02 abril 2008

Rock # 3 - The Monks – “Black Monk Time” (1966 Polydor)

Reza a história que cinco militares americanos foram para a base de Gelnhausen na antiga Republica Federal Alemã em 1963. Após terem sido exonerados, aventuraram-se na emergente cena “beat” alemã.
Chamaram a atenção porque se vestiam como monges, sempre de negro, com o cabelo a condizer. E com o seu disco de estreia, editado na Alemanha pela Polydor, criaram um dos discos mais estranhos de sempre.
“Black Monk Time” foi o ano zero para a “selvajaria” rock. Era música “punk” repetitiva e brutal, com referências ao ódio e à guerra - letras completamente alienadas, de como odiavam as namoradas e o Vietname, quando a onda “peace and love” estava no seu auge, e as polémicas posições anti-guerra ainda estavam a dois anos de distância.
Adicionalmente ao tradicional conjunto de instrumentos das formações clássicas (guitarra, baixo, bateria), adicionaram o órgão e o banjo. E o banjo agita toda a ferocidade musical, acompanhando o pulsante órgão, a bateria tribal, as guitarras frenéticas, e as letras venenosas que gritavam.
Aqui não há momentos de descanso, desde o explosivo “Monk Time” (onde acidentalmente descobriram o “feedback”), passando pelo constantemente contraditório “Drunken Maria”, pelo irreal “Higgle-Dy Piggle-Dy”, ou pelo repetitivo “Oh How To Do Now”.
Apesar de terem sido creditados diversas vezes como percursores da rebeldia do “punk” (a sugestão de que os The Monks estavam dez anos à frente dos Sex Pistols e dos The Clash, sugere que a sua musica é similar ao “punk-rock” dos ano 70, o que não é o caso, apesar de terem a mesma intensidade, o som diverge imenso) e das batidas hipnóticas do “krautrock”, com a edição em CD, já na década de 90, deste disco, e com o apoio dado por bandas como The Fall, Henry Rollins Band e Jon Spencer Blues Explosion, chamaram a atenção de um público mais novo, para o seu perfurante e primitivo “rock’n’roll”.
Um disco bizarro, mas essencial para quem aprecia ou pretende descobrir mais sobre o “garage-rock”/”punk-rock” dos anos 60.

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