
As canções eriçam-se, sempre a transbordarem de ritmos africanos, através de melodias e estruturas invulgares, melódicas decorações “pop”, “loops” e efeitos, e acompanhadas por letras incoerentes proferidas por Byrne, que soando agitado, exulta inquietação e desconforto. Como complemento extra, um conjunto de ilustres convidados, adiciona excelência, na forma inventiva de tocar guitarra, Adrian Belew ou trompete, Jon Hassell.
A primeira metade do disco é altamente excêntrica, uma mutação de “punk", musica tradicional africana e “funk”, e é impressionante pela sua coerente energia. As galopantes polirritmias de “Born Under Punches (The Heat Goes On)” é a melhor maneira de começar um disco. Segue-se a substimada “Crosseyed and Painless”, a complexa “The Great Curve” (que possui um dos melhores harmonizadores de refrão), e a profética “Once In A Lifetime”, que com as suas referências ao materialismo que a década bem definiu, acabou por ser um êxito inesperado. A segunda metade tem um carácter mais misterioso e é mais melancólica, chegando a fascinar e a exasperar simultaneamente pela dissonante dispersão sonora. Começa com a intrincada cadência rítmica de “Houses In Motion”, mas as duas últimas composições fecham o álbum com uma tonalidade sombria e volátil. “Listening Wind” é um verdadeiro assombro, enquanto “The Overload” é como se estivéssemos a andar completamente desorientados pelo meio de umas ruínas resultante de alguma catástrofe.
Musicalmente antecipou muita da actual globalização musical ao influenciar músicos de diversos quadrantes.
Um disco que ultrapassa a excelência.
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