08 maio 2009

Bill Callahan – “Sometimes I Wish We Were An Eagle” (2009 Drag City)

O seu segundo registo sobre nome próprio depois do estilisticamente disperso e liricamente relaxado, “Woke On A Whaleheart”, é um regresso ao temas parcialmente sombrios e à suave monotonia da sua prestação como Smog, após uma breve experiência com a felicidade, conforme ele próprio afirma no dolorosamente belo semi-autobiográfico “Jim Cain”: “I used to be darker, then i got lighter, then i got dark again”.
Aqui descobrimos o seu autor muito concentrado em torno de um despojado “alt-country pop” carregado de luxuriantes e concisos instrumentos de corda. Tal como na incarnação Smog, usa narrações na primeira pessoa, mas agora vivifica as atribuladas histórias com sentimentos admiravelmente fortes. Parece que ele está a falar directamente connosco, recontando sórdidas histórias de dor e conhecimento. A sua famosamente seca voz soa amplamente desenvolvida e demonstra muito mais desprendimento e maturidade como músico/compositor – a refinada palete musical é tornada muito mais transparente pela cristalina produção, muito distante do rude lo-fi, de discos como “Julius Caeser” ou “Wild Love”.
O ouvinte é convidado para inúmeros momentos transcendentes como na profundamente sincera, docilmente galopante “Eid Ma Clack Shaw”, na agridoce “The Wind And The Dove”, na dramática “Too Many Birds”, na sinistra indolência de “My Friend”, na intimidadora “All Thoughts Are Prey To Some Beast”, no desorientado instrumental “Invocation Of Ratiocination”, até fechar ao delicado fecho com o arrebatador anti-épico “Faith/Void”. Fazendo com que este disco seja o culminar da sua singular e astuta narrativa e encantadora entrega.
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2 comentários:

Hug The DJ disse...

arrisco dizer, disco do ano!!

O Puto disse...

Neste disco ele está em grande e em todos os aspectos.