Mostrar mensagens com a etiqueta Morrissey. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Morrissey. Mostrar todas as mensagens

19 janeiro 2010

Do fundo da prateleira # 19 - Clearlake - “Cedars” (2003 Domino)

Depois da excelente estreia com ”Lido”, o atraentemente e simultaneamente sereno e ameaçador “Cedars” foi o segundo disco deste quarteto liderados por Jason Pegg.
Aqui destaca-se essencialmente a capacidade de Pegg escrever melodias assombrosamente harmoniosas, de forma a criar incisivas e despretensiosas canções que aprofundam assuntos raramente explorados desta forma tão “forense” - loucura, morte, frustração, alienação - utilizando um humor bem seco, reminiscente do melhor Morrissey, e encontrando grande inspiração nas mundanas tradições britânicas.
O vigor e a profundidade claustrofóbica de “Cedars” – que inclui canções que oscilam entre a poesia paroquial de “Keep Smiling” e a melancolia cinematográfica de “Wonder If The Snow Will Settle” - conferem um sentimento quase sobrenatural de empatia na “pop” inarmónica da vibrante “Almost The Same”, na espirituosa “The Mind Is Evil”, na glacial e grandiosa “I’d Like to Hurt You”, ou na sombria e intensa “It’s All Too Much”. Estão ainda melhores na inspirada “Treat Yourself With Kindness” (uma canção que simultaneamente nos faz rir e chorar), e terminam maravilhosamente bem com “Trees In The City”.
Um ecléctico e cativante álbum, produzido pelo ex-Cocteau Twins Simon Raymonde, que confirmava o “pedigree” da banda, que na altura chegou mesmo a ser qualificados por muitos como uma das possíveis sucessoras dos The Smiths para o século XXI.
_

10 novembro 2009

Singles # 17 - The Smiths – “Hand In Glove” (1983 Rough Trade)

Apesar de ter sido considerada uma das melhores canções de amor dos últimos tempos, pela altura do seu lançamento, o primeiro single dos The Smiths nunca teve muito sucesso, e nem a insistência de Morrrissey em coloca-lo em inúmeras compilações iria alterar o seu destino. Mas é uma canção que retrata bem a verdadeiramente única relação que existiu entre a banda e os seus fãs.
Apoiada na controversa capa com um nu masculino, e pela sofrida letra acerca de um amor perfeito, que é arruinado pelo pessimismo de um deles e por uma sociedade pejorativa, cantada na assombrosa voz imediatamente identificável, e emparelhada pela cintilante música criado por Johnny Marr, que contava com a cuidadosa duplicação de guitarras eléctricas e acústicas, produzindo um som mais “rock” para o seu primeiro registro.
Curiosamente a versão que Sandie Shaw editou após criar uma amizade com Morrissey, teria muito mais sucesso.
_

15 setembro 2008

Pop # 3 - Orange Juice - “You Can’t Hide Your Love Forever” (1982 Polydor)

Depois de um conjunto de singles para a Postcard, os Orange Juice até já tinham gravado o seu primeiro álbum - “Ostrich Churchyard” - quando assinaram pela multinacional Polydor, mas regressaram ao estúdio com o produtor Adam Kidron, alterando o som mais “garage-rock” do primeiro pelo cintilante “indie-pop” deste. Aqui presentearam-nos com um conjunto de canções cativantes e excitantes, cheias de dilacerantemente belas melodias, que se elevam e exercem o seu poder. Apoiados no crepitar zumbido das inarmónicas guitarras, superiormente lideradas por Malcolm Ross (que tinha abandonado os Josef K), na vibrante batida da bateria de Zeke Manyika e essencialmente em Edwyn Collins com a sua rígida e fora de timbre voz, num estilo inimitável, idiossincrático e unicamente sincero, produziram um som altamente original, por polir, espontâneo, que pegou na intensidade do “punk” e o seu grande idealismo e faculdade de diversão, e fundiu-a com uma romântica sensibilidade lírica e muita alma. Como influências apontam-se várias, Velvet Underground, The Byrds, The Buzzcocks, Television – e também são referenciados como precedentes da similar sonoridade desenvolvida pelos The Smiths (e como obvia influência no som de Stuart Murdoch e dos seus Belle & Sebastian). E só um grande compositor como Edwyn Collins, com as suas letras obliteráveis, tal como Morrissey, visionário, deprimido e levemente cínico, mas inteligente, honesto e credível, poderia abordar as fraquezas do amor e a sua falta de direcção, e criar a pletora de clássicos com a excelência de “Falling and Laughing”, “Satellite City”, “Consolation Prize”, “Untitled Melody” ou a icónica “Felicity”.
Edwyn Collins gravaria posteriormente bons discos, mas foi aqui que revelou o seu génio. Um disco de instantânea e ditosa alegria.
_
Orange Juice - Felicity

10 setembro 2007

Singles # 5 - The Smiths – “How Soon Is Now?” (1985 Rough Trade)

Será sem dúvidas a canção mais famosa dos Smiths (aqui foi-o) que no entanto surgiu primeiro em 1984 como o lado B do single "William, It Was Really Nothing".
“How Soon Is Now?” é uma das canções mais “rock” da banda, com uma sonoridade única, na forma como entrelaça as longas partes instrumentais (inesquecível aquele riff/vibrato de guitarra) com as sublimes partes vocais de Morrissey.
A letra é das mais introspectivas que Morrissey escreveu, treatricamente amarga.
Esta seria a base do som dos Smiths: as melodias de Johnny Marr e as letras de Morrissey, histórias de desilusão, desamor e inadequação aos tempos modernos.
Os Smiths gravaram várias obras-primas, mas nenhuma tão perene como esta.
Um hino da música alternativa dos anos 80.

Video