” finamente presa a uma melodia.
Evocativa e sexual, as provocadoras letras, cujas referências acerca de ser o “plastic toy” de alguém, não parecem nada inocentes. Mas como é tão aduladora e sincera, é mais uma canção de amor do que um relato de uma aventura carnal. E por isso certamente foi tão bem seleccionada para o final do filme “Lost In Translation”.
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10 novembro 2009

Singles # 17 - The Smiths – “Hand In Glove” (1983 Rough Trade)

Apesar de ter sido considerada uma das melhores canções de amor dos últimos tempos, pela altura do seu lançamento, o primeiro single dos The Smiths nunca teve muito sucesso, e nem a insistência de Morrrissey em coloca-lo em inúmeras compilações iria alterar o seu destino. Mas é uma canção que retrata bem a verdadeiramente única relação que existiu entre a banda e os seus fãs.
Apoiada na controversa capa com um nu masculino, e pela sofrida letra acerca de um amor perfeito, que é arruinado pelo pessimismo de um deles e por uma sociedade pejorativa, cantada na assombrosa voz imediatamente identificável, e emparelhada pela cintilante música criado por Johnny Marr, que contava com a cuidadosa duplicação de guitarras eléctricas e acústicas, produzindo um som mais “rock” para o seu primeiro registro.
Curiosamente a versão que Sandie Shaw editou após criar uma amizade com Morrissey, teria muito mais sucesso.
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05 agosto 2009

Singles # 16 - Ramones – “Blitzkrieg Bop” (1976 Sire)

Em 1976, a faixa principal do disco homónimo de estreia representava a música mais rápida e mais simples que já se tinha ouvido.
Os Ramones criaram uma forma musical que agradava aos jovens, pois qualquer um podia repetir a dose em dois alegres minutos.
Ao longo dos anos fui encontrando muitas interpretações para o título da canção e para o seu conteúdo. Desde logo pelo facto de “Blitzkrieg” ser uma expressão alemã de uma táctica de guerra relâmpago utilizada pelo nazismo, e que podia funcionar como uma referência para toda a energia que dominava as dinâmicas dos Ramones. Também se constou que seria a resposta dos Ramones ao enorme êxito de “Saturday Night” dos Bay City Rollers (também queria uma canção com um refrão contagiante), que seria sobre lutas de gangs ou que era apenas uma referência a passarmos bons bocados nos concertos dos próprios.
Independentemente de tudo isso, “Blitzkrieg Bop” é uma obra-prima de simplicidade que produziu eco nas profundezas do “punk”. “Hey, Ho, Let’s Go!”
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07 julho 2008

Singles # 15 - Mudhoney – “Touch Me I’m Sick” (1988 Sub Pop)

O disco que marcou a história da Sub Pop. Curiosamente lembro-me bem que a primeira vez que ouvi falar deles foi através do nosso Peel, o carismático António Sérgio, que passou no Som da Frente, a versão que os Sonic Youth (na altura já favoritos cá da casa) fizeram para este tema e a seguir a que estes fizeram para “Halloween” dos primeiros.
Independentemente de classificar-mos a sua sonoridade de “grunge” ou “guitar-noise”, esta foi uma das mais importantes bandas do movimento independente que cresceu em Seattle na segunda metade doa anos 80.
As suas origens estão nos lendários Green River, a primeira banda dos guitarristas Mark Arm e Steve Turner, que incluía ainda Stone Gossard e Jeff Ament, futuros Mother Love Bone e actualmente Pearl Jam.
Fecharam-se num estúdio com Jack Endino e misturando o “hardcore” dos Black Flag com a gloriosa brutalidade dos The Stooges, criaram um som brutal e explosivo, baseado no deformado “riff” de guitarra, extremamente distorcido através de um pedal de distorção Big Muff, acompanhado pelo brusco baixo de Matt Lukin e pela frenética bateria de Dan Peters. Como complemento as obscenas letras de Arm evocam enfermidade e repugnância.
Os Mudhoney seriam a inspiração para um jovem Kurt Cobain, que esperava um dia produzir discos que acumulasse o mesmo ímpeto emocional.
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Mudhoney - Touch Me I'm Sick (Live - Video)

