13 agosto 2007

Extremos # 1 - Naked City – “Naked City” (1989 Nonesuch/Elektra)

Um dos discos que mais me surpreendeu aquando da sua edição em 1989. As primeiras audições foram brutalmente surpreendente, pois do pouco que conhecia do trabalho de Zorn (essencialmente “The Big Gundown”) não esperava nada disto.
Trata-se de um estimulante projecto do multifacetado saxofonista John Zorn, acompanhado pela fina-flor dos músicos nova-iorquinos: Bill Frisell, Fred Frith, Wayne Horvitz, Joey Baron; e com a colaboração do vocalista Yamatsuka Eye dos Boredoms, cujo objectivo inicial era testar os limites da composição e da improvisação com uma banda de rock tradicional.
Dessa forma a música presente no disco incorpora elementos tão diversos como o free-jazz ou o punk-rock.
Assim o disco inclui uma notável reinterpretação de “Lonely Woman” de Ornette Coleman, alucinantes versões de temas de filmes clássicos como “The James Bond Theme”, “Chinatown” ou “A Shot In the Dark”, e inclusive puros exercícios de hardcore-rock, próprios para fãs dos Napalm Death ou Carcass (com quem chegaram a partilhar os palcos), como em “Speedball” ou “N.Y. Flat Top Box”, onde Yamatsuka Eye parece estar possuído.
No entanto a maioria dos temas são imprevisíveis originais, onde são evidentes também as qualidades de compositor de Zorn, que se destacam em “Saigon Pick-Up”, onde vão variando de estilo e “tempos”, mas conseguem-se manter perfeitamente consistentes.
Totalmente diferente do seu trabalho posterior com o projecto Masada, não é um disco para ouvidos e corações frágeis. Excitante, mas assustador.

3 comentários:

Anónimo disse...

sinceramente acho John Zorn uma figura importante, com bastante talento e sempre que mete o dedo em colaboração com outras bandas vale a pena ouvir, pq normalmente são projectos alternativos interessantes... mas não consigo gostar dos seus trabalhos, muito extremistas e demasiado abstractos. Este "naked city" penso que já ouvi e não consegui gostar, enfim... Mas gosto de Amon Tobin/Mike Ladd ou The Orb, são gostos :)

Shumway disse...

É verdade, o Zorn sempre consegue surpreender, mas não são sons fáceis de assimilar.
O que eu mais admiro é a sua continua capacidade de experimentação.

O Puto disse...

Este disco é um mundo, com as suas inúmeras faixas.