
Brilhantemente desalinhado, explosivo, sujo e cru, para além das reflexões mais delirantes dos Sonic Youth, esta sonoridade era basicamente inédita na época. É uma soberba mistura da melhor capacidade de composição, de letras loucas e perturbadoras, de guitarras abrasivas e de uma melodia verdadeiramente impressionante.
Black Francis surge aqui mais psicótico do que nunca, as suas vocalizações alternam entre gritos e pensativas reflexões, Joey Santiago continua a provar que é um dos mais subestimados guitarristas de sempre, e o estrondoso rufar de David Lovering dá às músicas uma qualidade superlativa.
Tal como os Velvet Underground, os Pixies sempre tiveram os seus lados mais abrasivos e mais suaves, e foram capazes de os demonstrar num registo único, e muitas vezes dentro da mesma música.
Este é o mais resoluto, áspero e agudo disco, menos filtrado, as canções são editadas para eliminar qualquer nota que não seja absolutamente necessária – isto claro obra de Steve Albini – e assim elas surgem brutais, com guitarras altamente distorcidas e letras sobre incesto e injúrias, mas no entanto são bastante cativantes e melódicas.
Desde o soco inicial dado pelos clássicos por excelência, o enlouquecido e desafiante “Bone Machine” e o rápido e furioso “Break My Body”, passando pela deliciosa interpretação de Kim Deal em “Gigantic” (um assombroso e assustador hino sobre o voyeurismo infantil), pela excelentemente intensa “River Euphrates”, ou pela arrepiante beleza do inesquecível “Where Is My Mind?”, o clímax do álbum, e uma das melhoras músicas dos anos 80.
Um grande disco que provou ser massivamente influente em praticamente todas as futuras áreas do rock alternativo.
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