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09 dezembro 2010

Deerhunter – “Halcyon Digest” (2010 4AD)

Bradford Cox, desde sempre se aventurou regularmente em direcções musicais completamente novas, mas sempre conseguiu ficar completamente consistente, sonoramente reconhecível e sempre demonstrou uma notável capacidade de criar fantásticas canções “pop”.
Divido entre as jornadas propulsoras dos Deerhunter e o docemente sonhador “rock” do seu projecto solo Atlas Sound, as suas ideias continuam a surpreender.
O último dos Deerhunter, será provavelmente menos imediato do que a anterior obra-prima, “Microcastle/Weird Era Cont”, mas “Halcyon Digest” é uma colecção de incrivelmente belas e contagiantes canções “pop”, onde Bradford Cox engloba o núcleo do seu som e todas as suas influências (o ameaçador “psicadelismo”, os “funky drones”, os sonoros congelamentos da mente, e elegante “pop-buzz”) através de sonoridades irregulares e atmosféricas de forma a atingir uma apoteose nesta oferta nebulosa, mas feliz.
Desde o simplista “Earthquake”, com o seu penoso andamento, que desperta o ouvinte para um unificado registo recheados de notáveis momentos estéticos, onde se incluem o saltitante “Don’t Cry, o encantador “Revival”, a florescente excelência de “Sailing”, o estridente “fuzz-pop” de “Memory Boy”, a espiral de linhas de guitarra do melado "Desire Lines", o emproado e surpreendente saxofone presente em "Coronado", o “noise-pop” crocante do mais experimental "Helicopter", até chegarmos aos longos arpejos de fascinantemente amargurada “He Would Have Laughed”, atingimos um universo mágico recheado de histórias honestas e singulares, e onde distintos sons animam estruturas “pop”, em outra obra brilhante na impressionante carreira Cox's. E eu só posso vê-los ficar melhor.
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28 outubro 2010

Women – “Public Strain” (2010 Jagjaguwar)

O disco homónimo de estreia dos canadianos Women, editado em 2008, mostrou muita qualidade com a sua fantástica energia, mas para muitos, o seu nervoso, barulhoso “art-rock” e experimental “pop”, era um pouco pesado no seu casamento entre melodia e abrasão.
“Public Strain” definitivamente não é “Women 2.0”, é mais longo e as maciças ondas sonoras que ainda tentam aperfeiçoar, parecem agora verdadeiramente capazes. Enquanto o primeiro álbum foi coroado com fortes melodias e elevadas, no entanto belas, camadas sonoras, “Public Strain”, tem o seu foco na capacidade de composição e nas firmes melodias, é o som de uma banda a soltar-se e a alargar a sua palete sonora numa muita mais poderosa e coesa visão. Os Women continuam a fugir a uma categorização fácil, e assim é indiferente se os chamarmos de experimentalistas “pop” ou “noisemakers”, uma coisa é clara, o que eles fazem é excelente.
Melodiosos, artísticos e possuindo os impecavelmente cativantes “riffs, soam tentadoramente inovadores e ”refrescantes”, as canções ganham forma através das suas melodias, da impressionante destreza e da intrincada musicalidade da banda, que combina hermeticamente as progressões que soam singularmente livres, nas enormes “walls of sound”.
Eles podem lembrar os Deerhoof ou os Liars, mas o seu “modus operandi” (misturar luz com sombras, “noise” com “pop”) foi praticamente inventado pelos The Velvet Underground. Mas o que é fundamental, é que eles absorveram estas influências, mas sem as imitarem, retirando o que queriam, e destilando-as em algo novo. Ao fazerem isso, eles provam que são uma das mais versáteis e imprevisíveis bandas actuais. E quando chegamos ao épico “Eyesore”, que exibe os variados pontos fortes da banda – a atmosfera dos seus temas “noise”, os “riffs” angulares dos seus números “pop” e aquela pureza “rock” sempre à espreita - só apetece começar a audição novamente.
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01 outubro 2010

Trentemoller – “Into The Great Wide Yonder” (2010 In My Room)

