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13 fevereiro 2008

Silje Nes - “Ames Room” (2007 Fat Cat)

A Fat Cat descobriu mais uma sublime e cativante artista.
Esta multi-instrumentista norueguesa decididamente vai buscar a sua inspiração criativa à dramática vastidão natural do seu país. As letras sugerem uma artista imersa no ambiente que a rodeia.
Ouçam as referências a lagos, sapos, e abelhas presentes no tema de abertura, “Over All”, que apesar de poderem sugerir um ambiente infantil, são complementadas por um instinto poético e um arrojado engenho musical.
A música de Silje combina um mundo de uma frágil beleza e intriga caleidoscópica. Existe uma apaixonante nostalgia presente neste “electro-folk”, que sustenta o espírito da experimentação.
Num momento ouvimos xilofones e guitarras acústicas, noutro temos resplandecente electrónica e manipulações de voz. Talvez pelo facto de ter demorado três anos a gravar este disco, seja evidente a presença de tantas influências diversas.
A esplêndida “Drown”, com uma guitarra assombrosa, desolada, o único acompanhamento de uma bela voz, melódica e dolorosamente frágil. “Bright Night Morning” é uma balada rústica, com Silje a aparentemente num estado de exaustão. “Ames Room” é uma canção de embalar “pop”, numa melodia delicadamente silenciosa (relembrou-me Stina Nordenstam), já “Giant Disguise” é um crescendo hipnótico.
Em “Ames Room”, Silje amplifica sons que são miniaturas, de uma forma que as canções parecem estoirar como meteoritos ao atingir o solo.

Silje Nes - Drown

13 setembro 2007

Nina Nastasia & Jim White – “You Follow Me” (2007 Fat Cat)

Desde “The Blackened Air” (2002), passando pelo meu favorito - “Run to Ruin” (2003), até “On Leaving” (2006), a carreira de Nina Nastasia tem sido impressionante.
Agora, e apesar de Jim White já colaborar com ela há vários anos, Nina resolveu gravou um disco admirável a meias com o baterista dos Dirty Three.
A magnificamente suave, mas resoluta voz de Nina, é mais um instrumento a juntar à guitarra e bateria, conseguindo através das várias canções, todos os tons que procura emocionalmente.
Mas a surpresa é o notável trabalho realizado por White na bateria, com mudanças bruscas de compasso e explosões sonoras (realçadas na forma magistral como Steve Albini captura os sons criados), que conferem a cada canção um carácter único.
E esse trabalho serve de base para Nina explorar novos territórios, que tornam as suas canções ainda mais originais. E funciona tão bem que perguntamos porque é ninguém tentou anteriormente uma abordagem semelhante.
As canções abordam o desejo pela pessoa amada. Desencontros e desilusões afectivas.
Ouçam o assombroso “I’ve Been Out Walking”, o doce e hipnotizante “Our Discussion”, o revoltado “Late Night”, e “The Day Would Bury You” uma das mais emocionantes canções do disco.
Um disco incrivelmente reconfortante, que glorifica a vontade de experimentar.