Mudhoney - Touch Me I'm Sick

16 abril 2008

Singles # 14 - Grandmaster Flash & The Furious Five - “The Adventures Of Grandmaster Flash On The Wheels Of Steel” (1981 Sugarhill)

Os primeiros discos verdadeiramente identificados como “hip-hop” (The Fatback Band – “King Tim III” e Sugarhill Gang – “Rapper’s Delight”) tinham sido editados dois anos antes, mas seria Grandmaster Flash que iria com este disco massificar o movimento.
Flash trouxe a arte de “djing” para outro nível de sofisticação ao introduzir técnicas como o “backspinning” e o “cutting”. Foi pioneiro no uso do “cross-fader”, ou na forma como sobrecarregava os canais do misturador com ruído.
E se por um lado, “…Wheel Of Steel” era uma colagem de discos diversos como Sugarhill Gang – “8th Wonder”, Queen – “Another One Bites The Dust”, Blondie – “Rapture”, Chic – “Good Times”, The Incredible Bongo Band – “Apache”, a banda sonora de “Flash Gordon” e até extractos de uma história infantil, que Flash gravou dos gira-discos de uma forma directa, até conseguir o som pretendido (consta que conseguiu à quinta tentativa), por outro lado, era mais do que uma colagem, era uma “cut-up” que servia de “batida” ao longo dos sete minutos do disco. Flash demonstrou que o gira-discos, poderia ser um instrumento de percussão com um alcance e uma aptidão expressiva superior à da bateria e outros instrumentos similares.
Audacioso, assertivo e agressivo como quase tudo o que surgia da orla “art-punk” de Nova Iorque, e que se mantém como a maior proeza de temeridade.
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05 março 2008

Singles # 13 - Bauhaus - “Bela Lugosi’s Dead” (1979 Small Wonder)

Diz-se que esta canção marcou o início e definiu as elaboradas fantasias cimérias do rock gótico.
Gravado na pequena editora Small Wonder, o primeiro single da banda originária de Northampton, é uma dedicatória ao ícone actor de série B, Bela Lugosi, que se tornaria conhecia pela sua interpretação no filme “Dracula”, realizado em 1931 por Tod Browning, provavelmente ainda hoje o melhor.
Eram dez minutos que criavam uma atmosfera de tensão, resultantes da combinação da voz “cavernosa” de Peter Murphy, apoiada no baixo de David J, na bateria repetitiva de Kevin Haskins e nos sons minimalistas criados pela guitarra de Daniel Ash.
E a canção termina de uma forma magistral com Murphy repetindo “Undead, Undead, Undead…” que parece evocar e reforçar a eternidade dos mitos de Dracula e Lugosi.
Em 1983, a aparição dos Bauhaus no início do filme “The Hunger” de Tony Scott, com David Bowie e Catherine Deneuve, é um prelúdio absolutamente propício para o ambiente soturno que caracteriza a discoteca onde decorre essa primeira cena. E com Murphy a demonstrar porque era (é) um dos melhores “performers” musicais, na forma como interage com a câmara.
A seguir veio “In The Flat Field”.
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Video

16 janeiro 2008

Singles # 12 - Ian Dury – “Sex & Drugs & Rock & Roll” (1977 Stiff)

Há trinta anos atrás, quando criou esta terminologia trivial, Ian Dury não era um miúdo punk, mas antes um veterano do “pub-Rock”, pois em 1977 quando assinou pela Stiff já tinha 35 anos.
E curiosamente seria ao adaptar uma nota de uma canção do veterano músico de “jazz”, Ornette Coleman, que iria criar uma das canções universalmente mais conhecidas, e constantemente referenciada como o típico estilo de vida do músico “rock“.
Mas no entanto este hino, não iria celebrar o hedonismo pateta associado ao movimento, antes pelo contrário, pois a canção esconde uma letra de grande sobriedade e perspicácia.
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17 dezembro 2007

