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07 agosto 2009

My Favorites # 16 - Lambchop – “Nixon” (2000 Merge)

Kurt Wagner e a sua cada vez maior banda, podem provir de Nashville, mas a sua sonoridade vai muito mais além do que as limitações que essa cidade impôs na música “country”.
Os excelentes “How I Quit Smoking” e “What Another Man Spills” são completados em “Nixon” um disco mais coeso, aonde às fundações sombrias e rurais, continuam a adicionar enfeites “r&b” e “blues”.
Um dos poucos genuinamente sentimentais discos da ultima década, onde se encontram algumas das sonoridades mais melancolicamente purificadas que já ouvi. Está recheado de fantásticos arranjos e melodias luxuriantes delicadamente executadas que incluem ociosas guitarras, secção de sopro e uma vibrante secção de cordas. E se a musica por si só bastava para tornar este disco honroso, temos que acrescentar as infames, excêntricas e singulares letras, aqui no seu máximo de coerência, sinceridade e consciência social, entregues no inquietante e embaraçantemente desamparado “falsetto” de Wagner, muito atmosférico e dócil, e que realmente relembra o eterno Curtis Mayfield.
Destacar uma canção é difícil, mas como favoritas pessoais, enumero a genial “Up With People” (e o seu magistral final), a ilustre “You Masculine You”, a bestial “Grumpus”, “The Old Gold Shoe” ou a enorme “The Book I Haven’t Read”.
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04 abril 2008

Erykah Badu – “New Amerykah Part One (4th World War)” (2008 Motown)

O título do quarto disco de Erykah Badu já indiciava o que deveríamos esperar.
Ambicioso e alienado, é um regresso em força, que ultrapassará todas as ideias e convenções que no passado definiram o chamado “neo-soul”. Pois é um regresso ao genuíno e corajoso “soul” que associamos a artistas como Marvin Gaye, Curtis Mayfield ou Stevie Wonder. Apenas posso acrescentar na actualidade a música realizada por pessoas como Common, Bilal e The Roots.
As suas mensagens surgem quer através de poesia dissimulada, quer através de directos e objectivos comentários, com apimentadas referências sobre política, a sua vida privada, e o estado actual da música “soul” e “hip-hop”, excelentemente difundidos através dos espectaculares acompanhamentos musicais.
Apesar da multiplicidade de produtores que colaboram no disco, este é sempre muito consistente.
Desse grupo de colaboradores que participam no disco, destaca-se a presença do veterano Roy Ayers e do mágico Madlib. Ayers colabora no maravilhosamente bizarro “Amerykahn Promise”, um tributo ao movimento “blaxploitation” dos anos 70. Já Madlib introduz uma ondulação ameaçadora ao atmosférico hino “The Healer (Hip Hop)”, uma tentativa de autobiografia pessoal, onde Badu canta com uma graciosidade e entrega única, mas sempre com um agradável humor. Madlib ainda contribui no jovial “My People”.
Curiosamente a faixa bónus do disco - “Honey” – é também o primeiro single retirado do mesmo. E a sua inclusão como bónus até parece lógica, pois apesar de ser uma excelente canção, não encaixa no contexto do disco.
É certamente o disco menos acessível que Badu já realizou, mas a sua considerável profundidade e solidez, convida-nos a investirmos tempos na sua exploração, e a densa produção assegura que o disco nós trará novas recompensas a cada audição.

Erykah Badu - Honey (Captain Planet Remix)