
Na edição original em vinil existia uma clara divisão entre os lados. No primeiro tínhamos uma reflexão sobre as disparidades entre a realidade e a imagística. Aqui estavam contidas as excêntricas melodias e os hipnóticos “beats” que estão presentes na brilhante beleza da ondulante “Europe Endless”, nas misteriosas e deslocadas vocalizações da glacial “The Hall Of Mirrors” e na sombriamente cómica “Showroom Dummies”.
O segundo lado era dedicado a uma possível recreação auricular duma viagem intercontinental de comboio através da Europa – começa com “Trans Europe Express”, que se desenvolve em direcção às colagens sonoras de “Metal On Metal” e na magnificente melodia de “Franz Schubert”, a mesma melodia de “Europe Endless”, mas transformada lentamente como uma pintura sonora em evolução.
A ausência de qualquer particularmente sólido conteúdo lírico, efectivamente serve para tornar a consistentemente memorável música mais aprazível e permite-a dominar todo o disco.
A sua combinação de ritmos mecanizados e minimalistas com melodias contagiantes, seria uma influência enorme e um estímulo para inúmeras bandas britânicas, como os The Human League ou os Cabaret Voltaire, entre outras, utilizarem mais os sintetizadores (convém relembrar que o disco saiu no mesmo verão de “Never Mind The Bollocks” dos Sex Pistols), e iriam ser um dos maiores fornecedores de “samples” para a comunidade afro-americana dos grandes centros urbanos dos Estados Unidos (não esquecer que Afrika Bambaataa “samplou” “Trans-Europe Express” para o seu seminal “Planet Rock”). E se poderíamos pensar que o disco soa datado presentemente, a música resiste ao passar dos tempos, e ainda permanece verdadeiramente atmosférica hoje.
_