Singles # 11 -Sugarhill Gang – “Rapper’s Delight” (1979 Sugarhill)

“Rapper’s Delight” foi o primeiro grande sucesso do hip-hop/ rap, e permitiu ao movimento ganhar uma dimensão mundial.
Reza a história que Sylvia Robinson (veterana cantora, produtora e editora musical, que iria criar a editora Sugarhill) ouviu que na Bronx, em Nova Iorque, estava a surgir uma forma musical que utilizava o rap sobre colagens instrumentais. O rap já existia como forma musical há uma década desde que pioneiros como os Last Poets começaram a utilizá-lo.
Pensando que poderia tirar proveito desta nova forma musical, juntou um trio de desconhecidos, e utilizando uma base rítmica baseada numa parte de “Good Times” dos Chic, criou uma canção que cativou os ouvidos dos habitantes nova-iorquinos que reclamaram por mais.
Eram 15 minutos (só foi editado na versão 12”) que apresentaram uma mensagem positiva, onde encorajavam as pessoas a dançar e a afastar-se das drogas. As suas mensagens sempre foram de carácter social, ao contrário da maioria do hip-hop actual, cujas referências líricas são bem diferentes.
Criariam mais sucessos como “8th Wonder, e serão para sempre recordados como pioneiros da “old school”.
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22 novembro 2007

Singles # 10 - The Normal - “Warm Leatherette/T.V.O.D.” (1978 Mute)

Não se deixem enganar pelo nome, isto é tudo menos música “normal”.
Reza a história que Daniel Miller, um ex-punk, fã de “krautrock”, adquiriu, em segunda mão, um sintetizador Korg e um gravador de 4 faixas, e começou a experimentar com os sons criados. Compôs e gravou dois temas no seu quarto, que resolveu editar em single, por conta própria ao criar a etiqueta Mute Records, tendo recorredo à distribuição da Rough Trade.
O suposto lado A, “Warm Leatherette” é inspirado na novela de JG Ballard, “Crash” (a mesma que foi posteriormente adaptada ao cinema por David Cronenberg), e aborda os fetiches sexuais relacionados com acidentes de viação. A rígida caixa de ritmos e o som sibilante dos sintetizadores, ajudam ao conteúdo. (Grace Jones iria realizar uma excelente versão).
Mas seria o lado B, que iria ser mais apreciado, “T.V.O.D.” que observa a dependência e saturação dos “media”, e em particular da televisão. Um extraordinário “cocktail” sonoro, que inclui “samples” de excertos de programas de TV, sons electrónicos adulantes e “noise”, reminiscente do que os Cabaret Voltaire faziam na mesma altura.
“I don’t need a TV screen”, diz.
É hoje referenciada como um marco no desenvolvimento do “post-punk” e da “new-wave”.
Miller apenas editou este disco e dedicou-se a promover a Mute, e os seus primeiros artistas, como Fad Gadget ou D.A.F.

13 novembro 2007

Singles # 9 - New Order – “Blue Monday” (1983 Factory)

Muito se poderia dizer sobre “Blue Monday”, um dos grandes singles da história da música de dança. É provavelmente o mais importante e influente das últimas 3 décadas. O outro disco de dança que se aproxima em termos de originalidade e influência será a colaboração entre Giorgio Moroder e Donna Summer na criação de “I Feel Love”.
Neste caso, como no de Moroder/Summer, esqueçam as inúmeras remixes que apareceram posteriormente, a versão original de sete minutos e meio é que personifica a perfeição sonora alcançada pelos ex-Joy Division. Os sintetizadores juntamente com o baixo poderoso de Peter Hook criam um irresistivel e contagiante ritmo mecânico.
A capa do disco também ficou celebre por não mencionar nem o nome do grupo nem da canção, apenas um conjunto de pequenos quadrados coloridos que representavam um tipo de código criado pelos designers da Factory, e que seria continuado no álbum subsequente “Power, Corruption & Lies”.

