Mostrar mensagens com a etiqueta Howard Devoto. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Howard Devoto. Mostrar todas as mensagens

13 agosto 2010

My Favorites # 21 - This Mortal Coil – “It’ll End In Tears” (1984 4AD)

Um projecto criado na mente de Ivo Watts-Russell, onde membros de vários grupos da 4AD como Cocteau Twins, Dead Can Dance, The Wolfganf Press ou Colourbox trabalharam conjuntamente para escreverem canções e para realizarem surpreendentes versões de temas popularizados por Tim Buckley, Roy Harper ou Alex Chilton dos Big Star. A perspectiva era intimadora mas funcionou incrivelmente bem e seria um epítome e uma óptima introdução para do som 4AD.
Com tanta gente a trabalhar num disco, é natural que as sonoridades sejam bastante diversificadas. É evidente a diferença entre Howard Devoto a cantar o devastador “Holocaust” (original Alex Chilton) com o seu piano e violoncelo, para a turbulenta guitarra “indie” de “Not Me”, original de Colin Newman dos Wire.
Destaca-se o grande momento mágico, dominado pelos Cocteau Twins, na surpreendente versão, verdadeiramente de cortar a respiração, pela calmante cadência espiritual propositada por Liz Frazer, para “Song To The Siren”, o hino a uma sereia de Tim Buckley. Mas ainda a dolorosamente sedutora “Kangaroo” (original de Alex Chilton) cantada por Gordon Sharp, que nunca conseguiu com a sua banda - CindyTalk – atingir a graça que obteve neste álbum, a assustadora voz hipnótica de Lisa Gerard em “Dreams Made Flesh”, ou o exótico “Barramundi”, obra de Simon Raymond (baixista dos Cocteau Twins) que com a sua natureza obscura cria uma sonoridade verdadeiramente gótica. No entanto, e apesar de todos esses contrastes, cada faixa tem uma ligação estreita. É quase como se estivesse-mos a seguir um caminho espiritual.
Poderá faltar a grandeza do posterior “Filigree and Shadow”, mas este hipnótico e surpreendentemente belo álbum é despojado até ao esqueleto de beleza e tristeza.
_

02 novembro 2007

Singles # 8 - Buzzcocks – “Ever Fallen In Love…” (1978 United Artists)

Já sem Howard Devoto, Pete Shelley criou aqui uma provocativa canção. Fugia das referências sexuais de “Orgasm Addict”, e das anárquicas de “Boredom”.
Um “riff” de guitarra poderoso, e uma história de paixão, com um memorável refrão, que foge ao normais “clichés” do “pop”, cantada na fria e desapaixonada voz de Shelley.
Os Buzzcocks faziam um espécie de pop-“punk”, melódico, contagiante, bastante diferente dos ritmos frenéticos do movimento “punk”, e criaram alguns dos melhores singles da história.
É uma das canções que mais versões deve ter tido, realizada por gente tão diversa como os Fine Young Cannibals ou Pete Yorn.

16 abril 2007

My Favorites # 3 - Magazine – “The Correct Use of Soap” (1980 Virgin)

Não é fácil escolher o melhor disco dos Magazine. As opiniões sempre se dividiram entre os três primeiros discos desta banda simultaneamente clássica e extremista: “Real Life”(1978), “Secondhand Daylight”(1979) e “The Correct Use of Soap”(1980).
Para mim, sempre me fascinou “The Correct Use of Soup”, que conta com a presença de Martin Hannett na produção, porque é o resultado da evolução sonora começada com “Real Life”, e apesar de poder ser considerado mais comercial do que os anteriores, é neste disco que os cenários de paranóia existencial criados por Howard Devoto atingem o seu limite.
O disco abre em alta com “Because You're Frightened”, com o chocalhar de guitarra que era a marca registada de John McGeoch,, e com Devoto a emitir poesia numa psicose delirante. Em “You Never Knew Me” e “I Want To Burn Again”, estão as anti-canções de amor, da depressão resultante do rompimento da relação
A forma irónica de abordar a auto-estima e o ódio em canções como “I’m A Party” e em “A Song From Under The Floorboards, esta última provavelmente a melhor canção dos Magazine, onde a letra define na perfeição o carácter individualista de Devoto.
E o que dizer da inquietante versão de Sly Stone, “Thank You (Falettinme Be Mice Elf Agin)”, que é seguida pela oblíqua “Sweetheart Contract”, com o baixo de Barry Adamson destoante dos sintetizadores de Dave Formula.
Um trabalho surpreendentemente durável dado o nível de experimentação presente.