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28 outubro 2010

Women – “Public Strain” (2010 Jagjaguwar)

O disco homónimo de estreia dos canadianos Women, editado em 2008, mostrou muita qualidade com a sua fantástica energia, mas para muitos, o seu nervoso, barulhoso “art-rock” e experimental “pop”, era um pouco pesado no seu casamento entre melodia e abrasão.
“Public Strain” definitivamente não é “Women 2.0”, é mais longo e as maciças ondas sonoras que ainda tentam aperfeiçoar, parecem agora verdadeiramente capazes. Enquanto o primeiro álbum foi coroado com fortes melodias e elevadas, no entanto belas, camadas sonoras, “Public Strain”, tem o seu foco na capacidade de composição e nas firmes melodias, é o som de uma banda a soltar-se e a alargar a sua palete sonora numa muita mais poderosa e coesa visão. Os Women continuam a fugir a uma categorização fácil, e assim é indiferente se os chamarmos de experimentalistas “pop” ou “noisemakers”, uma coisa é clara, o que eles fazem é excelente.
Melodiosos, artísticos e possuindo os impecavelmente cativantes “riffs, soam tentadoramente inovadores e ”refrescantes”, as canções ganham forma através das suas melodias, da impressionante destreza e da intrincada musicalidade da banda, que combina hermeticamente as progressões que soam singularmente livres, nas enormes “walls of sound”.
Eles podem lembrar os Deerhoof ou os Liars, mas o seu “modus operandi” (misturar luz com sombras, “noise” com “pop”) foi praticamente inventado pelos The Velvet Underground. Mas o que é fundamental, é que eles absorveram estas influências, mas sem as imitarem, retirando o que queriam, e destilando-as em algo novo. Ao fazerem isso, eles provam que são uma das mais versáteis e imprevisíveis bandas actuais. E quando chegamos ao épico “Eyesore”, que exibe os variados pontos fortes da banda – a atmosfera dos seus temas “noise”, os “riffs” angulares dos seus números “pop” e aquela pureza “rock” sempre à espreita - só apetece começar a audição novamente.
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14 maio 2010

The Besnard Lakes - “The Besnard Lakes Are the Roaring Night” (2010 Jagjaguwar)

Os canhões, o fogo e o céu vermelho presentes na capa do terceiro disco do grupo de Montreal são um claro indicador do que se encontra no seu interior.
Mais ritmado e imediato do que o anterior “The Besnard Lakes Are a Dark Horse”, onde tinham brilhantemente estabelecido a ambiciosa combinação entre “pop” orquestral e “guitar-heavy rock” (e que muitos mais milhares de grupos também tentaram sem sucesso fazer), aqui a mistura desses aparentemente incompatíveis estilos é ainda mais transparente e refinada.
Além disso eles realmente parecem ter retirado os seus fundamentos de bases mais distantes, e o seu majestosamente intenso “rock psicadélico” carregado de reverberação é bem alimentado por guitarras que sugerem influências tão díspares como Hawkwind ou Godspeed You! Black Emperor, mas também revelam uma real leveza de carácter.
O álbum é cintilantemente lúcido, demonstrando que eles obviamente estão no seu elemento, e tal como os discos anteriores, é um registo que funciona como um todo e que garante uma plena e ininterrupta audição do início ao fim, pela forma como as canções se fundem maravilhosamente nos seus ambientes circundantes.
Assim o voluptuoso épico “Like The Ocean, Like The Innocent, part II - The Innocent”, é edificado de uma forma que eleva a guitarra psicadélica e as maravilhosamente atmosféricas harmonias (aqui denota-se uma inspiração de Neil Young), a beleza etérea de “Chicago Train”, começa com as perfeitas harmonias bem ao estilo The Beach Boys por cima de um delicado sintetizador até que por volta do meio da música esta muda bruscamente para uma engrenagem em crescendo de reverberação e volutas vocalizações, o brilhante “Albatross” combina a deslumbrante voz de Olga Goreas com enormes “drones” de guitarra como pano de fundo, invadindo o território “shoegazing”, e a cintilante “Land Of Living Skies” contrasta as grandes camadas de ondulantes guitarras com as vocalizações espectrais.
Quase que posso garantir que não irá fazer o mesmo ruído que “…Are a Dark Horse”, mas estamos na presença de um álbum definitivamente forte e mais inequívoco que o anterior.
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