O título do segundo disco de Andres Trentemoller, é sem dúvidas uma referência à libertação das limitações estilísticas da música de dança. Aqui ele maravilhosamente transcende géneros ao apresentar uma ampla variedade de ideias musicais, arranjos e instrumentos, e como tal, é um triunfo indiscutível.
Utilizando uma mistura deliciosa e extravagante de instrumentos, o álbum apresenta guitarras eléctricas, guitarras acústicas, quarteto de cordas, “theremin” e até uma caixa de música, entre muitos outros, criando uma monumental paisagem sonora, simultaneamente psicadélica e cinematográfica.
Aqui Trentemoller surge ambiciosa e elegantemente a experimentar com texturas sonoras mais orgânicas e analógicas, misturando melodias complexas com sons, ritmos e géneros de um alcance mais longínquo, como “pós-punk”, “electro”, “gothic rock” e “surf rock”, mas unindo todos os elementos num fluxo continuo, de tal forma conceitualmente bizarro, que deixa os ouvintes, com poucas opções, para além de se apaixonarem.Além disso, ele coloca muita mais ênfase nas vocalizações ao recrutar numerosos convidados, e assim desde o pensativo “Sycamore Feeling”, passando pelo sinuoso “Even Through You’re With Another Girl”, pelo assombroso “Silver Surfer, Ghost Rider Go”, ou pelo etéreo “Neverglade” (com a participação de Fyfe Dangerfield dos Guillemots), cria um formosamente variado álbum, que facilmente ultrapassa os limites da música electrónica, e sublinha o talento visionário que Andres Trentemoller é.
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14 setembro 2010

Wavves – “King Of The Beach” (2010 Fat Possum)

Nathan Williams fez um álbum que poucos não o consideravam capaz. Pois entre a não existente qualidade de gravação e as encarecidamente apáticas canções, Williams gravou dois corajosos “lo-fi” álbuns num espaço de quatro meses. Mas entretanto muita coisa mudou, desde logo uma oportuna apropriação da antiga secção rítmica de Jay Reatard, e a utilização do estúdio Sweet Tea (propriedade do Dennis Herring, produtor de Modest Mouse, Throwing Muses ou Sparklehorse) que esteve muito longo da realidade do microfone incorporado dentro do Macbook que manipulou as gravações dos dois primeiros discos.
Mas essa transição do quarto solitário para o estúdio profissional poderia ter sido uma prova muito grande para ser superada no sentido de aprimorar as suas habilidades interpessoais e aguçar os danificados ritmos do seu desigual segundo disco.Mas mal o disco começa a tocar, é muito claro que esta não é a mesma banda que criou minutos de inaudível clamor nos registos anteriores. Com uma categórica produção, as canções agora surgem completas, duras como pregos, e os amplificadores viraram-se completamente para o máximo. O próprio Williams está diferente, em “King Of The Beach” encontramo-lo a comutar com a sua capacidade de composição interior (toda a aversão a si mesmo e frenesim adolescente ainda está presente, mas ele parece mais feliz), renunciando ao estático niilismo “lo-fi” a favor da clareza da “alta definição” – assim o álbum está saturado de elevadas harmonias polifônicas, estalados de dedos e palmas. A animosidade das espessas guitarras e da suja bateria de “Idiot”, o impecável 60’s “garage-pop” de “Post Acid”, o “rock” frenético de “Green Eyes”, ou a gentil e espaçada “When Will You Come”, fazem deste versátil e extremamente bem executado registo uma surpreendentemente boa surpresa.
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30 agosto 2010

Foals – “Total Life Forever” (2010 Transgressive)

