Mostrar mensagens com a etiqueta Miles Davis. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Miles Davis. Mostrar todas as mensagens

09 dezembro 2008

Electronic # 6 - Black Jazz Chronicles – “Future Juju” (1998 Nuphonic)

A palavra “jazz”, mesmo no seu formato mais ”futurista”, leva muitas pessoas a duvidarem, ou mesmo a evitarem tudo o que rodeia a mesma.
Assim quando Ashley Beedle, conhecido pela sua colaboração nos projectos X-Press 2, Ballistic Brothers e Black Science Orchestra, editou o seu primeiro disco a solo, a pergunta foi…seria este um desses impenetráveis, dissonantes e abstractos objectos? (Pois só quem passou 20 anos a meditar profundamente sobre os melhores momentos de Miles Davis é que normalmente é referenciado). Felizmente não. “Future Juju” é provavelmente o melhor trabalho publicado por Beedle. E isso quer dizer alguma coisa.
Obviamente bastante enraizado nas raízes da história da música negra e nas invocações dos anos 70, mas nunca excluindo as tendências actuais. O que retira do “jazz” é uma terrível atmosfera de antigos ritmos tribais, de jogos de percussão africana, de rituais “voodoo” representados para uma nova era digital. Começa e acaba com um melodioso solo de piano, mas o que se encontra entre essas faixas é um disco que nos transporta desde uma noite em Marrakesh até a um amanhecer em Kalahari. A falta de intervalos entre os temas, previne uma exploração “faixa-a-faixa”, razão suficiente para dizer que “Future Juju” situa-se entre os discos de Kirk Degiorgio para a Mo’Wax e os cantos hipnóticos de Fela Kuti (a cuja memória o disco é dedicado), entre o “funk” electrónico de Carl Craig e os místicos cânticos de louvor ao espaço de Sun Ra.
Não é uma viagem difícil, mas uma que revela mais contornos escondidos com cada audição.
Afrocêntrico, excêntrico, e deslumbrantemente ecléctico.
_

11 outubro 2007

Yesterdays New Quintet – “Yesterdays Universe” (2007 Stones Throw)

Possivelmente este será o melhor disco dos YNQ, onde Otis Jackson Jr., ou melhor, Madlib, prova que é um dos mais imaginativos músicos/produtores da actualidade, pela forma brilhante como ao assimilar o imenso leque de conhecimentos/influências cria verdadeiras obras-primas.
Este último disco é uma “pseudo-compilação” criada pelos vários membros da banda, que aparecem disfarçados em curiosos alter-egos.
Uma salutar colisão entre o passado e o futuro, onde teclados Rhodes e “turntablism”, “vibes” e “beats”, fazem mais do que recriar um estilo de música. É a passagem de testemunho do som “mellow jazz funk” praticado nos anos 70 por editoras como a CTI, para o século XXI, o nível seguinte.
Madlib cria um “cocktail” musical completamente distinto, ao fundir electro-jazz, funk, swing, e até hip-hop, na forma como aborda clássicos como “Bitches Brew” de Miles Davis, ou os vários originais presentes.
O resultado é um disco sem comparação, que agrupa neste registo vários capítulos da história da música afro-americana.
Só o futuro dirá se estamos na presença de um visionário do nível de John Coltrane, Miles Davis ou Herbie Hancock.