20 janeiro 2009

Grouper – “Dragging A Dead Deer Up A Hill” (2008 Type)

Grouper é o projecto muito pessoal da enigmática Liz Harris. E se os primeiros discos, desta originária de Portland, eram mais baseados em “drones” de guitarra e muito mais abstractos, neste terceiro, onde ainda continuam presentes os murmúrios minimalistas, existiu uma expansão e desenvolvimento sonoro, onde Harris reduziu a quantidade de distorções e introduziu muitos mais rudimentares dedilhados de guitarra acústica que permitiu tornar a sua voz mais límpida.
Um disco introspectivamente melancólico calorosamente emocional que merece grande elogio e atenção – pela utilização de delicadas estruturas sonoras baseadas nas arrepiante mas serenas e ininteligíveis vocalizações e nas assombrosas mas calmantes guitarras carregadas de efeitos sobre arrebatadores “drones” ambientais.
Apesar da presença única de Harris na guitarra e vocalizações, ambas são multiplicadas, causando uma ressonância das mesmas, tornando estupendamente rica a atmosfera sonora, e dando ao disco uma estranha e inexplicável coesão. E apesar do seu perturbador titulo e da arrepiante fotografia da rapariga com o chapéu preto na capa, existe uma grande profusão de beleza evidente em canções como a absolutamente fabulosa “Heavy Water/I’d Rather Be Sleeping”, a excelentemente construída “Disengaged”, a assustadora “Invisible”, as atmosféricas “Wind And Snow” e “Tidal Wave”, ou a ritmada “Fishing Bird”.
Uma “pop-drone” experimental onde as comparações com Cocteau Twins podem justificar-se pelas sedutoras vocalizações de Harris, mas a sua atmosférica temerosa e as dissonantes harmónicas “folk” relembram também o trabalho de Andrew Chalk.
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