Video

02 novembro 2007

Singles # 8 - Buzzcocks – “Ever Fallen In Love…” (1978 United Artists)

Já sem Howard Devoto, Pete Shelley criou aqui uma provocativa canção. Fugia das referências sexuais de “Orgasm Addict”, e das anárquicas de “Boredom”.
Um “riff” de guitarra poderoso, e uma história de paixão, com um memorável refrão, que foge ao normais “clichés” do “pop”, cantada na fria e desapaixonada voz de Shelley.
Os Buzzcocks faziam um espécie de pop-“punk”, melódico, contagiante, bastante diferente dos ritmos frenéticos do movimento “punk”, e criaram alguns dos melhores singles da história.
É uma das canções que mais versões deve ter tido, realizada por gente tão diversa como os Fine Young Cannibals ou Pete Yorn.

18 outubro 2007

Singles # 7 - The Gist – “Love At First Sight” (1981 Rough Trade)

Após o fim dos Young Marble Giants, Stuart Moxham e o seu irmão Philip criaram os The Gist, que seriam basicamente um projecto de estúdio, onde continuaram a explorar a pop minimalista que caracterizava o som dos YMG. Em alguns temas do álbum que se seguiu (“Embrance the Herd” (1983 Rough Trade), introduziram um pouco mais de electrónica, resultando um disco multifacetado.
Aqui criaram uma cativante e contagiante canção. Um pequeno tesouro, com uma mensagem facilmente perceptível e evocativo das nossas paixões.
Sempre que a ouço, para além das boas recordações que traz, fica sempre um bem-estar presente no espírito.
Uma pérola pop.

08 outubro 2007

Singles # 6 - M/A/R/R/S – “Pump Up The Volume” (1987 4AD)

Uma colaboração proposta por Ivo Watts-Russell, líder da 4AD, iria criar um dos discos mais importante da história da música de dança, e do “sampling” em particular. Acabou por ser um êxito global, tendo sido re-editada por mais de dez vezes, e proporcionou à 4AD um sucesso inesperado.
Consistiu na junção de duas bandas que na altura faziam parte do catálogo da casa: A.R. Kane e Colourbox (o nome é composição das iniciais dos nomes dos envolvidos), com os DJ’s Dave Dorrell e C.J. Macintosh (responsáveis pela selecção dos “samplers”, pelos “scratchs” e efeitos sonoros).
Importante seria o trabalho destes últimos ao realizarem a mistura principal, utilizando cerca de 250 samples para o efeito, com a base principal de “Pump Up The Volume” a ser retirada de "I Know You Got Soul" de Eric B & Rakim. Incluía ainda outros extractos de faixas como “Say Kids, What Time Is It?” dos Coldcut, “Im Nin'Alu" de Ofra Haza, ou “Funky Drummer” de James Brown. Mas também incluía 3 segundos “samplados” de “Roadblock” dos Stock Aitken & Waterman, que não foram “legalizados” para uso, e que criou problemas na edição do disco, e nos consequentes “royalties”.
Na altura foi fundamental ao providenciar a ligação entre o som “retro” do “rare groove” com a nova corrente de música baseada em “samplers” oriunda dos Estudos Unidos.

10 setembro 2007

Singles # 5 - The Smiths – “How Soon Is Now?” (1985 Rough Trade)

Será sem dúvidas a canção mais famosa dos Smiths (aqui foi-o) que no entanto surgiu primeiro em 1984 como o lado B do single "William, It Was Really Nothing".
“How Soon Is Now?” é uma das canções mais “rock” da banda, com uma sonoridade única, na forma como entrelaça as longas partes instrumentais (inesquecível aquele riff/vibrato de guitarra) com as sublimes partes vocais de Morrissey.
A letra é das mais introspectivas que Morrissey escreveu, treatricamente amarga.
Esta seria a base do som dos Smiths: as melodias de Johnny Marr e as letras de Morrissey, histórias de desilusão, desamor e inadequação aos tempos modernos.
Os Smiths gravaram várias obras-primas, mas nenhuma tão perene como esta.
Um hino da música alternativa dos anos 80.

Video