Mostrar mensagens com a etiqueta Autechre. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Autechre. Mostrar todas as mensagens

11 agosto 2008

Electronic # 4 - Bola – “Soup” (1998 Skam)

Fui completamente arrasado com a beleza deste álbum, que na altura se revelou uma experiência musical totalmente reconfortante.
Darrell Fitton esconde-se neste projecto que habita o mesmo universo musical de Boards Of Canada, Autechre, Gescom ou Plaid, entre outros. Mas aqui, e ao contrário da química digital de uns Autechre, ou das fantasias caricaturistas dos Plaid, “Soup” toma uma abordagem mais subtil e delicada.
É um disco liberto de muita da ornamentação e processamento tão popular na música electrónica, confiando antes nos formosos arranjos e em puros e calorosos sons.
Notável é a sua capacidade de combinar elementos da música ambiental com as formas mais elementares da música de dança. Ao pegar em modelos da música ambiental como os tradicionais sons de sintetizadores e arranjos de cordas e assentá-los em sólidos blocos estruturais recheados de caixas de ritmos e um vastamente intenso, esplêndido e absolutamente crucial baixo, que cobre tudo o resto como um manto, e assim ricos, dóceis, suavemente melódicos sons servem de base a belas, hipnóticas e futuristas harmonias.
Desde o tremendo e alienado tema de abertura “Glink”, passando pelas soberbas melodias de “Forcassa 3”, e pela desconcertante beleza do épico “Aguilla”, o grande momento do disco.
Um clássico do género, que deverá ser colocado ao lado de “76:14” dos Global Communication, “Music Has The Right To Children” dos Boards Of Canada ou “Music For Airports” de Brian Eno. _

Bola - Aguilla

27 maio 2008

Electronic # 2 - Autechre – “Tri Repetae” (1995 Warp)

O duo britânico Sean Booth e Rob Brown, atingiu o seu pico de inovação estrutural e tonal no seu terceiro disco. (“Tri Repetae ++” é a edição que junta os EP’s “Anvil Vapre” e “Garbage” ao álbum “Tri Repetae”)
“Tri Repetae” é um salto evolucionário das relativamente frias e abafadas melodias modulares de “Incunabula” e “Amber”, para um tortuoso e cibernético “funk”.
Refringentes da sua adoração do “electro” e do “hip-hop” dos anos 80, pelo meio de uma aproximação de ruídos originais e libertos de regras, criaram um dos discos mais importantes do que se tornou a “IDM - intelligent dance music”.
Em “Tri Repetae” fantásticas e estranhas melodias flutuam sobre ritmos tão complexos que só um contorcionista as poderia dançar. Temas como “Leterel”, “Clipper” e “Rotar” dão origem a atmosferas únicas, robustas e completamente desenvolvidas. O mais extraordinário é que mesmo com esta mudança, os Autechre nunca perderam a sua predilecção por uma música fascinante e excepcionalmente agradável.
Os discos subsequentes, “Chiastic Slide” ou “LP5” (anexo um dos meus temas preferidos), contém também muita música igualmente fascinante, mas na altura da sua edição, “Tri Repetae” representou um apogeu.
_

08 maio 2008

DVD # 2 “Warp Vision 1989-2004” (2004 Warp)

Uma compilação para os fanáticos da editora Warp, que ao completar quinze anos de actividade, resolveu editar os vídeos que acompanhavam a promoção dos seus artistas.
A editora ficou conhecida por tentar incorporar a sua inovativa sonoridade também na imagem gráfica dos seus discos e vídeos.
Aqui encontramos desde os pioneiros da electrónica experimental como Sweet Exorcist, L.F.O. ou Nightmares on Wax, passando pelos seguidores como Autechre, Plaid ou Squarepusher, mas também todos os outros artistas que foram passando pela eclética editora como Jimi Tenor, Broadcast, Luke Vibert ou Prefuse 73.
E é interessante assistirmos à evolução da qualidade dos vídeo, desde o primeiro, absolutamente básico que é “Testone” dos Sweet Exorcist (curiosamente realizado por Jarvis Cocker) em 1990, até aos notáveis trabalhos dos Autechre que complementam visualmente a música, como “Gantz Graf” de 2002.
Nestes 32 vídeos o destaque obvio vai para os realizados por Chris Cunningham para Aphex Twin, Squarepusher e Autechre, onde o universo bizarro do primeiro encaixa perfeitamente na electrónica disfuncional dos segundos. Em especial essa deliciosa parodia aos vídeos de hip-hop que é “Windowlicker”.
_

29 abril 2008

Compilação # 1 “Artificial Intelligence” (1992 Warp)

Apesar de John Cale ter popularizado o termo “Artificial Intelligence” no seu álbum de 1985, seria esta compilação da editora Warp a responsável (pelo menos para mim) pelo ressurgimento da música electrónica como uma experiência musical audível, ou se preferirem música de dança para se “escutar”. Iriam rotula-la de IDM – Intelligent Dance Music).
Rob Mitchell e Steve Beckett, fundadores da Warp, andavam atentos e descobriram que existiam muitos projectos musicais de dimensão similares, e decidiram criar um espaço onde pudessem conviver.
É certo que já tinham existido as experiências anteriores dos KLF ou The Orb que criaram um primeiro género de “ambiente house”, e que os artistas aqui presentes foram sem dúvida influenciados pelos Tangerine Dream ou Kraftwerk, mas souberam pegar em todas essas influências e expandiram-nas para criar algo verdadeiramente único.
Apesar das contribuições de muitos dos projectos aqui presentes (maioritariamente sobre a forma de pseudónimos), não serem tão interessantes como os seus trabalhos posteriores, seria desta forma que muitas pessoas iriam contactar pela primeira vez com nomes como Aphex Twin (como Dice Man), B12 (como Musicology), Black Dog (como I.A.O.) ou Autechre. E felizmente todos rapidamente iriam aprender a explorar e potenciar este novo espaço musical através de álbuns notáveis para a Warp.
Independentemente disso, muita da música aqui contida ainda hoje soa moderna e inovadora, especialmente os temas dos Autechre (“Crystal” e “The Egg”), dos I.A.O. (“The Clan”), e o esquecido “Spiritual High” dos UP! (mais uma maravilha criado pelo génio de Richie Hawtin).
Um pedaço de história.