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11 agosto 2008

Electronic # 4 - Bola – “Soup” (1998 Skam)

Fui completamente arrasado com a beleza deste álbum, que na altura se revelou uma experiência musical totalmente reconfortante.
Darrell Fitton esconde-se neste projecto que habita o mesmo universo musical de Boards Of Canada, Autechre, Gescom ou Plaid, entre outros. Mas aqui, e ao contrário da química digital de uns Autechre, ou das fantasias caricaturistas dos Plaid, “Soup” toma uma abordagem mais subtil e delicada.
É um disco liberto de muita da ornamentação e processamento tão popular na música electrónica, confiando antes nos formosos arranjos e em puros e calorosos sons.
Notável é a sua capacidade de combinar elementos da música ambiental com as formas mais elementares da música de dança. Ao pegar em modelos da música ambiental como os tradicionais sons de sintetizadores e arranjos de cordas e assentá-los em sólidos blocos estruturais recheados de caixas de ritmos e um vastamente intenso, esplêndido e absolutamente crucial baixo, que cobre tudo o resto como um manto, e assim ricos, dóceis, suavemente melódicos sons servem de base a belas, hipnóticas e futuristas harmonias.
Desde o tremendo e alienado tema de abertura “Glink”, passando pelas soberbas melodias de “Forcassa 3”, e pela desconcertante beleza do épico “Aguilla”, o grande momento do disco.
Um clássico do género, que deverá ser colocado ao lado de “76:14” dos Global Communication, “Music Has The Right To Children” dos Boards Of Canada ou “Music For Airports” de Brian Eno. _

Bola - Aguilla

14 julho 2008

Minilogue – “Animals” (2008 Cocoon)

Um surpresa que chega de Malmo na Suécia. Marcus Henriksson e Sebastian Mullaert apresentam-nos um duplo CD (belíssimo “digipack”) – 26 faixas, 154 minutos de música. E apesar de que o título ou a duração do disco, me fizessem pensar nos Pink Floyd ou no rock progressivo dos anos 70, felizmente estamos muito longe.
O disco divide-se em duas partes deliberadamente diferentes, a primeira repleta de vacilantes “bleeps” e “beats”, é uma viagem pelos caminhos do “minimal techno”, reminiscente da segunda geração de Detroit, mas apimentada com temas que desobedecem a esse padrão musical, de uma forma ameaçadoramente inventiva e que fazem com que o disco circule por outros caminhos. Assim temos ecos de “jazz” e “funky-house” em “Loud”, vibrantes ritmos “dub techno” em “Hitchhiker’s Choice” e “electro” em “Giant, Hairy Spiders”. E que chegam a atingir a perfeição no brilhante “33.000 Honeybees” e os seus vigorosos padrões rítmicos.
O segundo disco deveria funcionar como uma suposta peça de música ambiental contínua, que deambula livremente, pois cada estrutura sonora cuidadosamente construída encaixa na próxima, mas que poderiam ter sido realizadas cada por uma diferente banda. Mas aqui o titulo “ambiente” é enganador pois quem esperar “ambient pop” ao estilo de Brian Eno ficará desapontado, pois para todas as longas espirais de sintetizadores ou delicados dedilhados de guitarra acústica, existem complexas melodias que se misturam intimamente com oscilantes “beats” reminiscentes dos Boards of Canada ou dos Global Communication.
Um disco corajoso e aventureiro, sem medo em avançar para novos terrenos, e que será difícil de esquecer.
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