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30 novembro 2010

Do fundo da prateleira # 25 - Papa M – “Whatever, Mortal” (2001Drag City)

Apesar da sua longa e diversa lista de colaborações em múltiplos projectos, no que toca às suas próprias sonoridades, David Pajo simplifica bastante as coisas e faz música sem preconceitos e sem artifícios
Desprovido de “acordes pop” ou drama narrativo, a atenção dos temas desloca-se para a materialidade do som: a velocidade de um “vibrato” de guitarra, o do deslizar dos dedos nas cordas de metal ou a distância entre as notas de um intervalo. Frases despidas são repetidas lentamente e sombreadas ou alteradas por outros instrumentos, criando teias sonoras, que se entrelaçam entre si.
Música que pode ter uma base “country” e “folk” e um espírito sempre muito americano – a que não são alheias as presenças de Will Oldham, Tara Jane O’Neil e Britt Walford e a omnipresença do banjo – mas que ai muito além, numa fusão das vertentes aérea e terrena que Pajo tem vindo a explorar nos últimos anos. E se “Whatever, Mortal” pode parecer à primeira um disco fechado e obscuro, quando os nossos ouvidos passam por temas como “The Lass of Roch Royal”, “Purple Eyelid”, “Krusty”, “Many Splendorer Thing” ou “Northwest Passage”, para apenas destacar algumas canções, rapidamente nos apercebemos que estamos perante uma obra de arte à leveza e à simplicidade.
Resumindo, música que qualquer mortal irá gostar.
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29 março 2010

Do fundo da prateleira # 21 - Tara Jane O’Neil - “Peregrine” (2000 Quarterstick)

O’Neil tinha sido anteriormente a baixista/vocalista nessa banda de tributo ao Slint, Rodan. Mas este secretamente belo “Peregrine” é muito mais genuinamente “pós-rock” (num sentido não-genérico) do que algo que os Rodan alguma vez criaram.
O título do disco alude à solitária, suspensa qualidade sonora interior: o som de alguma coisa mais, algo verdadeiramente secreto.
Enquanto a música dos Rodan articulava-se no contraste entre as dinâmicas “quiet/loud”, aqui O’Neil pendura-se em esvaziadas harmonizações onde “incorrectos” acordes cristalizam cadências que perfuram pequenos buracos melódicos através das suas canções. Elas embelezam incertas fronteiras circulares que se recusam a permanecer no mesmo local de uma audição para outra.
Os dissolutos, estratificados arranjos das guitarras acústicas, flautas, violinos e piano concedem-lhe uma quase mística atmosfera, e as vocalizações de O’Neil são similarmente carregadas com as mesmas imagens surreais, que estavam presentes em discos como “Astral Weeks” de Van Morrison ou “Red Apple Falls” de Smog.
Mas estas possíveis referências são de todo demasiado limitadoras para qualificar a música, pois o enigmático no entanto sempre intrigante “Peregrine” tenta planear de um modo elusivo para fora do nosso alcance.
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