Depois do ataque declamatório do seu disco de estreia - “Antidotes” - aqui surge uma tranquilidade e uma profundidade de emoções que os Foals nunca antes tinham abraçado.
É evidente uma maior ambição e uma maior maturidade, o que sugere que a prioridade da banda foi racionalizar a sonoridade “indie” mais acessível, que foi de alguma forma criticada no disco de estreia. É certo que as características guitarras encharcadas de agudos ainda permanecem, mas agora elas servem para adicionar sabor ao invés de conduzir as músicas, e também o vocalista Yannis Philippakis melhorou, e o seu emocional e arrepiante desempenho está a quilómetros de distância do seu indiscutivelmente repetitivo uivar do passado. Assim o som global é mais expansivo e a produção mais “calorosa”, eles expandiram consideravelmente a sua gama musical e combinaram todas as suas forças, mas raramente soam previsíveis.
Destacam-se a pálida e límpida “Blue Blood”, que lentamente acumula vigor antes de explodir num coro glorioso e num duplo serpentear de guitarras, e “Spanish Sahara”, que é inicialmente paciente e metódico, sendo os elementos adicionados gradualmente de forma a refazerem uma completamente satisfatória construção rítmica. Mas ainda temos as delícias “pop” de “Miami”, as texturas sensuais de “Black Gold” e “2 Trees”, a arrojada escultura melódica de “Total Life Forever”, as cintilantes guitarras e as camadas atmosféricas de sintetizadores de “This Orient”, as belíssimas melodias de “Alabaster” ou a simplicidade tribal de “What Remains”.
É pois a ambiguidade de estilos, e a insistência em levar o ouvinte ao longo de uma intensa viagem, que faz de “Total Life Forever” uma declaração de intenções infinitamente interessante.
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15 junho 2010

The Black Keys – “Brothers” (2010 V2)

Depois de terem trabalho com o produtor Danger Mouse no seu último disco, o duo de Ohio - Dan Auerbach e Patrick Carney – aventuraram-se corajosamente no legendário estúdio Muscle Shoals em Alabama, e se ao longo dos anos, eles sempre procuraram novas formas de actualizar o seu indistinto “roadhouse-blues”, e sempre tentaram diferenciar cada álbum do anterior, “Brothers” é mais um bom exemplo desses pressupostos, pois é uma totalmente comprometida, feroz e emotiva exploração do “blues” contemporâneo, repleto de “old school rock”, e cheio de detalhes intrigantes e imaginação.
E se o excitável e cintilantemente “funky” “Tighten Up” é um dos grandes temas do disco, é também a única produção de Danger Mouse no mesmo, pois uma das mais-valias do álbum é o estilo de produção simples (eles parecem ter aprendido isso com Danger Mouse, juntamente com a introdução de novos elementos sonoros) e são os precisos instintos de Auerbach e Carney, que aliados à excepcional capacidade de composição, fazem com que os grosseiros “blues rockers” e os crus “soul grooves” sejam apresentados através de esqueléticas misturas que permitem aos instrumentos e às vocalizações espalharem-se.
Através da intensidade torcida e do trémulo “falsetto” de “Everlasting Light”, do “riff” “heavy rock” de “Next Girl”, do agitado “Howlin’ For You”, do rodopiante orgão de “The Only One”, do “vintage” “r&b” de “Too Afraid To Love You”, da fumegante guitarra de “Ten Cent Pistol”, do rastejar lento de “Unknown Brother”, da respeitosa versão de “Never Gonna Give You Up”, ou do encantador e subjugado “These Days”, “Brothers” é um agradável, diversificado e inteligente estudo de géneros que combina perspectivas clássicas e contemporâneas do “blues”, “rock”, “soul” e “r&b”.
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14 maio 2010

The Besnard Lakes - “The Besnard Lakes Are the Roaring Night” (2010 Jagjaguwar)

Os canhões, o fogo e o céu vermelho presentes na capa do terceiro disco do grupo de Montreal são um claro indicador do que se encontra no seu interior.
Mais ritmado e imediato do que o anterior “The Besnard Lakes Are a Dark Horse”, onde tinham brilhantemente estabelecido a ambiciosa combinação entre “pop” orquestral e “guitar-heavy rock” (e que muitos mais milhares de grupos também tentaram sem sucesso fazer), aqui a mistura desses aparentemente incompatíveis estilos é ainda mais transparente e refinada.
Além disso eles realmente parecem ter retirado os seus fundamentos de bases mais distantes, e o seu majestosamente intenso “rock psicadélico” carregado de reverberação é bem alimentado por guitarras que sugerem influências tão díspares como Hawkwind ou Godspeed You! Black Emperor, mas também revelam uma real leveza de carácter.
O álbum é cintilantemente lúcido, demonstrando que eles obviamente estão no seu elemento, e tal como os discos anteriores, é um registo que funciona como um todo e que garante uma plena e ininterrupta audição do início ao fim, pela forma como as canções se fundem maravilhosamente nos seus ambientes circundantes.
Assim o voluptuoso épico “Like The Ocean, Like The Innocent, part II - The Innocent”, é edificado de uma forma que eleva a guitarra psicadélica e as maravilhosamente atmosféricas harmonias (aqui denota-se uma inspiração de Neil Young), a beleza etérea de “Chicago Train”, começa com as perfeitas harmonias bem ao estilo The Beach Boys por cima de um delicado sintetizador até que por volta do meio da música esta muda bruscamente para uma engrenagem em crescendo de reverberação e volutas vocalizações, o brilhante “Albatross” combina a deslumbrante voz de Olga Goreas com enormes “drones” de guitarra como pano de fundo, invadindo o território “shoegazing”, e a cintilante “Land Of Living Skies” contrasta as grandes camadas de ondulantes guitarras com as vocalizações espectrais.
Quase que posso garantir que não irá fazer o mesmo ruído que “…Are a Dark Horse”, mas estamos na presença de um álbum definitivamente forte e mais inequívoco que o anterior.
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30 abril 2010

