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26 junho 2007

Inovadores # 2 - Minutemen – “Double Nickels On The Dime” (1984 SST)

No início dos anos 80 as bandas da SST sentiam um salutar sentido competitivo, o que tornou possível que quando os Hüsker Dü gravaram o duplo “Zen Arcade”, este trio de californianos pensaram que também deveriam fazer um disco duplo. E o resultado são 45 canções (43 na reedição em CD), de paixão e clareza.
O disco representa os Minutemen e a sua atitude perante a música, a política e a vida.
Desafiando todas as convenções musicais com a sua atitude e experimentação, encontra-mos de tudo neste disco: rock, punk, jazz, folk, funk, blues, country, psicadelismo, spoken-word, e versões dos Creedence Clearwater Revival, Steely Dan ou Van Halen (só no vinil), mas contrariamente à maioria dos grupos punk que realizavam versões irónicas dos artistas que desprezavam, os Minutemen gostavam dos grupos que revestiram.
D. Boon através de confidentes e assertivas vocalizações ultrapassava as suas imperfeições. Não sendo um grande guitarrista, a sua técnica era baseada no “treble”. Mike Watt era/é um dos melhores baixistas de sempre, com o seu estilo jazzy. Com ele o baixo parece que ganha vida. E o baterista George Hurley conseguia fazer sons notáveis com um pequeno “drumkit”. Os Minutemen tinham nas suas fileiras três dotados músicos, que excediam a maioria das bandas punk da altura. Adicionando um “condimento” jazz-funk, criaram um som único.
Como exemplo vejam a forma como em cinco minutos, os Minutemen, passam do funk de “Viet Nam”, pela introspectiva guitarra acústica de “Cohesion”, até aos “drum breaks” de “It’s Expected I’m Gone”.
Cheio de grandes canções na maioria inferiores aos 2 minutos, destacam-se o punk-pistoleiro de “Corona”, o hipnótico “Jesus and Tequila”, essa falsa semi-balada que é “History Lesson-Part II”, e o funky “Anxious Mofo”.
Duas decádas após a sua edição, a sua influência ainda é palpável no trabalho de bandas como os Red Hot Chili Peppers, musicalmente, e os Wilco liricamente/politicamente.
Um marco absoluto no domínio rock alternativo.

05 abril 2007

Classic # 2 - Gang of Four - “Entertainment!” (1979 EMI)

Este quarteto de Leeds, composto por estudantes de Ciências Sociais (o seu nome é uma referência retirada da China comunista), foi responsável pela produção de alguma da mais excitante música proveniente de Inglaterra no período pós-punk.
Associações aos ensinamentos dos situacionistas, caracterizaram a curta carreira da banda. Curiosamente os membros da banda eram sempre listados alfabeticamente, dando conformidade ao seu espírito equitativo.
“Entertainment!” é a ponte de inspiração entre a primeira onda punk e o pós-punk, que inclui outros percursores como Birthday Party ou 23 Skidoo.
O seu som experimental era punk-funk, ritmos funk de James Brown alimentado pela dinâmica “raw punk” característica da época. Também as letras politizadas baseadas na vida quotidiana e monólogos existenciais, não eram paralelas às do movimento punk.
As canções de “Entertainment!” são verdadeiros tesouros. “Damaged Goods” é tenso, muscular, com as guitarras distorcidas, e com a voz seca Jon King, é a canção que melhor simboliza a obra dos Gang of Four. Em “Anthrax”, após o feedback inicial, o ritmo funky da secção rítmica acompanha 2 vozes em simultâneo, uma que canta outra que fala, e se é desorientador, ao mesmo tempo torna-se única. E “Not Great Men”, para além de ser também uma das melhores canções do pós-punk, é a base dos primeiros discos dos Red Hot Chili Peppers, segundo os próprios.
Curiosamente sempre influenciaram muito mais a música underground americana, desde The Jesus Lizard, Nirvana ou Jon Spencer, até aos representantes da nova onda pós-punk, como Interpol, Radio 4 ou Liars.