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13 agosto 2010

My Favorites # 21 - This Mortal Coil – “It’ll End In Tears” (1984 4AD)

Um projecto criado na mente de Ivo Watts-Russell, onde membros de vários grupos da 4AD como Cocteau Twins, Dead Can Dance, The Wolfganf Press ou Colourbox trabalharam conjuntamente para escreverem canções e para realizarem surpreendentes versões de temas popularizados por Tim Buckley, Roy Harper ou Alex Chilton dos Big Star. A perspectiva era intimadora mas funcionou incrivelmente bem e seria um epítome e uma óptima introdução para do som 4AD.
Com tanta gente a trabalhar num disco, é natural que as sonoridades sejam bastante diversificadas. É evidente a diferença entre Howard Devoto a cantar o devastador “Holocaust” (original Alex Chilton) com o seu piano e violoncelo, para a turbulenta guitarra “indie” de “Not Me”, original de Colin Newman dos Wire.
Destaca-se o grande momento mágico, dominado pelos Cocteau Twins, na surpreendente versão, verdadeiramente de cortar a respiração, pela calmante cadência espiritual propositada por Liz Frazer, para “Song To The Siren”, o hino a uma sereia de Tim Buckley. Mas ainda a dolorosamente sedutora “Kangaroo” (original de Alex Chilton) cantada por Gordon Sharp, que nunca conseguiu com a sua banda - CindyTalk – atingir a graça que obteve neste álbum, a assustadora voz hipnótica de Lisa Gerard em “Dreams Made Flesh”, ou o exótico “Barramundi”, obra de Simon Raymond (baixista dos Cocteau Twins) que com a sua natureza obscura cria uma sonoridade verdadeiramente gótica. No entanto, e apesar de todos esses contrastes, cada faixa tem uma ligação estreita. É quase como se estivesse-mos a seguir um caminho espiritual.
Poderá faltar a grandeza do posterior “Filigree and Shadow”, mas este hipnótico e surpreendentemente belo álbum é despojado até ao esqueleto de beleza e tristeza.
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16 setembro 2009

Pop # 7 - Julian Cope – “Fried” (1984 Mercury)

Com “Fried, Julian Cope criou algo quase surrealista e verdadeiramente aventuroso. Recheado de alienação mental e bucolismo britânico, Cope ainda surge cambaleante do imenso turbilhão que foi o final dos The Teardrop Explodes (principalmente excessos de LSD e o colapso financeiro) e do falhanço do seu primeiro disco a solo, mas tentando não derrocar.
Os introspectivos conteúdos do disco mostram um indivíduo incrivelmente focado, e embora este seja ecléctico, é o invulgar ambiente de tristeza que mantém a coesão do mesmo, mesmo quando este parece estar a sucumbir.
Notáveis canções de pop psicadélico com surpreendentemente belas melodias, surgem entre um conjunto de esotéricos e impenetráveis exercícios acústicos audaciosamente reminiscentes do trabalho a solo de Syd Barrett.
Os resultados são sublimes, evidenciados nas galopantes e ásperas guitarras de “Reynard the Fox”, no gracioso “Bill Drummond Said” (e a sua trémula guitarra), nas acústicas “Me Singing” e “Laughing Boy”, incandescentes com espaço e melancolia (possivelmente influenciado por Tim Buckley), na bizarra explosão de melodia “Sunspots”, e as suas celestiais ondas de teclados, ou nas viciantes e contundentes guitarras de “The Bloody Assizes”.
Para além disso, esta é provavelmente a mais idiossincrásica capa de disco jamais imaginada - onde Cope prostra-se nu debaixo de uma gigante carapaça de tartaruga.
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