The Album Leaf - “A Chorus of Storytellers” (2010 Sub Pop)

Os calmantes “drones” electrónicos e as suaves melodias que podemos esperar de um disco dos The Album Leaf continuam presentes neste último registo, mas agora e através da utilização de uma verdadeira banda, Jimmy LaValle foi capaz de expandir a sua sonoridade com resultados extremamente gratificantes.
Assim, e ao invés da utilização de “overdubs” das suas próprias performances, cada faixa apresenta o tipo de vibração resultante das colaborações, uma mais impulsiva criatividade que respira vida nas mini obra-primas de lenta combustão.
Existe aqui muito mais paixão e imaginação e uma real consistência. Certamente o facto de terem passado algum tempo com os Sigur Rós, quer na estrada, quer em estúdio, foi responsável por nutrir aos The Album Leaf um “upgrade” na sonoridade “lo-fi” para um som épico. O disco foi gravado em Seattle mas foi remisturado na Islândia por Jón Birgisson e parece beneficiar nesse sentido.
Desolado mas ainda assim reconfortante, inclui o tipo malabarismos de géneros e uma serenidade que é ao mesmo tempo totalmente audível e irresistivelmente atraente.
E sendo verdade que o disco possui uma decente quantidade de contribuições vocais – com destaque para a presença de Pall Jenkins dos Black Heart Procession – ainda são as deslumbrantes melodias e as sonoridades estratificadas que falam mais alto.
Destacam-se a melodia hipnótica de “There Is A Wind”, a “glitch no entanto serena “Within Dreams”, as delicadas sensibilidades “pop” de “Falling From The Sun”, o grande instrumental “Stand Still”, e a glacial no entanto calorosa “Summer Fog”.
Esta nova ambição que encontramos em “A Chorus of Storytellers”, terá levado os The Album Leaf possivelmente à sua melhor execução, mas a sua gentileza e decoro são tão consistentes que este é um disco que procura e requer o máximo de atenção.
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15 março 2010

The Soft Pack – “The Soft Pack” (2010 Kemado)

O disco de estreia destes “punks minimalistas”de San Diego, é uma boa prova que eles não pretendem ser mais uma “banda do momento”.
É bem visível que não estão interessados em seguir o já extenuado caminho do revivalismo “garage-rock”. Eles apenas tentam ser eles próprios, e sonoramente nunca soam como um lugar-comum mas sim excitantemente frescos, ao combinam uma rara mistura de “garage-rock” e espírito “punk-rock”.
É verdade que estão presentes os afiados “pop riffs”, e que as suas influências podem ser claramente identificadas (não consegui deixar de reparar que incorporam brilhantemente o fragor de uns The Replacements), mas tentaram manter as suas influências “punk” e apenas misturam-na com um pouco do “pop” luminoso que desde sempre brotou da sua nativa Califórnia. Destacam-se pela bruscamente eficiência das guitarras – ruidosas, jubilosas, desarticuladas, tal com os The Kinks outrora fizeram - e pela secção rítmica que mantém as coisas ordenadas.
Mas não se enganem, a sonoridade bem ritmada é balançada pelo sombriamente cínico lirismo constante ao longo do disco. Ajudadas pela desligada entrega do vocalista Matt Lamkin, as canções possuem uma qualidade que as impede de soarem alegres e risonhas, e mantêm as firmemente plantadas algures entre uma apática e congestionada insanidade.
Desde a potente e enérgica, mas melódica “C’mon”, passando pelo pesado dedilhar das acústicas guitarras de “Down On Loving”, pela discordante e feroz “Answer To Yourself”, pela visceral “Move Along”, pela sofisticada e encharcada de reverberação “More Or Less”, pela sinistra “Tides of Time”, pela arrebatadora, saltitante e agressiva “Flammable”, ou pelo demente” lap-steel” presente na hipnótica e perturbadora “Mexico”, estamos na presença de um louco e muito particular cocktail musical.
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03 março 2010

