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17 setembro 2010

In The Beggining # 6 - Palace Music – “Viva Last Blues” (1995 Drag City)

Na década de 90, e embora muitos caminhos tenham sido perseguidos e posteriormente abandonados por músicos em busca de estilos ainda não saqueados, a trilha dos “Appalachian” foi uma das menos prováveis.
Mas no inicio dessa década, Will Oldham involuntariamente contribuiu para um outro renascimento das raízes americanas quando o nativo de Louisville no Kentucky, olhou para o seu próprio quintal em busca de inspiração.
Inicialmente editou a sua bem estudada versão de baladas “country” da era da Depressão no registo de 1992, “There Is No-One What Will Take Care Of You”, mas rapidamente ele abandonou o pastiche do “field-recording” e estabeleceu a sua própria voz em “Viva Last Blues”. Resolveu juntar uma banda com elementos que nunca tinham tocado juntos e libertou-os no estúdio, criando uma intrigante mistura de “folk-country-rock” que desafia classificação (ocasionalmente cobre o mesmo terreno do que os American Music Club). A produção desnudada de Steve Albini é bem visível na forma como a bateria é alisada sobre as guitarras com toda a delicadeza de uma forma a que o registo relembre uma autêntica “basement tape”.
Apesar de estar mais perto do convencional, a sua voz ainda surge rachada nos momentos certos, com Oldham acrescentando sentimento e idiotice” a versos como “If I could fuck a mountain, Lord, I would fuck a mountain” enquanto a sua banda toca como uns desarticulados músicos de Nashville.
Pode deixar-nos com um sentimento triste e claustrofóbico, mas este disco é extremamente belo na sua morbilidade.
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21 abril 2008

American Music Club - “The Golden Age” (2008 Cooking Vinyl/Merge)

Na segunda vida dos AMC, e ao nono disco, Mark Eitzel continua a criar grandes canções.
Em “The Golden Age”a musica surge fácil e leve, flutuando ao longo de acordes com inclinações “jazz”, às vezes tensos, mas completamente espontâneos.
As canções podem parecer agradáveis e encantadoras à superfície, mas existe sempre alguma raiva escondida por debaixo.
A sua melancolia ainda é predominante, e a sua habilidade de flectir acordes glaciares a volta de pura poesia permanece vital. De facto está mais forte do que nunca.
Para cada tempestade como “The Decibels And The Little Pills”, temos uma desvirtuada, mas imaculadamente criada canção “pop” como “All The Lost Souls Welcome You To San Francisco”.
E apesar de agora residir em Los Angeles, as referências a San Francisco continuam presentes. Mas as canções que mais chamam a nossa atenção, atingem uma rede mais vasta. E se Eitzel, que tinha como sua marca, as canções autobiográficas, como “Fearless”, aqui surge mais forte ao adaptar histórias narradas pelo ponto de vista de outras pessoas, como em “The Decibels And The Little Pills”, “The Grand Duchess of San Francisco”, e mais impressionantemente em “The Dance” e “The Windows on The World”, que relembra o 11 de Setembro pelos olhos de um turista no 107º andar do World Trade Center.
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07 maio 2007

Tributo # 3 - Mark Kozelek – Red House Painters

Os Red House Painters eram basicamente um projecto de Mark Kozelek, um compositor que via o mundo de uma forma trágica, melodramática, e cujas canções autobiográficas, eram relatos de dor, desespero e perda. Através de metáforas e alegorias, ele enfrentava os seus demónios na primeira pessoa, tendo criado alguns discos singulares e sem paralelo na sua vulnerabilidade e honestidade.
Kozelek tornou-se dependente de drogas ainda na adolescência, e numa das suas fases de reabilitação, tomou contacto com a música, e começou a tocar com bandas.
Após a sua mudança para Atlanta, na Geórgia, conheceu o baterista Anthony Koutsos, e formou a primeira incarnação dos Red House Painters. Em São Francisco iria completar a banda com o guitarrista Gorden Mack e o baixista Jerry Vessel. Numa actuação, chamaram a atenção de Mark Eitzel dos American Music Club, que enviou gravações do período 1990/91 para a 4AD, que as iria lançar como o primeiro disco dos Red House Painters: “Down Colorful Hill”. Este Mini-LP, era uma colecção que combinava magníficas melodias “folk-rock”, com a voz fantasmagórica de Kozelek. O ano de 1993, com a edição de dois discos homónimos, viria a ser o da consagração de Kozelek como um compositor único, capaz de conceber em canções como “Grace Cathedral Park”, Katy Song”, “Evil” e “Uncle Joe” a palete de emoções, que evidenciam e detalham o seu errático e perturbador passado. É uma “folk” desolada, triste, mas simultaneamente é tão belo. Mais uma vez, a imprensa tinha de rotular o estilo, que ficou conhecido como “slowcore” ou “sadcore”. No ano seguinte edita o EP “Shock Me”, uma versão surreal de um original dos Kiss. Após dois anos de intervalo, regressa aos álbuns com “Ocean Beach”, uma colecção de canções mais coloridas, com belos dedilhados delicados de guitarra, que o mostram mais confidente. Será o último disco para a 4AD, e o último dentro do estilo que caracterizou os três primeiros. “Songs for a Blue Guitar”, aparece em 1996 na Supreme, e apesar de Kozelek ser o único membro presente, o disco é lançado sobre o nome Red House Painters, no entanto este trabalho é de orientação mais “rock”, sinalizando o caminho que iria prosseguir.
Os projectos seguintes, a solo, incluem um disco de tributo a John Denver e o disco de versões radicais de canções dos AC/DC.
Em 2003 lançou sobre a designação Sun Kil Moon, o disco “Ghosts of The Great Highway”, um bom regresso, recheado de histórias com referências a “boxeurs”!