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21 maio 2010

Do fundo da prateleira # 23 - The Nectarine No. 9 – “Received Transgressed & Transmitted” (2001 Beggars Banquet)

Davey Henderson pode nunca ter escrito uma canção “pop” ambiguamente simples – nem mesmo nos WIN, a sua ostensiva tentativa de seduzir o “mainstream”, ele se mostrou incompreensivelmente ambicioso para os gosto das massas - mas o ex-Fire Engines também não é um incorrigível vanguardista.
Este disco é uma imprecisa delícia, do eternamente desvalorizado colectivo formado pelo famoso erudito do “post-punk” de Edimburgo. Cada álbum dos Nectarine No.9 centra-se na capacidade alquímica que Henderson tem em encontrar beleza no caos, enquadrando no processo um bizarro círculo que agrupa Captain Beefheart, Marc Bolan e Charles Bukowski.
“Received Transgressed & Transmitted” evidencia que essa capacidade para encontrar a mais doce melodia através das colagens sonoras do seu grupo só tem melhorado com a idade.
Aqui a formação de três vertentes de guitarra dos Nectarine No.9 é aumentada com a presença do clarinete de Gareth Sager (ex-The Pop Group ) e camadas de desarticulações electrónicas. Considerando que todos exceptuando Henderson e o guitarrista Simon Smeeton vivem em diferentes partes do Reino Unido, a empatia que o grupo demonstra em “Pocket Rainbows” (uma excêntrica abordagem ao “reggae”), na relaxante melodia e no puro prazer de “Constellation of A Vanity” e na beatifica felicidade de “Lazy Crystal” é verdadeiramente notável.
Daqui por 20 anos provavelmente poderão ser tão legendários como os Velvet Underground. Mas é claro que podemos usufruir do prazer já hoje.
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11 fevereiro 2010

Compilação # 6 - The Lines- “Memory Span” (2008 Acute) / “Blood Bank” (2008 Acute)

Tentar perceber porque é que do fértil período do “pós-punk” os The Lines ficaram na obscuridade, enquanto numerosas bandas do mesmo cânone foram redescobertas, é realmente uma grande incógnita.
Mas felizmente, e depois dos Fire Engines e The Prefects, a Acure decidiu remediar a situação ao editar duas compilações que cobrem os anos de actividade da banda de Rico Conning, entre 1978 e 1983 - “Memory Span” (que agrupa “singles”, faixas previamente não editadas e Peel Sessions) e “Flood Bank” (que reagrupa os dois discos originais que gravaram - “Therapy” e “Ultramarine”).
Extremamente imaginativos e focados, criaram um som verdadeiramente ecléctico, ao combinarem a estética “punk” com a música psicadélica, o “funk” e harmonias “dub”.
O resultado é um esparso e inteligente “pop-rock” abrupto e hipnótico, que relembra mas nunca imita contemporâneos como The Soft Boys, XTC, ou Wire.
O facto de terem criado a sua própria editora – Red Linear – fez com que tivessem a liberdade para experimentar e a capacidade de se desenvolverem ao seu próprio ritmo.
Do primeiro disco destacam-se o possível clássico “White Night”, o austero chocalhar de “Cool Snap”, o “disco-punk” de “False Alarm” e “Transit” e a espantosa “House Of Cracks”.
Do segundo, o temerário experimentalismo presente no minucioso “funk” de “Instincticide”, no indolente baixo e na tensa guitarra de “Stripe”, no zumbido electrónico de “Disenchanted”, na jubilosa e oscilante guitarra de “Tunnel Party”, e no arquétipo “post-rock” de “Blow A Kiss”.
Fascinante e essencial.

19 setembro 2008

Tributo # 7 - Josef K

“Young and Stupid” (1990 LTM)
“Endless Soul” (1998 Marina)
“Entomology” (2006 Domino)


Esta banda que leu Franz Kafka, foi uma das mais interessantes e inspiradas do “post-punk”, e extremamente influente no movimento musical escocês, apesar de mais obscura e menos celebrada que os seus contemporâneos Orange Juice, Fire Engines e Aztec Camera.
Liderada por Paul Haig e Malcolm Ross, produziu alguma da música mais sublime do período.
O facto de terem abortado a edição do seu álbum de estreia (“Sorry For Laughing”), por acharem o som muito polido, e que não reflectia o seu espírito, cometeram um pequeno suicídio. Para a história ficou apenas um álbum – “The Only Fun In Town”, este com um som mais forte - editado e vários singles.
Assim talvez a melhor forma de os descobrir, é nas várias sumptuosas compilações, como “Young and Stupid” (1990 LTM), “Endless Soul” (1998 Marina) ou “Entomology” (2006 Domino) (esta última provavelmente a definitiva, e reforçada pela sua bela embalagem). E ficamos com a oportunidade de descobrir pequenos tesouros perdidos de um curta e brilhante carreira, desta inteligente, talentosa e tão à frente do seu tempo.
Criaram um “pop” alternativo precioso, baseados numa agressivamente dinâmica bateria, em contagiantes e abafadas chicoteadas do baixo, em brilhantes harmónicos cheios de reverberação das guitarras e em vocalizações espontâneas e ásperas (relembrando os primórdios dos Echo And The Bunnymen).
Destacam-se principalmente os seus quatro singles editados na Postcard – o electrizante “Radio Drill Time”, o mordaz “It’s Kind Funny”, o desmazelado” “Sorry For Laughing” e o discordante e lamentoso “Chance Meeting” – mas ainda temos mais momentos arrebatadores no épico “Revelation”, na subtileza de “The Specialist”, em “Sense of Guilt” (e as similaridades com Joy Division), em “The Angle”, no “funk” musculado de “Heart of Song”, ou no refinado “Heaven Sent”.
É verdade, e muita gente já o afirmou, mas é extremamente evidente que foi aqui que os Franz Ferdinand vieram tirar as suas ideias. Mas também são claros os vestígios que encontramos nos The Wedding Present e Interpol.
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