Spoon – “Transference” (2010 Merge)

Depois do seguro “Ga Ga Ga Ga Ga”, Britt Daniel e Jim Eno regressam ao modo exploratório e à perfeita destilação do seu cuidadosamente construído minimalista som, que a banda de Austin vem aperfeiçoado nos seus mais de 15 anos de carreira - ritmos fortemente uniformes, ocasionais explosões de guitarra e as desvirtuadas vocalizações do ligeiramente rouco Daniel - como é visível em “Is Love Forever?”, “Who Makes Your Money”, “Written In Reverse” ou “Got Nuffin”, todas muito ao estilo clássico dos Spoon.
Mas eles não se acomodam aos velhos hábitos, e apesar de “Transference”, não ser uma reinvenção, eles experimentam com texturas sonoras e estados de espírito. Assim em canções como “Out Go The Lights”, “Goodnight Laura” ou “Nobody Gets Me But You”, Daniel surge num modo experimental, procurando novas ideias, e utilizando a imperfeição para sublinhar o seu já estabelecido glossário sonoro. Abandonando a subtil abordagem do estúdio de gravação como um instrumento, eles já não soavam assim tão ásperos desde o minimalismo estéril de “Kill The Moonlight”.
Mas como acontece com os álbuns é quando se juntam todas as partes que a verdadeira magia acontece, aqui resultando numa colecção de melódicos fragmentos e inesperadamente agradáveis reviravoltas, pois “Transference” acentua a antagónica reciprocidade entre os instrumentos, algo que sempre potenciou e fundamentou a música dos Spoon.
Mais austero que os seus predecessores, mas equitativamente desconexo, “Transference” é verdadeiramente desafiante, sendo uma afirmação de maturidade, que conduz a novos níveis a mesma intensidade e elusividade que transmitiram nos discos anteriores.
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Spoon - Written In Reverse (link eliminado pela DMCA)

28 janeiro 2010

Vampire Weekend - “Contra” (2010 XL)

Os atípicos Vampire Weekend desde o seu disco de estreia que cativaram uma boa quantidade de fãs e antipatias.
Isso deveu-se essencialmente e simultaneamente pelo facto de ao terem extraído toda a permutabilidade das melodias e ritmos instituídos nos principais elementos da música Africana, com uma jovialidade e um aparato habilidoso, fez com que o mesmo fosse considerado como um acto pretensioso realizado por um bando de miúdos universitários privilegiados.
Mas a sua música - executada com precisão e inspiração - é meritória do “hype” que geram.
Mais uma vez produzido pelo teclista Rostam Batmanglij, “Contra”, é mais complexo e variado, mas menos imediato do que o seu antecessor. Aqui o quarteto liderado por Erza Koenig inventou novas formas de recriar o que tinham feito anteriormente. Existem menos guitarras, e mais “samples”, muitos sintetizadores, várias espaçosas orquestrações e mais efeitos de estúdio que realçam o seu som. As influências africanas ainda estão presentes, mas agora incorporam o “dancehall”, “reggae”, e o “ska”. E assim, cada impecavelmente meticulosa composição é uma inventiva experiência rítmica cultural.
Seja no sereno matraqueado piano, evocativo dos Konono Nº1 de “Horchata”, no ruído arrastante de “White Sky”, na incorporação do “ska” em “Holiday”, no cintilante piano e nas luxuriantes orquestrações de “Taxi Cab”, na frenética “Cousins”, no “electro-rock” presente em “Giving Up The Gun” ou na delicada e melancólica “I Think Ur A Contra”, o exótico “Contra” confunde e encanta, e os “antipatizantes” estão a perder algo brilhante.
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